Jornal do Commercio
Os setores da indústria brasileira que mais consomem energia poderiam reduzir sua demandaenergética global em 25,7% se tivessem à mão as melhores e mais eficientes tecnologias no que se refere à eficiência no uso da energia. A estimativa consta de estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Eletrobrás, e refere-se tanto ao consumo de combustíveis como ao uso de eletricidade. Outra conclusão do estudo é a de que os programas de eficiência promovidos pelo governo pecam por não focar sua estratégia na redução do consumo industrial, e, sim, na energia gasta pelas residências.
“Muitas vezes a energia mais barata não é necessariamente aquela que você construiu em uma usina nova, mas a que você deixou de gastar pelo uso eficiente”, resumiu o gerente-executivo da Unidade de Competitividade Industrial da CNI, Augusto Jucá.
aperfeiçoamento. Pelos cálculos da entidade, a redução de 25,7% do consumo total de energia da indústria representa menos 14,6 milhões de Toneladas Equivalentes de Petróleo (TEP), medida internacionalmente usada para contabilizar o consumo energético total, tanto de eletricidade quanto o referente à queima direta de combustíveis em processos industriais.
Desse total, 82% (11,9 milhões de TEP) da economia viriam do aperfeiçoamento dos processos de uso de combustíveis em fornos ou caldeiras e 14% (2 milhões de TEP), do aumento da eficiência no uso de energia elétrica. Segundo o estudo, em termos financeiros, só a redução do consumo de energia elétrica geraria uma economia anual de R$ 6,8 bilhões para a indústria brasileira.
A pesquisa da CNI/Eletrobrás levou em conta os 13 setores da indústria de maior consumo de energia, entre os quais a siderurgia, a indústria cerâmica, papel e celulose e o parque químico.
ajustes. O documento recomenda, mais de uma vez, que o governo deveria ajustar os programas já existentes de incentivo ao uso eficiente de energia para que a indústria possa ser beneficiada. Segundo o estudo, a indústria responde hoje por 40,7% de toda a energia consumida no Brasil, enquanto as residências, o comércio e o setor público têm uma participação de apenas 15,8% na demanda total. “Entretanto, os programas federais existentes de eficiência energética estão mais focados nestes três últimos setores”, diz o relatório CNI/Eletrobrás.
A visão da CNI é a de que até existem instrumentos para incentivar a compra de maquinário mais eficiente, treinamento de pessoal e outras práticas que podem levar ao menor consumo, mas estes não suficientes. O estudo cita, por exemplo, o Programa de Eficiência Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esse programa, que financia projetos de eficiência energética, é abastecido por 0,5% da receita operacional líquida das concessionárias do setor elétrico, mas, segundo o estudo, apenas uma “ínfima fração” dos recursos são aplicados no uso racional da energia na indústria
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