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    Redação / Assessoria
 
                
            No  Brasil, o empresário enfrenta cotidianamente muitos desafios: alta carga  tributária, falta de infraestrutura, emperramento da máquina  burocrática. Agora, com o período de estiagem que assola o Sudeste, a  indústria, bem como os brasileiros, tem mais uma barreira a enfrentar: a  falta de água e de energia elétrica.
Rico por suas bacias  hidrográficas, o Brasil é codependente de água e energia. Uma depende da  outra. Nossa geração de eletricidade provém basicamente das  hidrelétricas instaladas, responsáveis por 75% de nossa capacidade  energética, por isso a escassez de água está diretamente ligada à falta  de energia elétrica no País.
O apagão de janeiro, que deixou 12  unidades da Federação sem luz por uma hora, foi o primeiro do ano, mas a  precariedade da infraestrutura energética no Brasil indica que não  deverá ser o último. Sem planejamento técnico ou aviso prévio por parte  das autoridades, o empresário terá de se prevenir para não arcar com o  prejuízo.
A falta de chuvas compromete não somente a geração de  energia, mas principalmente, o abastecimento de água. Com uma dupla  crise desse tamanho, a tendência é culpar as variações climáticas  “imprevisíveis”, como dizem os políticos, mas não é só isso. Não é  preciso ser especialista para saber que a natureza é cíclica. Prevenção e  planejamento de longo prazo ajudariam bastante neste momento.
Há  pelo menos dez anos, analistas já sabiam que as mudanças climáticas  gerariam períodos de crise de abastecimento no Brasil. Mesmo assim,  obras para a geração e distribuição de energia estão atrasadas ou  paralisadas, reservatórios de água estão em baixa ou com mais de 30% de  desperdício nas tubulações. Tudo por falta de investimentos adequados ou  direcionamento incorreto de nossos governantes.
O Sistema  Cantareira, que abastece o Estado de São Paulo já chegou perto de 5% de  sua capacidade no início do ano e o racionamento de água já foi  anunciado para o mês de abril. No Interior, a Agência Nacional das Águas  (ANA) determinou que as indústrias da região de Campinas reduzam em 30%  a captação direta de água dos rios para não comprometer o reservatório.
Pesquisa  recente do Depecon - Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos  indica que 54,5% do setor industrial não têm fontes alternativas de  abastecimento ou captação de água, nem políticas de reúso.
Se o  governo adotar medidas de reestruturação do abastecimento,  provavelmente, o nível dos reservatórios só voltará ao normal em dois  anos. Mas se as chuvas continuarem abaixo da média, a crise poderá se  agravar.
Em São Paulo, estado que gera um terço do PIB nacional, o  que fazer com a produção? O importante neste momento é ficar atento e  buscar alternativas para enfrentar a situação. Algumas empresas cogitam  entrar em férias coletivas e reduzir os turnos de trabalho por causa da  falta de água, outras propõem o êxodo para outras regiões menos  problemáticas. As mais precavidas procuram adotar medidas de  contingência, como o aumento da reserva, busca de água subterrânea,  melhoria de práticas de conservação e utilização de água de reúso e  diminuição do consumo.
O CIESP e a Fiesp têm representado o setor  industrial em todas as reuniões com autoridades para decidir  estratégias e ações a respeito da crise hídrica. Também está presente  para orientação dos usuários industriais sobre o que fazer para  enfrentar a crise. No site: www.fiesp.com.br/agua está disponível para  download a cartilha “Gerenciando a Escassez de Água na Indústria”.
Por  outro lado, pode parecer inacreditável, mas o aumento de 40% no custo  das tarifas de energia não é a principal fonte de preocupação dos  empresários no Brasil. Com a crise hídrica o desafio maior está  relacionado aos apagões. A falta de previsibilidade coloca em risco todo  setor produtivo e pode colocar o País em recessão. Economistas avaliam  que o PIB poderá encolher 1,5% neste ano, se houver racionamento  energético.
A alta demanda no verão faz com que o consumo se  torne maior que a geração de eletricidade, como o Brasil não dispõe de  reservas de emergência, com a escassez hidrelétrica, as termelétricas,  movidas a gás, diesel e carvão, já operam no máximo de sua capacidade e  tornam o custo ainda mais caro. Resultado: a ingerência estatal provocou  falta de investimentos no setor e resultou no atraso de obras em curso,  o que coloca o País mais perto de um novo apagão.
Para reduzir a  imprevisibilidade, CIESP e Fiesp cobram do governo maior transparência  sobre o racionamento. Para as empresas é melhor que sejam avisadas dos  cortes com antecedência, para que possam planejar a interrupção da  produção ou sua manutenção com geradores.
Lembramos que, em 2001, o racionamento energético imposto provocou perdas de quase R$ 6 bilhões para a economia brasileira.
*Ricardo Martins é diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP - Distrital Leste) (www.ciespleste.com.br) e diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp.
 
        
            
        
            
        
        
            
                
    
        
             
        
            
        
        
            
     
        
                
            
        
        
        
        
             
        
            
        
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