A entrada em operação da usina de Belo Monte, que será construída no rio Xingu, no Pará, poderá ser antecipada. De acordo com os contratos, o empreendimento deve começar a gerar energia em 2015, mas o presidente da Eletrobras, José Antônio Muniz Lopes, afirmou que, caso os fornecedores dos equipamentos consigam antecipar a entrega, a geração será antecipada.
"É um projeto muito simples. Muito mais simples do que Santo Antônio e Jirau. Não vai precisar desviar rios, mas pequenos canais. Vai construir casa de força a seco, fora dos rios, às margens da Transamazônica", explicou Muniz Lopes, que participou ontem de evento promovido pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ). "O nosso problema é o tempo de fabricação das máquinas. Se os fabricantes conseguirem antecipar a fabricação especial da turbina, vamos antecipar sim, porque, em termos de obra civil, não tem problema", acrescentou.
De acordo com o executivo, a Norte Energia, responsável por Belo Monte, está tentando conseguir para este ano a licença de instalação do canteiro de obras, para que os trabalhos possam começar já no ano que vem. Belo Monte terá capacidade instalada para gerar 11.233 megawatts (MW).
Os contratos de outorga e concessão da usina serão assinados amanhã, em Brasília, e os custos da obra, segundo o executivo, poderão superar os R$ 20 bilhões inicialmente estimados.
"O que me anteciparam é que estamos cumprindo todas as metas. Isso significa que os cálculos para taxa interna de retorno serão atendidos. O valor total poderá ser superior a R$ 20 bilhões, mas garantindo taxa de retorno a que nos propusemos", disse Muniz Lopes.
O executivo também informou que o processo de capitalização da Eletrobras deverá estar concluído no próximo mês. A operação prevista pela empresa consiste na troca de créditos de pouco mais de R$ 4 bilhões que o Tesouro Nacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) têm contra a Eletrobras por ações da companhia.
Para este ano, a expectativa do presidente da empresa também passa pelo início das obras da hidrelétrica de Tumarin, na Nicarágua, que terá capacidade instalada de 250 MW. O projeto será uma parceria entre a estatal e a Queiroz Galvão, com custo estimado de US$ 700 milhões, tempo de duração de quatro anos previsto para as obras e venda da energia prevista para ser feita não só para a Nicarágua, mas também para países vizinhos da América Central.
"Essa é menina dos olhos. Quero terminar o ano com as obras começadas", afirmou, lembrando que a usina deverá ser o primeiro investimento da empresa no exterior a ter as obras iniciadas.