Combustível sustentável para aviação, captura de carbono e desenvolvimento de agave nacional estão entre os principais projetos.
Redação TN Petróleo/Assessoria EmbrapiiAinda sob o impacto do anúncio de que o ano de 2024 foi o primeiro da história a romper a marca de 1,5ºC de aumento na temperatura média da Terra em relação aos níveis pré-industriais, o Dia Mundial da Energia Limpa, celebrado neste domingo (26), ganha renovada importância. O cenário de mudanças climáticas já é realidade, e os países precisam acelerar o processo de transição energética.
Inovação contínua e colaboração internacional são pilares para este movimento. A Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) tem ampliado os esforços na área de energias renováveis. Nos dois últimos anos, R$ 231 milhões foram investidos em projetos com grandes empresas e startups.
"O uso das energias renováveis e o impacto delas na economia e na sociedade estão associados a novas tecnologias e à introdução de novos produtos e novos processos. Neste contexto, os projetos apoiados pela Embrapii têm descortinado novos cenários para o desenvolvimento das energias renováveis de forma eficiente e com sustentabilidade", afirma Alvaro Prata (foto), presidente da Embrapii.
Entre os projetos em andamento, está a cooperação entre a Shell e a Unidade Embrapii Senai-CIMATEC, em Salvador, que vai desenvolver etanol, biogás, bioóleo e biochar a partir do agave, a planta típica do México que já está sendo cultivada no Brasil graças a esta iniciativa.
O Senai-CIMATEC também se associou à espanhola Repsol para construir uma unidade piloto de captura de carbono diretamente do ar. A ideia é que a estrutura venha a ter capacidade para processar 5.000 TPA (toneladas de CO2 por ano), alimentada com fonte de energia renovável, e estocar gás carbônico em reservatório de rochas basálticas.
Desde 2023, uma parceria entre a Unidade Embrapii Coppe/UFRJ e a Petrogal investe R$ 21,3 milhões para desenvolver combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês), uma alternativa ao querosene de aviação. De acordo com a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), a aviação civil é responsável por 2% de todo o carbono emitido no planeta. Além do aspecto sustentável, o novo combustível poderá ser mais barato, reduzindo os custos de operação das companhias aéreas e, consequentemente, das viagens.
Ao longo dos últimos 11 anos, a Embrapii vem, de fato, consolidando sua posição como uma das principais propulsoras de inovação em energia renovável. Já foram apoiados 155 projetos no setor, alavancando R$ 420 milhões em investimentos.
Os números da Embrapii acompanham uma tendência nacional de aceleração do ecossistema das chamadas energytechs, startups que inovam no setor de energia. Um levantamento da plataforma de inovação Distrito aponta que 64% das 347 energytechs da América Latina são brasileiras.
Muitas dessas empresas inovadoras já são parceiras da Embrapii. É o caso da Energy Source e da EiON. As duas startups participam, atualmente, do Projeto Estruturante para o desenvolvimento de baterias íon-litio, na Unidade Embrapii SENAI ISI-Eletroquímica, em Curitiba, com investimentos totais de R$ 13,4 milhões. A iniciativa visa desenvolver, implementar e otimizar a produção e o uso desse tipo de bateria, amplamente utilizada em dispositivos eletrônicos, veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia. O objetivo é criar uma infraestrutura sólida que suporte a transição para fontes de energia mais limpas e a inovação tecnológica no setor.
Brasil pode liderar debate sobre transição energética
Diante da urgência em acelerar o processo de transição energética a nível global, o diretor-presidente da Embrapii vê o Brasil numa posição privilegiada para assumir a liderança desta agenda.
"O Brasil possui uma vocação natural para liderar o processo de transição energética e oferecer diversas soluções no campo das energias renováveis que nos conduza a um futuro sustentável e resiliente, equilibrando dimensões tecnológicas, econômicas, ambientais e sociais", destaca Prata.
Além de já possuir uma matriz energética que faz uso intensivo de fontes renováveis, o país tem potencial para aumentar e diversificar ainda mais. "A utilização crescente da energia solar e eólica demandarão novos desafios tecnológicos a serem superados", exemplifica Prata.
Fale Conosco