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Crise já atravessa o Canal de Suez e o Canal do Panamá

<P>Duas das principais artérias do comércio mundial já sentem a queda no fluxo de bens. No Canal do Panamá ou no Canal de Suez, no Egito, o número de embarcações sofre uma das piores reduções. As autoridades já pensam em aumentar o pedágio para evitar que a renda dos países também despe...

O Estado de S. Paulo
16/03/2009 00:00
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Duas das principais artérias do comércio mundial já sentem a queda no fluxo de bens. No Canal do Panamá ou no Canal de Suez, no Egito, o número de embarcações sofre uma das piores reduções. As autoridades já pensam em aumentar o pedágio para evitar que a renda dos países também despenque.

No Egito, as autoridades do Canal de Suez revelaram que o número de contêineres atravessando a região já equivale aos índices de cinco anos atrás. Em janeiro, o número de barcos foi de 1,3 mil em Suez, 22% a menos que em 2007. A renda produzida pelo canal caiu 19,5%. Em toneladas, a queda foi ainda maior, de 74 milhões de toneladas para 57 milhões em um ano. A redução é a pior em 30 anos na rota entre a Ásia e a Europa, criada em 1869.

Já no Panamá, a previsão é de uma queda de 5% no fluxo de barcos entre os oceanos Atlântico e Pacífico. A crise chega no momento em que o país abre licitação para a ampliar o canal em 80 quilômetros, numa obra que custaria US$ 5,2 bilhões. E a queda pode ser ainda maior.

Há algumas semanas, a Braskem encaminhou à Casa Civil um documento no qual pedia ajuda do governo à indústria petroquímica brasileira. Entre outros pontos, o setor se preocupava com um possível avanço das indústrias árabe e chinesa no mercado brasileiro.

Segundo o documento, a cadeia petroquímica brasileira é frágil à ameaça internacional, sobretudo com a sobra iminente [de oferta]. O inimigo está lá fora, e a crise pode ser uma grande oportunidade para o país se tornar líder global.

A área petroquímica não foi a única a bater à porta do governo. Com o acirramento da crise, vários setores têm pedido a criação de algum tipo de barreira, proteção ou ajuda contra o avanço dos estrangeiros.

Enquanto o mercado de calçados brasileiro teve uma leve retração, as importações da China aumentaram 47% em dezembro e 16% em janeiro, diz Milton Cardoso, presidente da Vulcabras/Azaleia e da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados).

A Vulcabras/Azaleia anunciou, na semana passada, férias coletivas a 1.600 funcionários. É a segunda vez nos últimos meses. Pedimos ao governo medida antidumping [contra os calçados chineses], já que o quadro atual requer uma ação de emergência, diz Cardoso.

As siderúrgicas brasileiras também têm se preocupado com o avanço do aço chinês no mercado nacional e já levaram a demanda ao governo. Entre 2007 e 2008, as importações de produtos siderúrgicos da China cresceram quase 56%.

Excesso de oferta

Segundo economistas ouvidos pela Folha, a adoção de medidas que protejam a indústria nacional não é considerada absurda, uma vez que o mundo inteiro tem feito o mesmo.

Na verdade, eu diria que é uma medida totalmente necessária, diz Julio Sérgio de Almeida, professor da Unicamp. Temos de evitar a concorrência desleal.

A origem do problema, dizem economistas, é o excesso de oferta, causado pela retração no consumo global. Sem poderem vender nos mercados tradicionais e sem quererem carregar estoques, as indústrias oferecem a produção em países com grande mercado consumidor, por preço cada vez menor. O Brasil é um deles.

É compreensível a reação das empresas nacionais porque o mundo todo tenta nos enfiar seus produtos goela abaixo, diz Marcos Fernandes, professor de economia da FGV.

Para especialistas e alguns setores da indústria, em muitos casos está havendo dumping -a venda de mercadorias por preços inferiores aos de produção. Uma das alternativas apontadas por Almeida é a valoração aduaneira, que envolve a taxação por peso ou preço mínimo.

É necessário aumentar enormemente as equipes técnicas para fiscalizar a entrada dos produtos, diz Almeida.

Nas contas de Cardoso, há hoje, por exemplo, calçados importados (com o dólar a R$ 2,30) com 30% de desconto sobre os preços cobrados em junho de 2008, quando o dólar valia R$ 1,60. Não há fundamento econômico que justifique esse desconto, diz.

O problema, no entanto, é que foram essas práticas que ajudaram a aprofundar a recessão de 1929. Os economistas avaliam, porém, que o protecionismo e o nacionalismo tendem a ser menores. Hoje, muitas empresas brasileiras dependem de importados.

As medidas de proteção são necessárias, mas não se pode taxar todos os produtos da mesma maneira, diz Márcio Utsch, presidente da Alpargatas, que produz algumas de suas marcas na China.

Na opinião de Utsch, a tarifa antidumping poderá resultar em pressão sobre a inflação e em perda de arrecadação. O mesmo discurso é ouvido em outros setores.

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