Jornal do Brasil
Quando saiu de Belo Horizonte rumo a Macaé, em 2002, Noé de Souza Neto levava consigo o diploma de ensino médio que lhe garantiria um emprego no Eldorado do Petróleo e o sonho de proporcionar uma vida melhor à esposa, Shirlei, e para a filha, Monique, então um bebê. Hoje, aos 37 anos, Noé mora em uma favela macaense e protagoniza uma disputa judicial que envolve a Limpind Montagem Naval e Industrial, que o contratou, e a Petrobras. Sua mão foi esmagada em um acidente ocorrido em um canteiro da estatal, onde trabalhava.
Hoje, vivo dos R$ 402 que recebo do INSS e do dinheiro que Shirlei ganha como faxineira conta, enquanto desfaz a atadura que desvela o que sobrou da mão, disforme, do tamanho de uma luva de boxe.
Os advogados da Petrobras a eximem da responsabilidade de indenizá-lo, atribuindo-a à empreiteira contratada, afinal, pela estatal. Já a Limpind informa que prestou a devida assistência ao ex-funcionário. Noé, porém, acusa a empresa de tê-lo abandonado 22 dias em um posto de saúde.
Noé se mostra desapontado com a indústria que confere a Macaé uma renda per capita de R$ 11 mil (30% acima da média nacional) e Produto Interno Bruto (PIB) equivalente a 1,9% de todo o estado. Entre 1980 e 2000, a população de Macaé saltou de 75.863 habitantes para 132.461 habitantes alta de 2,86%, ante 1,22% no estado e 1,793%, no Brasil. A corrente migratória fez surgir cinco novas favelas surgiram em Macaé nos últimos cinco anos.
O secretário de Trabalho de Macaé, Claudio Bogado, admite que os royalties são insuficientes para enfrentar as contradições produzidas pelo petróleo. De 1997 a 2005, o montante para estados e municípios saltou 3.670%, de R$ 32,849 milhões para R$ 1,23 bilhão.
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