O grupo gaúcho Bolognesi, originalmente do ramo imobiliário, anunciou nesta segunda-feira (2) a compra do controle acionário da Multiner Energia, empresa que possui concessões para construir e operar aproximadamente 1.305 megawatts (MW) em usinas termelétricas a óleo e usinas eólicas. O Bolognesi comprou 55% da Multiner e os 45% restantes ficarão com um Fundo de Investimentos em Participações (FIP) formado por oito fundações de previdência privada encabeçadas pela Petros (Petrobras), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Postalis (Correios) que já era acionista da empresa (cerca de 20%).
O valor da compra não foi revelado. Segundo Ronaldo Bolognesi, controlador do grupo gaúcho, os aportes na empresa, rebatizada de Nova Multiner, somarão R$ 1,029 bilhão, sendo R$ 637 milhões do Bolognesi e R$ 392 milhões dos fundos de pensão. A parte do grupo controlador será formada por cerca de R$ 300 milhões em dinheiro e o restante em ativos que serão duas termelétricas, uma em Goiás, já operando, e outra em Pernambuco, em construção.
Os novos donos da empresa terão que, já a partir de hoje, negociar com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o destino de três das sete concessões da Multiner que estão para serem cassadas pela agência por atraso na entrega da energia vendida em leilões a partir de 2007. "Se conseguirmos que se possa entregar (a energia) em um prazo razoável e com penalidades factíveis, a gente vai construir", disse Bolognesi a respeito das três termelétricas cujas obras ainda não foram ao menos iniciadas.
Segundo o empresário, as projeções feitas antes da concretização da compra incluem tanto a conclusão das três usinas como o abandono dos projetos. As usinas Itapebi (146 MW) e Monte Pascoal (145 MW), ambas no Nordeste, deveriam estar prontas e gerando energia desde 2010. Já a Pernambuco 4 (200,8 MW) deveria ter começado a gerar no ano passado. Ainda no ano passado chegou a ser divulgado que a Multiner, que tinha o empresário José Augusto dos Santos, do ramo de shopping centers, como um dos principais acionistas, seria comprada pela CPFL.
O grupo Bolognesi vai passar para os ativos da Nova Multiner as térmicas Palmeiras de Goiás (178 MW), já em operação, e da Pernambuco 3 (200 MW), em construção, totalizando 378 MW de potência instalada. A Multiner possui outorga para construir e operar as térmicas Santa Rita de Cássia (174,6 MW), Termopower 5 e Termopower 6, estas com capacidade para 200,8 MW cada. Todas essas concessões são no Nordeste e para geração a óleo.
Bolognesi disse que as usinas a serem construídas terão a possibilidade de flexibilização para o uso de gás no futuro. A entrada do seu grupo na área de termelétricas, em 2001, foi pela via da aquisição de um projeto para construir um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) acoplado a uma térmica a gás em Rio Grande (RS). O projeto em seu formato original não prosperou porque foi considerado inviável economicamente com os preços da energia praticados no mercado.
Além das seis térmicas do Nordeste, o portfólio da Multiner inclui a térmica Cristiano Rocha (85,4 MW) em Manaus, que está sendo convertida de óleo para gás, e o Parque Eólico Alegria, totalizando 151,8 MW, operando parcialmente.
De acordo com Bolognesi, o grupo que controla possui ainda sete pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), totalizando mais de 200 MW e tem forte atuação no programa Minha Casa, Minha Vida, além de atuar em concessões rodoviárias e na construção pesada. No ano passado faturou cerca de R$ 500 milhões e cresce a uma média de 25% ao ano, segundo o empresário.