A Eletrosul assina hoje com a Empreendimentos Binacionales (Ebisa), estatal argentina do setor de energia, um acordo para intercâmbio (exportação e importação) de energia. A intenção é suprir parte das necessidades da Argentina, cuja crise energética é latente há pelo menos três anos.
Segundo o diretor de operações da Eletrosul, Antonio Vituri, o acordo foi regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e coloca à disposição dos argentinos a Conversora de Frequência de Uruguaiana, pertencente à Eletrosul e localizada em Uruguaiana (RS), que poderá atender em até 1,2 mil MW médios a demanda do país vizinho. A Argentina passará a comprar energia, mas só terá direito a adquiri-la se houver sobra em geração nas usinas hidrelétricas ou termelétricas brasileiras.
Até agora, segundo Vituri, a Argentina poderia usar a conversora de Uruguaiana em situações emergenciais, mas era obrigada a pagar pela energia consumida também com energia. Tratava-se de um escambo, onde o país vizinho pagava quando tivesse condições de reenvio.
Apesar de estabelecer o pagamento e recolhimento de imposto sobre a operação, o acordo não fixou um valor a ser pago pela energia, que poderá ser adquirida em leilões ou diretamente com um fornecedor no Brasil.
O intercâmbio vinha sendo discutido desde o início deste ano. Em 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita à Argentina, comprometeu-se a ajudar a suprir a carência de energia daquele país. Em parte, ao ter mais insumo fornecido pelo Brasil, a Argentina pode diminuir as compras de gás boliviano, um suprimento no qual o Brasil tem interesse.
O volume de 1,2 mil MW médios, no entanto, é pequeno e não resolve o problema energético da Argentina. Segundo Vituri, o volume em questão seria para o fornecimento equivalente ao consumo de uma cidade de 20 mil a 30 mil habitantes. Ele estará voltado a atender a uma necessidade específica da região de fronteira entre os dois países.
Não há investimentos envolvidos neste acordo, cujo prazo é de um ano, podendo ser renovado. Toda a operação e manutenção da conversora será feito pela Eletrosul e ressarcido pela Ebisa. Eventualmente, o Brasil também poderá recorrer ao intercâmbio e comprar energia do país vizinho, mas o propósito maior neste momento foi atender a demanda dos argentinos.