Gás
Gazeta Mercantil
Após vender parte da operação de minério de ferro para a Anglo American, o empresário Eike Batista planeja multiplicar o patrimônio a partir de atividades em petróleo, logística e energia. Batista diz que continuará na mineração, setor que mais o ajudou a acumular os US$ 16 bilhões que declara ter em patrimônio. Mas deixa claro que seu ponto forte nesta área é avaliar jazidas e criar valor, não ficar para sempre com elas. Nos planos, estão a volta de investimentos na Bolívia, em siderurgia e ainda em exploração de gás. O empresário cogita um acordo com a espanhola Repsol YPF, que possui campos importantes do insumo no país. Batista defende as ações do presidente boliviano Evo Morales na região. "O Evo fez o que tinha de fazer. Quis quebrar um centenário de exploração desenfreada do país. Aquilo era uma espoliação e alguém tinha que entornar o caldo?"
O empresário também negocia com multinacionais para formar parcerias na exploração de áreas arrematadas no leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Na OGX, subsidiária recém-criada para descobrir petróleo, Batista já prepara a abertura de capital, prevista para meados deste ano. Presidida pelo ex-presidente da Petrobras, Francisco Gros, a OGX é quem negocia com as gigantes mundiais do Oriente e do Ocidente para desbravar as 21 áreas do leilão de concessões da ANP.
Os investimentos planejados pela EBX, a holding de Batista, para os próximos anos, somam cerca US$ 5,4 bilhões. A maior parte para energia e logística.
Na mineração, seguem conversas com quatro estrangeiras para aquisição de parte do sistema Corumbá, o último dos três sob o crivo da MMX. O empresário também trabalha para assegurar parceria na exploração das duas minas de minério de ferro adquiridas há alguns meses: AVG e Minerminas, em Minas Gerais. Lá devem ser investidos US$ 300 milhões para elevar de 6 milhões para 20 milhões de toneladas a produção anual do minério de ferro, até 2009, afirmou o empresário à Gazeta Mercantil, em entrevista na sede da empresa, no Rio. Sede que, aliás, pode mudar de endereço. O empresário negocia a compra do Hotel Glória, famoso pelo estilo clássico, no qual planeja se instalar.
Há também entre os negócios de Batista empreendimentos imobiliários, como a construção de um hospital e edifícios residenciais, e, a menina dos olhos, dois grandes portos: o Porto do Açu, no Norte Fluminense, e o Porto Brasil (Peruíbe), no litoral paulista. Um outro grande porto no Chile também está nos planos do empresário.
"Não tenho medo de investir e, como venho da área de ouro, onde a taxa de acerto é de 17 mil para 1 se me oferecem algo com 30, 50% de chance de acerto é ótimo." Além da ousadia, Batista credita a possibilidade de investir com sucesso em tantas áreas ao time de profissionais com os quais trabalha. Ele tornou sócios seus executivos. Além de Gros, trouxe para as empresas da EBX os experientes Rodolpho Landim, ex-presidente da BR (com passagem relâmpago pelo Pão de Açúcar), e Paulo Mendonça, que chefiava a área de Exploração e Produção da Petrobras.
Na última terça-feira, Batista informou ao mercado, por meio de fato relevante, que transferiu sua participação em térmicas da MPX, braço de energia do grupo, para os investidores desta mesma empresa, para compensá-los de perdas que tiveram com a desvalorização dos papéis. "Quando fui ao mercado captar R$ 1,2 bilhão, os investidores generosamente investiram comigo e de lá pra cá houve uma recalibragem de ativos no mundo e eu como um cara realista devolvi o que eles perderam", disse Batista. Os analistas classificaram de prática de boa governança e ele de doação.
A empresa captou R$ 1,2 bilhão no final do ano passado. O prejuízo de 20% foi compensado com os cerca de R$ 240 milhões que Batista repassou da sua participação nos projetos de térmicas no porto do Açu e no Chile. "Eu cultivo meus parceiros. É a primeira vez que vejo um negócio desse no mundo", acrescentou.
Fonte: Gazeta Mercantil
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