Em época de Inteligência Artifical em alta, a consultoria especializada em inovação Troposlab trabalha com o conceito de que tecnologias são commodities e a execução é o que faz diferença
Redação TN Petróleo/AssessoriaUma das principais escolas de administração do mundo, a suíça University of Lausanne, ranqueou o Brasil em 59º em uma lista anual de competitividade de mercado composta por 63 países. Alguns dos fatores que tiraram pontos estão diretamente ligados com o atraso da inovação brasileira. Isso é algo que, felizmente, algumas empresas já estão trabalhando para resolver — mas ainda podem precisar de ajuda.
A Troposlab, consultoria de inovação empresarial, foca nesse desafio e traz resultados que indicam os melhores caminhos para os negócios. Dentre mais de 100 projetos desenvolvidos com grandes empresas, no período de 2015 a 2022, a média do retorno sobre investimento (ROI) projetado é de 4,5 vezes. E, o que é trabalhado acima de tudo nessas companhias?
Habilidades comportamentais.
Ainda que existam diversas abordagens possíveis para o conceito de inovação, quase sempre há um foco evidente na tecnologia. Ela ocupa um papel fundamental nos avanços globais, é claro; não é à toa que as maiores companhias do mundo estão investindo tanto em inteligência artificial, automação, cibersegurança e tantos outros setores tecnológicos. Um relatório construído pela consultoria IDC Brasil revelou que, em 2022, o Brasil ficou na 11ª posição mundial em investimento em Tecnologia da Informação e Telecomunicações (TIC), com cerca de US$ 75 bilhões movimentados.
Contudo, como os dados anteriores mostram, esse valor não se traduz na evolução da inovação. E a Troposlab parece ter identificado onde está a inconsonância. “Precisamos falar mais sobre esse assunto em termos de comportamento e cultura, e não apenas de maneira tecnológica”, afirma Renata Horta (foto), fundadora e Diretora de Novos Negócios e Parcerias da empresa. “Todas as etapas do processo inovativo são inerentemente processos comportamentais. É, em essência, nossa capacidade de transformar conhecimentos em algo que gere valor para pessoas e empresas, e até hoje é um processo humano”.
Para a especialista, enfrentamos uma dessincronia que precisa ser examinada. “O desenvolvimento tecnológico tem avançado muito mais rapidamente que o desenvolvimento humano em si. Apesar de termos cada vez mais tecnologias para tudo, temos sido incapazes de solucionar os grandes e básicos problemas da humanidade, ou mesmo de explorar todas as oportunidades que existem de negócios. Neste contexto, tecnologias são commodities e a execução é o que realmente faz diferença”, explica.
Todo o trabalho nessa direção parte da cultura organizacional, muito conhecida e debatida no mundo corporativo, mas nem sempre com os mesmos objetivos. “Entender quais são os valores e padrões de comportamento de uma organização é fundamental para projetar processos de inovação bem-sucedidos”, aponta Horta. “Além disso, a cultura garante que as práticas estejam alinhadas ao que é necessário para fazer a inovação acontecer. Sabemos, por exemplo, que a colaboração é um ingrediente importante que traz melhores resultados ao processo inovativo. Então, se este ingrediente estiver na cultura da empresa, será mais fácil sustentar as mudanças”.
O futuro do trabalho aponta para a inovação
Até 2026, 75% das empresas líderes de mercado estarão investindo em programas e sistemas de inovação digital, segundo a International Data Corporation (IDC). Ou seja, o mercado está caminhando cada vez mais para o novo, e as movimentações atuais já provam isso.
A própria Renata participa, entre os dias 1 e 4 de maio, do Web Summit Rio, que traz dezenas de debates sobre inovação e tecnologia com personalidades relevantes dos negócios do mundo todo. No evento, também ocorre o Corporate Innovation Summit (CIS), no qual a empresária fala precisamente sobre as questões de processos comportamentais em relação ao processo de inovação, em uma mesa redonda voltada para a engenharia comportamental.
“É essencial reconhecermos e projetarmos o papel de todos os elementos e pessoas envolvidas quando há uma busca pela inovação”, determina Horta. “Os colaboradores, líderes, hábitos, tudo influencia. Para começar, temos que alimentar o que chamamos de ‘intenção empreendedora’, que tem a ver com a probabilidade das pessoas engajarem na implementação dos projetos que acreditam gerar valor. É um consenso no ambiente de inovação que ela não acontece sem habilidades empreendedoras”.
Não por acaso, diz a especialista, as lideranças desempenham uma responsabilidade por etapas críticas desse processo. “Por exemplo, a estratégia da empresa que vai definir qual intensidade e que tipos de inovação ela irá precisar, quais os recursos disponíveis e o que mais vai ser colocado a favor do plano, tudo é decidido pelos líderes. Outro exemplo é a seleção das oportunidades, já que em geral cabe à direção definir o go/no go dos projetos de inovação com base em modelagens iniciais e POCs [Proof of Concept, Prova de Conceito]. Sua visão de oportunidades, compreensão tecnológica e visão de futuro, bem como sua capacidade de lidar com riscos, impactam diretamente as decisões”.
Como recomendação para quem quer começar a alterar comportamentos e ir atrás da inovação com mais afinco, a diretora indica programas iniciais que utilizem um diagnóstico da cultura como base, para desenhar ações que desenvolvam essa cultura e que garantam que a inovação já vai começar gerando resultados significativos. “Inovação é resultado e não há como desenvolver a cultura sem fazer a inovação acontecer”, ressalta.
Outra orientação é o uso de metodologias de sucesso para esse tipo de objetivo, como o Design Thinking ou o Customer Development. O modo como cada uma é aplicada depende das variáveis de cada negócio, mas ambos já carregam ferramentas importantes de identificação e desenvolvimento de oportunidades.
Por fim, Renata salienta que as mudanças comportamentais são um desafio para todos e que passam tanto pelo âmbito da qualidade quanto da quantidade. “No mundo do trabalho, a grande maioria das pessoas foi formada pelas escolas, universidades e empresas para seguir processos, controlar indicadores e pessoas e ganhar mercado. Hoje, estamos demandando dessas pessoas que vejam oportunidades, criem novos serviços e produtos, descubram novos indicadores, e tudo isso exige um repertório comportamental totalmente diferente. O mercado precisa de um alto volume de pessoas com um novo tipo de formação, e rápido. Não é simples, mas os primeiros passos já foram dados e o futuro parece cada vez mais promissor”, conclui.
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