O diretor-geral da Antaq, Fernando Fialho, proferiu na terça-feira (27) a palestra de abertura do painel “Cenário da indústria de construção naval e offshore brasileira e suas questões logísticas”, no segundo dia do evento Pré-Salting-Shipping & Naval.
Fialho disse que a Agência agregou mudanças nas regras que disciplinam a construção, exploração e ampliação de terminais de uso privativo misto, contemplando, na Resolução nº 1.660, art.7º, os estaleiros e bases de apoio offshore. “Entendemos que essas instalações serão uma absoluta necessidade e uma excelente oportunidade de negócios para atendimento ao pré-sal”, avaliou.
Fialho destacou a valorização do planejamento na área dos transportes, com destaque para o aprimoramento da gestão portuária e maior integração multimodal. “O Brasil é muito grande geograficamente. Portanto, promover a integração multimodal é fundamental para dotar o país de uma logística de transportes eficiente, com ganhos para toda a sociedade”, observou.
O diretor-geral da Antaq destacou que o país vive um período de crescimento forte e que os portos brasileiros deverão estar preparados para atender à crescente demanda por serviços de qualidade e baixo custo.
Fialho disse que as novas soluções para o modelo de exploração de portos contemplam um menor emprego de recursos públicos e um maior envolvimento da iniciativa privada. “Há no mercado um apetite alto da iniciativa privada com relação aos investimentos em infraestrutura e serviços portuários”, apontou.
Os resultados de 2011 apontam uma nova quebra de recorde na movimentação portuária este ano. “Na comparação com o mesmo período de 2010, a movimentação de contêineres (TEUs) no primeiro trimestre deste ano teve uma expansão de 21%. Já no segundo trimestre de 2011, a movimentação de cargas conteinerizadas cresceu 16,66% em relação a 2010”, informou.
Para Fialho, a exploração de petróleo na camada do pré-sal impactará vários setores da economia brasileira, notadamente a indústria naval. Segundo ele, o novo cenário requererá uma logística complexa para atender às novas cargas e dimensões de equipamentos e dutos submarinos, a grande distância da costa e do atual centro de operações. “A distância da costa exigirá cada vez mais embarcações maiores. Além disso, vamos precisar de uma boa preparação em terra para atender a essa nova demanda”, ressaltou.
De acordo com o diretor-geral da Antaq, o número de outorgas na navegação de apoio marítimo está tendo um crescimento expressivo devido à proximidade da exploração do pré-sal. “Hoje, 118 empresas já estão autorizadas pela Antaq a operar nesse tipo de navegação, mas estamos esperando muito mais daqui para frente”, disse.
Fialho também destacou as políticas públicas destinadas a garantir os investimentos na navegação marítima e na navegação interior, apontando que “o florescimento da indústria naval brasileira está atrelado à política pública de desenvolvimento da cabotagem e das navegações de apoio portuário e marítimo”.
Já quanto às hidrovias, ele afirmou que o governo federal, através do Ministério dos Transportes, investirá 2,7 bilhões no setor. Segundo Fialho, esses recursos serão importantes não só para escoar a produção brasileira de grãos, mas, também, para trazer as riquezas do pré-sal para o interior do país.
Palestras
O painel sobre navegação e logística contou ainda com mais três palestrantes: o diretor-superintendente da Superintendência de Portos e Hidrovias do Rio Grande do Sul - SPH; Vanderlan Vasconcelos; o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários - ABTP, Wilen Manteli; e o coordenador do Programa de Reaparelhamento da Marinha do Brasil, contra-almirante Rodolfo Henrique Sabóya.
O contra-almirante confirmou que o programa de reaparelhamento da Marinha prevê a construção de um estaleiro dedicado especialmente à produção de submarinos. A meta é construir cinco submarinos, sendo um deles de propulsão nuclear. O primeiro submarino ficará pronto em 2016 e integrará a frota da armada que protegerá as áreas de produção do pré-sal. Os submarinos serão produzidos em conjunto com a França, e prevê a transferência da tecnologia.