Agroenergia

Crise emperra aportes bilionários em usinas

Valor Econômico
20/10/2009 12:00
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A crise financeira pela qual atravessam as usinas de açúcar e álcool "enterrou" cerca de 70 projetos "greenfield" (construção a partir do zero), que deveriam sair do papel a partir de 2011. São investimentos projetados em cerca de R$ 28,5 bilhões no total, em um cálculo que considera um aporte de cerca de US$ 80 por tonelada de cana, dado que tem como base uma unidade que esmaga 3 milhões de toneladas/safra.

 

Desde 2007, as usinas do setor sucroalcooleiro operam abaixo dos custos de produção, disse Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro. "A partir de setembro de 2008, a situação dos grupos piorou com a crise financeira global. A crise é de crédito".

 

Desde 2005, com o boom dos investimentos em unidades produtoras de etanol, o setor sucroalcooleiro anunciou cerca de 200 projetos para construção de usinas. Desse total, apenas metade saiu do papel. Neste ano, a expectativa é de que 23 unidades entrem em operação. Para 2010, outras 15 usinas devem começar a operar.

 

"A partir daí, outras 70 unidades estão com prazo indeterminado para sair do papel", disse Nastari. No auge do anúncio dos projetos, os investimentos chegaram a US$ 130 por tonelada de cana. Com a crise, caiu para cerca de US$ 80 (somente a parte industrial), afirmou ao Valor Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica).

 

A crise levou grandes grupos consolidadores a se tornarem alvos. Santelisa Vale, de Sertãozinho (SP), e Nova América, dona da marca União, são os casos mais emblemáticos. O primeiro está sendo incorporado pelo grupo francês Louis Dreyfus e o segundo já foi absorvido pelo grupo Cosan, o maior produtor mundial de açúcar e álcool.

 

A tendência é que as usinas de pequeno e médio portes sejam compradas pelas maiores. "Ou elas podem se unir [em forma de cooperativas] para disputar mercado com as maiores", afirmou Nastari. Ele coordena a 9ª Conferência Internacional sobre Açúcar e Álcool, que termina hoje.

 

Grandes companhias multinacionais como Bunge, ADM e Louis Dreyfus estão de olho em oportunidades para expandir seus negócios no país. A Bunge negocia a compra da paulista Moema. A ADM também está prospectando novas aquisições, segundo apurou o Valor. A companhia deu início às operações da usina instalada em Limoeiro do Oeste, no Triângulo Mineiro, e deverá colocar em operação outra unidade em Jataí (GO). A ADM é sócia dessas duas usinas em parceria com o ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera.

 

Segundo Alexandre Figliolino, diretor do Itaú BBA, boa parte das usinas do setor está alavancada. Figliolino compara as usinas ao campeonato brasileiro de futebol. As que estão no topo do G4 da série A são as que têm condições de abrir capital - ou já têm ações no mercado - e por isso conseguem mais facilmente linhas de crédito.

 

Figliolino diz que a dívida líquida das usinas chegou ao fundo do poço na safra 2008/09, totalizando R$ 42 bilhões - em 2007/08, foi de R$ 28 bilhões. A expectativa para o ciclo 2009/10 é que a dívida líquida total de cerca de 430 usinas do setor recue para R$ 40 bilhões e para R$ 35 bilhões em 2010/11.

 

Atualmente, os dez maiores grupos do setor moem cerca de 30% da produção de cana do país; os 25 maiores processam 49% da matéria-prima. Dados da Datagro indicam que a partir de 2014/15 os dez maiores grupos deverão processar 45% da cana produzida.

 

O movimento de concentração do setor é considerado um caminho sem volta. Cerca de 50 usinas de açúcar e álcool estão à venda no Brasil, sobretudo no Centro-Sul. As 430 usinas estão divididas em 160 grupos econômicos.

 

Por conta do clima chuvoso na região Centro-Sul, a previsão de moagem de cana foi revista para baixo. Dados da Datagro apontam processamento entre 523,5 milhões e 533,5 milhões de toneladas para 2009/10. O potencial de esmagamento da região é de 570 milhões de toneladas. Para 2010/11, a expectativa de moagem no Centro-Sul é para 565 milhões a 590 milhões de toneladas. Os fundamentos altistas, diz Nastari, devem permanecer até meados de 2010. O déficit global de produção é de 7 milhões de toneladas.

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