Jornal do Commercio
O conflito do gás entre a Rússia e a Ucrânia atingiu ontem em cheio os países da Europa central e oriental, que registraram fortes reduções e até cortes totais no fornecimento do gás russo, num momento em que as temperaturas caíram abaixo dos 20 graus centígrados em algumas regiões. Áustria, República Tcheca, Polônia, Bulgária, Eslováquia, Hungria, Romênia, Croácia, Macedônia, assim como Grécia e Turquia, informaram que seus fornecimentos de gás sofreram importantes cortes. Todos estes países se verão obrigados a recorrer a suas reservas para compensar a redução do abastecimento de gás russo.
O fornecimento do gás para a República Tcheca registrou uma diminuição de 75%, segundo anunciou o porta-voz da principal companhia de gás tcheca, a RWE-Transgas. Além disso, a Áustria anunciou que recebe apenas 10% do gás russo previsto e a Hungria menos de 20%. A Bulgária é o único país dos Bálcãs cujas necessidades de gás dependem quase exclusivamente, em 92%, das importações russas.
O ministro tcheco da Indústria e Comércio, Martin Riman, que integra uma delegação da União Européia (UE), confirmou que o fornecimento de gás russo para a Europa caiu drasticamente durante a noite e continua piorando. “A situação mudou drasticamente. O volume de gás transportado da Rússia para a Ucrânia diminuiu e a situação na fronteira eslovaca está piorando”, disse o alto representante da UE.
“Sem aviso prévio e em clara contradição com as garantias dadas à União Européia pelas máximas autoridades russas e ucranianas, o fornecimento de gás a alguns Estados-membros foi cortado de maneira substancial. A situação é totalmente inaceitável”, afirmou a presidência tcheca da UE em comunicado.
A interrupção do fornecimento se deve ao conflito sobre o preço entre o fornecedor russo Gazprom, e a Ucrânia, principal país de trânsito do gás russo para o resto da Europa. O governo da Ucrânia, por meio da empresa Naftogaz, já havia anunciado que a gigante russa Gazprom havia reduzido drasticamente o fornecimento de gás destinado aos consumidores europeus, o que prejudicaria em poucas horas o abastecimento do continente.
“Reduziram as entregas a 92 milhões de metros cúbicos em 24 horas, contra 221 milhões de m³ prometidos, sem nenhuma explicação. Não sabemos como vamos enviar gás para a Europa”, declarou o porta-voz da Naftogaz, Valentin Zemlianski.
A Alemanha pediu, através de seu ministro da Economia, Michael Glos, a retomada das negociações entre a Rússia e a Ucrânia. Glos deveria receber ainda ontem o vice-presidente da estatal russa Gazprom, Alexandre Medvedev, que realiza uma viagem pela Europa para defender o ponto de vista de seu país. Em Kiev, o diretor da Naftogaz, Oleg Dubina, anunciou, por sua vez, que viajará amanhã a Moscou para se reunir com o colega russo Alexei Miller. A Ucrânia rebate as acusações e acusa a Rússia de criar esta crise. A União Européia depende da Rússia para obter um quarto de seu consumo total de gás - 40% de suas importações -, 80% dos quais transitam pela Ucrânia.
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