Redação TN com assessoria
O Brasil vive a consolidação de um fenômeno silencioso no empreendedorismo: a multiplicação das chamadas “empresas invisíveis”, negócios digitais que nascem e se expandem sem sede física, sem estoque próprio e com operação integralmente remota. Segundo levantamento do Sebrae, oito em cada dez novos empreendedores atuam em segmentos de serviços digitais ou modelos híbridos, enquanto estudo global da consultoria McKinsey aponta que companhias desenhadas desde o início para serem 100% digitais crescem, em média, 30% mais rápido do que empresas com estrutura física.
Essas empresas funcionam a partir de equipes reduzidas, baseadas em múltiplas localidades, e operam com forte apoio de automação, inteligência artificial e plataformas globais de gestão. Para Luis Molla Veloso, especialista em inovação digital e integração de tecnologias financeiras, trata-se de uma mudança estrutural no empreendedorismo brasileiro. “Estamos diante de um modelo menos burocrático e mais ágil, onde a tecnologia não é apenas suporte, mas o próprio motor do negócio. Essas companhias escalam sem os limites da estrutura física, mas dependem intensamente de soluções digitais seguras e integradas”, afirma.
Descentralização e redução de custo
Um dos pilares dessa lógica é a descentralização. Enquanto empresas tradicionais precisam investir em filiais e estruturas administrativas, os negócios invisíveis priorizam APIs, sistemas de pagamento integrados e modelos de banking as a service (BaaS), que permitem oferecer serviços financeiros embutidos em plataformas de mobilidade, varejo e educação. “O consumidor, muitas vezes, nem percebe que está usando um serviço financeiro. É como se o banco estivesse embutido no aplicativo que ele já acessa todos os dias, de forma invisível e conveniente”, explica Veloso.
Outro aspecto em destaque é a redução de custos. Sem sede, estoques ou equipes grandes, o gasto fixo cai drasticamente, abrindo espaço para investimentos em tecnologia e aquisição de clientes. De acordo com a consultoria Bain & Company, o mercado global de Embedded Finance deve ultrapassar US$ 7,2 trilhões até 2030, mostrando a força de modelos digitais em plataformas antes restritas a setores específicos.
O movimento também acompanha a transformação cultural no trabalho. A pandemia acelerou a aceitação de modelos remotos, mas o que se vê agora vai além: negócios já nascem estruturados para não depender de um escritório. Combinam mão de obra global, ferramentas de automação e estratégias de escalabilidade que permitem crescer sem ampliar proporcionalmente os custos.
Para Veloso, essa nova geração de empresas desafia tanto a regulação quanto a competição tradicional. “Não é apenas sobre abrir uma empresa sem sede, mas sobre reconfigurar a lógica de como se empreende no país. Quem não acompanhar essa mudança corre o risco de ficar invisível para o consumidor digital”, avalia.
Sobre Luis Molla Veloso
Especialista em Embedded Finance, atua na integração de serviços financeiros diretamente em jornadas digitais, conectando tecnologia, produto e estratégia para transformar a forma como empresas oferecem crédito, pagamentos, seguros e soluções de banking as a service. Com sólida atuação no desenvolvimento de plataformas e APIs financeiras, trabalha para tornar os serviços bancários mais acessíveis, invisíveis e centrados no usuário, com foco em escalabilidade, conformidade regulatória e experiência fluida. Acesse o LinkedIn
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