Valor Econômico
O lucro da ArcelorMittal deverá cair em mais da metade neste ano, como resultado da forte freada nas atividades da indústria do aço, segundo estimativas de analistas de corretoras de ações. A maior siderúrgica do mundo deverá registrar lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) em torno a US$ 11 bilhões, em 2009, de acordo com a estimativa média de analistas que cobrem as ações da empresa. A expectativa dos mesmos analistas para o lajida de 2008 está em cerca de US$ 24 bilhões.
Supondo que se concretize uma queda nessa escala, a magnitude seria de longe o maior golpe contra o presidente do conselho e principal acionista da empresa, Lakshmi Mittal, desde que ele iniciou a arrancada para formar a maior siderúrgica do mundo em meados dos anos 90. O empresário indiano estará no centro dos holofotes amanhã quando divulgar o balanço financeiro da companhia relativo a 2008.
Visto o tamanho da ArcelorMittal - controla quase 10% da siderurgia mundial, três vezes mais do que a rival mais próxima - os pronunciamentos de Mittal sobre o estado da indústria são acompanhados de perto.
Desde o quarto trimestre, a ArcelorMittal cortou a produção mensal de suas usinas em até 35%, com a maioria das outras grandes siderúrgicas seguindo a mesma trilha. Os cortes de produção estiveram ligados à menor demanda dos principais clientes das siderúrgicas, que foram abalados pela crise econômica, como as montadoras automotivas e as empresas de bens e construção.
"Neste momento não posso ver muitos sinais de recuperação no horizonte para a indústria siderúrgica, apesar de haver alguma esperança de que possamos ver uma recuperação moderada no fim do terceiro trimestre", disse Tony Taccone, sócio da First River, consultoria do setor siderúrgico, com sede nos Estados Unidos.
Muitos observadores do setor projetam declínio da produção mundial de aço em torno a 10% neste ano, o que seria a maior queda desde 1945.
Na apresentação dos resultados, Mittal também deverá dar uma atualização dos esforços da empresa para reduzir as dívidas de US$ 30 bilhões para US$ 20 bilhões até dezembro.
O empresário ainda poderá dar mais detalhes das tentativas para reduzir despesas com funcionários como, por exemplo, estendendo os programas de redução de carga horária entre os 320 mil funcionários do grupo.
Até agora, a companhia anunciou apenas 9 mil cortes de emprego, o que representa 3% da força de trabalho, uma porcentagem bem pequena pelos padrões de outras empresas industriais em áreas como a de eletrônica e a de mineração.
Fale Conosco
22