O tempo de deslocamento de uma equipe entre o refeitório e a sua área de trabalho, num canteiro de obras, pode ser determinante do aumento de prazo e de custos de um projeto de engenharia. Esse foi um dos fatores de redução de produtividade mencionados no seminário realizado no quarto e último dia da Rio Oil & Gas, pelo Centro de Excelência em EPC (Engenharia, Suprimentos e Construção).
"Parece óbvio tudo o que falamos aqui, mas o fato é que, muitas vezes esses aspectos não são devidamente considerados e, em projetos grandiosos, como são os do setor de óleo de gás, trazem perdas consideráveis", disse o diretor da ADEMI, Jose Octavio Alvarenga.
O engenheiro comentou, por exemplo, a importância da conclusão do projeto básico antes da contratação, assim como da otimização de documentos para aprovação do cliente. "É comum surgirem modificações excessivas em layouts e fluxogramas e o processo de aprovação tomar um tempo muito superior ao previsto".
Especificações técnicas muito severas também foram criticadas por Alvarenga: "com a grande oferta de equipamentos e materiais que temos hoje no mercado, é recomendável maior flexibilidade nas especificações".
Para identificar e corrigir gargalos da produção, a Petrobras mantém uma Política de Gestão da Produtividade, apresentada no seminário pela gerente da Unidade de Engenharia de Custos da Área de Engenharia, Tecnologia e Materiais, Cármen Heloisa Côrtes Telles. Ela explicou que um técnico de produtividade acompanha as atividades críticas nos canteiros de obra e, num PDA (Personal Digital Assistance), registra mínimos detalhes - tempo de paralisação de um funcionário e de mobilização para início e fim de tarefas, entre outros. Ao fim do dia, essas informações são reunidas e processadas, o que possibilita, por exemplo, a mensuração e análise dos recursos consumidos por hora de trabalho. "Identificadas as perdas de produtividade, partimos para a elaboração de novas regras e rotinas de trabalho", disse a gerente.
Junto às suas associadas e com forte apoio da Petrobras, a ABEMI fez um mapeamento de atividades de construção e montagem e definiu 80 procedimentos recomendáveis. O Centro de Excelência, por sua vez, também vem realizando uma série de estudos detalhados sobre fatores que influenciam a produtividade em cada uma das áreas de EPC. Esses estudos foram apresentados pelos engenheiros do CE-EPC, João Mariano, Gilson Faissal, Octavio Pieranti, Danilo Gonçalves e Fabio Van den Byltardt.
"Os estudos são resultado do encontro que promovemos com todos os nossos associados. O Centro congrega as grandes operadoras, os especialistas (da cadeia produtiva) e universidades. Por reunir esse conjunto é que conseguimos elaborar um vasto mapeamento da produtividade em EPC", comentou Carlos Aguiar, vice-presidente do CE-EPC e consultor do IBP.
Junto à Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), o Centro está trabalhando no uso de simuladores virtuais para capacitação profissional, testes e pesquisas. A demanda do setor de petróleo e gás por equipamentos de automação e simulação foi tema de uma breve apresentação feita pelo Diretor de Relações com o Mercado da Federação, Alexandre dos Reis.
Presidente do CE-EPC, Antonio Muller destacou que o Centro também tem uma parceria com o CII (Construction Industry Institute), com quem realizará um workshop de Produtividade e Ação, em novembro. "Estamos perseguindo o estado da arte na engenharia de projetos", concluiu.