Energia

Custo das térmicas já beira R$ 10 bi este ano

Não se sabe ao certo como a conta será quitada.

Valor Econômico
03/04/2014 12:34
Visualizações: 354 (0) (0) (0) (0)

O acionamento intensivo das usinas térmicas durante todo o mês de março gerou uma conta adicional de aproximadamente R$ 4 bilhões às distribuidoras de energia. O rombo financeiro, calculado por uma fonte ligada às distribuidoras, ficou próximo do custo verificado em fevereiro, por conta da operação ininterrupta de todo o parque térmico do país e do preço recorde cobrado por essas usinas para vender energia no mercado de curto prazo. Em fevereiro, o custo extra das térmicas ficou em cerca de R$ 4,2 bilhões. Em janeiro, quando o preço da energia do mercado livre ainda não havia batido no teto, o estrago foi de R$ 1,8 bilhão. Feitas as contas, conclui-se que o setor elétrico caminha para encerrar o primeiro trimestre de 2014 com um buraco de até R$ 10 bilhões, uma conta salgada, sobre a qual ainda não se sabe, em detalhes, como será quitada.

Durante todo o mês de março, o preço do megawatt-hora calculado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) manteve-se no valor máximo, de R$ 822,83, mesmo custo verificado em fevereiro. A situação atual é bem diferente da ocorrida no mesmo período do ano passado. Em fevereiro e março de 2013, o preço da energia no mercado de curto prazo foi de R$ 50,67 e R$ 127,97, respectivamente.

O país arca, neste momento, com duas grandes despesas. A primeira refere-se ao acionamento em si das térmicas, por conta dos baixos níveis dos reservatórios do Sudeste, região que concentra a maior parcela de geração de energia. A segunda despesa deve-se à chamada "exposição involuntária" das distribuidoras. No ano passado, elas tentaram comprar energia em um leilão que previa a oferta de geração já neste ano (A-1). As geradoras, no entanto, já imaginando que os preços do mercado livre estariam mais atrativos, simplesmente não compareceram e o governo só conseguiu contratar 40% do que queria. A situação se agravou ainda mais por conta de muitos projetos de geração que não saíram do papel. A combinação desses fatos é o que tem obrigado as distribuidoras a comprar, todo mês, entre 3,2 mil e 3,5 mil megawatts no mercado de curto prazo para honrar seus compromissos. Como elas não foram responsáveis por essa situação, cabe ao governo arranjar uma solução.

No ano passado, foram injetados quase R$ 14 bilhões nas distribuidoras por meio do Tesouro, dos quais R$ 9,9 bilhões deverão ser repassados à tarifa da conta de luz e outros R$ 3,7 bilhões seriam a fundo perdido. Neste ano, a Fazenda já anunciou mais R$ 13 bilhões para suprir gastos do setor. Outros R$ 8 bilhões têm previsão de entrar na conta, por meio de empréstimos financeiros a serem contratados por meio da CCEE. Ontem, o governo publicou o decreto que estabelece a criação da "Conta-ACR", que será administrada pela câmara.

Segundo Ricardo Savoia, diretor de regulação e gestão em energia da Thymos Energia Consultoria, se todos os aportes já feitos e anunciados pelo governo fossem repassados para a tarifa, a conta de luz teria de subir entre 28% e 30%. "Veja que a própria Cemig, por exemplo, já pediu um reajuste de 29,74% em sua tarifa", comenta Savoia.

Apesar das complicações, o analista vice-presidente da Moody's para a área de infraestrutura, José Soares, chama a atenção para os 5 mil megawatts médios de energia que serão devolvidos para a União a partir de 2015, por conta dos contratos de concessão que vencerão. Segundo o analista, esse movimento trará um alívio anual de R$ 3,5 bilhões a R$ 4 bilhões. Deste total, 1 mil MW entram na carteira das distribuidoras em janeiro e outros 4 mil MW em julho do ano que vem. Essa energia será repassada para as 63 empresas de distribuição do país por cerca de R$ 30 o MWh, valor bem mais barato do preço médio atual contratado pelas distribuidoras, que pagam em torno de R$ 110 pelo megawatt-hora.

Para Mariana Amim, assessora jurídica da Anace, uma das entidades do setor que representa consumidores livres da indústria e do comércio de grande porte, o momento é de apreensão. "É com muita tristeza que vemos tudo o que está acontecendo no setor, um planejamento que não deu certo. As decisões levaram a uma redução do custo de energia, mas isso era falso. A conta está chegando".

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Telecomunicações Offshore
NexusWave: Conectividade Marítima Confiável e Sem Interr...
07/11/24
Pré-Sal
GeoStorage: Novo hub do RCGI nasce para viabilizar o arm...
07/11/24
Negócio
Grupo Energisa assume controle da Norgás e entra no seto...
07/11/24
Etanol
Cientistas mapeiam microbioma de usinas em busca de maio...
07/11/24
Metanol
ANP amplia monitoramento da comercialização de metanol c...
07/11/24
Oportunidade
PPSA realizará seu primeiro concurso público para contra...
07/11/24
GNV
Estratégias e desenvolvimento do setor de GNV proporcion...
07/11/24
Workshop
ANP realiza workshop virtual sobre revisão de normas par...
07/11/24
Marinha do Brasil
Grupo EDGE amplia parceria com a Marinha do Brasil para ...
06/11/24
Evento
Evento Drone em Faixas de Dutos tem nova data
06/11/24
Geração
ABGD participa de Conferência Internacional em Foz do Ig...
06/11/24
Certificação
Foresea recebe, pelo quarto ano seguido, certificação de...
06/11/24
Flow Assurance Technology Congress
Da produção offshore à transição energética
06/11/24
E&P
ANP lança segunda fase do GeoMapsANP com novos dados e f...
06/11/24
ACORDO
ABNT adotará normas do American Petroleum Institute em d...
05/11/24
Gás Natural
BRAVA Energia inicia fornecimento de gás para Pernambuco
04/11/24
Evento
Projetos de P&D da Galp são destaque em evento da SPE Br...
04/11/24
Gás Natural
Preço do Gás Natural recua e Gasmig repassa queda ao con...
04/11/24
Investimento
PetroReconcavo anuncia investimento de mais de R$ 340 mi...
04/11/24
Etanol
Anidro e hidratado fecham a semana valorizados
04/11/24
BRANDED CONTENT
Estudo comprova eficiência do corte a plasma na manutenç...
02/11/24
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

21