Desde 2007, a empresa monitora ventos no Ceará, com o objetivo de desenvolver projetos para geração
Com uma participação ainda incipiente no mercado de energia no Brasil - 5% na distribuição e apenas 1% na geração -, o Grupo Endesa, controlador da Companhia Energética do Ceará (Coelce), já olha com atenção o potencial que representa o território nacional para futuros investimentos. No rol de oportunidades, a produção de energia eólica ganha destaque, com o Estado na mira dos projetos, segundo apurou com exclusividade o Diário do Nordeste.
De acordo com André Moragas da Costa, da Diretoria de Comunicação e Relações Institucionais, a Endesa já mantém, desde 2007, 15 torres de medição de ventos no estados do Ceará, do Rio Grande do Norte e do Rio Grande do Sul. Diariamente, técnicos da companhia fazem o monitoramento nessas localidades, com o objetivo de desenvolver projetos para geração deste tipo de energia complementar, tendo em vista os leilões de energia eólica promovidos no País.
"O mercado de distribuição já está consolidado. Dessa forma, crescer nesse segmento só ocorreria por meio de fusão ou aquisição de outras empresas, o que é mais difícil. Porém, no caso do mercado de geração, são vários os projetos de energia nova, estimulados pelos leilões promovidos pelo governo federal", destaca.
Mercado promissor
O que coloca o Brasil, afirma da Costa, como o País com as maiores oportunidades de crescimento para a empresa, pois além do estímulo ao setor, a Endesa ainda detém baixa inserção no mercado de energia nacional - 5% na distribuição e apenas 1% na geração -, diferentemente dos demais países da América do Sul nos quais a companhia também atua, onde atinge índices superiores a 30% em ambos os segmentos. Isto, apesar de o Brasil concentrar, atualmente, 25% dos ativos da Endesa em toda a América Latina.
Na mercado chileno, a Endesa detém 35% na distribuição de energia e 34% na geração. No Peru, a proporção chega a 21% e 33%, respectivamente. Já na Colômbia a empresa se destaca com 15% na distribuição e 22% na geração. Enquanto que no mercado argentino ela participa com 15% e 22%, nessa ordem.
Perfil
No mercado brasileiro, além da Coelce, a Endesa é detentora da Ampla, no Rio de Janeiro; da Endesa Cachoeira, em Goiás; e da Endesa Cien, no Rio Grande do Sul. A companhia, holding pertencente à espanhola Endesa, foi criada em 2005 para administrar os negócios de distribuição, geração, transmissão e comercialização da energia no País. Na área de distribuição, com as empresas Ampla e Coelce, ela atende a um total de 15 milhões de pessoas nos Estados do Rio de Janeiro e do Ceará. Atualmente, 92% do capital do Grupo Endesa pertence à italiana Enel, que desde 2007 já era acionária da companhia, à época juntamente com a Acciona, com os 8% restantes pulverizados entre outros acionistas.
Atuação
Em geração, por meio da Endesa Fortaleza e da Endesa Cachoeira, a companhia possui capacidade de 1.004 MW de energia. Em transmissão, ela atua na conexão de 2.200 MW entre Brasil e Argentina, feita pela Endesa Cien. Ao todo, a Endesa Brasil possui 16.709 funcionários diretos e colaboradores.
No caso da unidade cearense, a capacidade instalada é de 346,63 MW, o suficiente para o fornecimento de 1/3 da energia consumida em todo o Ceará. Localizada entre Caucaia e São Gonçalo do Amarante, a empresa está abrigada dentro do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Em 2009, a termelétrica gerou 528,64 GWh de energia totalizando receita bruta de R$ 664,2 milhões e lucro líquido de R$ 254,7 milhões. Neste ano, só nos três primeiros dias de agosto, a geração já atingiu 168 MW médios.