Um novo método de trabalho permitirá a retirada dos restos do navio Ais Giorgis - que naufragou no canal do Porto de Santos nos anos 70 - no prazo de 90 dias, afirmou a Codesp. Os trabalhos, que preveem o corte vertical em fatias das ruínas da antiga embarcação, são desenvolvidos pela Dratec Engenharia, empresa vencedora da licitação aberta pela Docas para remover os destroços.
Segundo a Docas, ainda não foi definido quando o serviço será retomado. Sua paralisação ocorreu quando se tentava remover o motor da embarcação. Essa etapa da obra começou em 11 de janeiro último. Mas foi suspensa dias depois, quando se descobriu que o equipamento de 70 toneladas está preso por guias metálicas. Os técnicos da empresa tentaram cortar as guias, mas não conseguiram.
A presença de sedimentos (lama) também dificultou o trabalho das equipes. O material se acumulou sobre o navio ao longo dos anos.
Foi para transpor esses obstáculos que a Dratec teve de mudar sua estratégia de trabalho. A expectativa da Codesp, agora, é que a alternativa proposta pela empresa garanta a extração efetiva de todos os destroços. Eles estão no fundo do estuário, a cerca de 11 metros de profundidade, na direção dos armazéns 15 e 16, a aproximadamente 80 metros da Margem Esquerda (Guarujá).
A retirada dos restos do navio é considerada essencial para melhorar as condições de segurança à navegação do Porto e, sobretudo, viabilizar o aprofundamento do leito navegável do canal para 15 metros e seu alargamento para 220 metros.
Nova estratégia
O novo método prevê o corte dos destroços do Ais Giorgis em “fatias a frio”, por meio de um fio diamantado. Antes, o serviço era feito com um maçarico.
Para essa proposta, foi fabricada, no Rio de Janeiro, uma estrutura metálica em formato de pórtico, desmontável e com 25 metros de vão. Essa peça será submersa e envolverá a embarcação para seccioná-la verticalmente.
Após o corte de cada parte, caberá então à cábrea (guindaste flutuante) seu içamento.
O pórtico fatiador já chegou ao Porto de Santos. Ele está sendo montado no cais dos armazéns 7 e 8, na região do Paquetá. Assim que ficar pronto, será transportado ao local onde se encontra o Ais Giorgis, para o início do “fatiamento”.
Ao fim de cada corte, o pórtico será deslocado para outro ponto do navio, até que toda a embarcação esteja fatiada. Caso haja necessidade, o motor da embarcação também passará pelo mesmo procedimento.
Segundo a assessoria da Companhia Docas, uma das principais vantagens do novo método é sua agilidade. O trabalho pode ser feito mesmo em dias sem visibilidade submersa ou em condições desfavoráveis de maré. E não serão necessários muitos profissionais. A primeira tentativa de retirada do motor chegou a demandar oito mergulhadores.
Para a Codesp, essa nova tecnologia, embora não seja pioneira no Brasil, abre uma perspectiva para solução de problemas similares existentes ao longo da costa brasileira.
Início
A retirada do navio Ais Giorgis começou em outubro de 2011. O serviço teve início com a remoção de sedimentos acumulados nos destroços do navio.
Primeiramente, foi retirado um volume de sedimentos contaminados, transportado por tubulação até um canteiro de obras especialmente preparado na Margem Esquerda.
A outra etapa foi a extração da lama com poucos poluentes - com uma concentração de compostos químicos em conformidade com os padrões estabelecidos para o descarte oceânico. Essa segunda retirada de resíduos foi necessária para viabilizar os trabalhos de corte e içamento das partes do Ais Giorgis.
O custo total da obra é de R$ 17,9 milhões, quantia a ser paga com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.