COP27

COP 27: A mais longa COP da História

Com o lema "Juntos para a implementação" a COP 27 terminou no domingo, dia 20 de novembro, dois dias depois do previsto na agenda oficial. Um dos motivos do adiamento teve lugar numa questão que se tornou a estrela das negociações. No dia 18 de novembro ainda não se tinha chegado a um acordo sobre a direção do financiamento de perdas e danos. O que estava sendo desenhado era a criação de um fundo para os países em desenvolvimento e num modelo que causou o travamento da pauta. Quando finalmente a decisão tomou forma, apontando como beneficiários os mais vulneráveis, aqueles mais prejudicados e afetados pelas mudanças climáticas, desfez-se o impasse e a COP 27 pode finalmente ser encerrada no dia 20 de novembro.


03/01/2023 10:37
COP 27: A mais longa COP da História Imagem: UNFCCC_COP27_6Nov22_SimonStiel_KiaraWorth-2 Visualizações: 916 (0) (0) (0) (0)

Tendo como ponto de partida o Acordo de Paris (com foco na redução das emissões dos gases do efeito estufa) firmado em 2015, durante a COP 21, por 197 nações, a conferência desse ano discutiu temas que são cruciais para o desenvolvimento sustentável:  Finanças, Ciência, Juventude e gerações futuras, Descarbonização, Adaptação, Agricultura e sistemas alimentares, Gênero, Água, Plano de ambições climáticas, Sociedade Civil, Energia, Biodiversidade e Soluções.

Mais de 45 mil participantes estiveram presentes ao evento para compartilhar ideias, soluções e construir parcerias e coalizões. Povos indígenas, comunidades locais, cidades e organizações da sociedade civil, incluindo jovens e crianças, mostraram como estão lidando com a mudança climática e de que forma isso afeta suas vidas.

 

Um passo crucial para a reparação

Numa decisão histórica, foi criado o fundo de perdas e danos para países vulneráveis duramente atingidos por desastres climáticos. ‘Este resultado nos leva adiante’, disse Simon Stiell, secretário executivo da ONU para Mudanças Climáticas. 

A criação de um fundo específico para perdas e danos foi um passo importante nas conversações, com o tema incluído na agenda oficial e adotado pela primeira vez na COP 27. 

‘Decidimos um caminho a seguir em uma conversa de décadas sobre financiamento para perdas e danos – deliberando sobre como abordamos os impactos nas comunidades cujas vidas e meios de subsistência foram arruinados pelos piores impactos das mudanças climáticas’, concluiu Stiell.

Os governos também concordaram em estabelecer um ‘comitê de transição’ para fazer recomendações sobre como operacionalizar os novos acordos de financiamento e o fundo na COP28, que será realizada no próximo ano, em Dubai. Espera-se que a primeira reunião do comitê de transição ocorra antes do final de março de 2023.

O fundo é considerado um avanço, mesmo pelos mais críticos, que questionam o fato de que não terem sido definidos de onde sairão os aportes para o financiamento e quais países terão acesso ao benefício. Ainda assim, há um consenso de que o reconhecimento da responsabilidade dos países ricos foi fundamental para dar início a essa reparação.

Durante as negociações, a União Europeia ainda sugeriu que nações em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil, deveriam contribuir com o fundo, mas a proposta não foi aprovada

 

Soluções Baseadas na Natureza (SBN)

A inclusão do termo ‘soluções baseadas na natureza’, conceito que a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) define como ações para proteger, gerenciar e restaurar ecossistemas naturais de forma sustentável e eficaz, foi outro destaque na COP27. Tudo isso ainda precisa levar em conta as complexidades e o bem-estar humano e da biodiversidade.

Sob a liderança do BID e apoio por Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMDs), foi assinada declaração conjunta declaração conjunta ‘Natureza, Pessoas e Planeta’, e anunciado plano para integrar a natureza em políticas, análises e investimentos. Na declaração, esses organismos se comprometeram a ajudar os países para que definam e implementem estratégias de sustentabilidade.

A ONU estima que os oceanos e ecossistemas terrestres mundiais estão absorvendo, cada um, 25% de emissões, e soluções baseadas na natureza poderiam responder por 40% da redução de emissões de carbono necessária para limitar o aquecimento global a menos de dois graus Celsius até 2030. 

Tornar a natureza aliada e não concorrente, significa potencializar a redução dos desastres climáticos e trazer grandes benefícios econômicos e sociais para o planeta e para as pessoas.

 

 

A indústria de óleo e gás se compromete

Apesar de muito criticada, a presença na COP 27de empresas e pessoas ligadas a indústria de petróleo e gás se configura em mais um marco importante. A polêmica ficou em torno de que representantes presentes ao evento estariam ali para fazer lobby e influenciar decisões que não fossem favoráveis à indústria. 

Segundo dados da UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas,  636 representantes do mercado de petróleo e  gás, inscreveram-se para os debates sobre o tema – um número 25% maior do que na COP 26 em Glasgow. 

O que se discute hoje, e precisa ser levado em conta, é o fato irrefutável de que a transição energética precisa de um tempo para acontecer. Ela é importante para seguirmos na direção de uma economia de baixo carbono, mas isso não se dá da noite para o dia. 

A TN vem discutindo essa questão nos dois últimos anos, de forma consecutiva, no TN Summit sobre Sustentabilidade e Comunicação (acesse vídeos do último evento aqui ), apontando que existe um tempo para que a transição energética se consolide, respaldada na segurança energética (acesso de todo, sem exceção, à energia)

Parece óbvio, mas questões de foro político e ideológico lançam uma cortina de fumaça sobre a questão e evidenciam apenas os aspectos vistos como ‘desfavoráveis' da indústria e que ela precisa ser descartada. 

O caminho da transição energética está trazendo enormes desafios para o mundo e especialmente para as empresas. E um desses desafios é a comunicação. Como instituições e empresas estão se comunicando com os seus mais diversos públicos para garantir um entendimento e avançar com segurança nas agendas prioritárias? 

No final da COP 26, ano passado, em Glasgow, a Índia e a China pediram para alterar a expressão ‘eliminar gradativamente’ para ‘reduzir gradativamente’ antes da aprovação do texto final sobre o uso de combustíveis fósseis, pontuando a importância e a forma do compromisso. 

O documento final, após várias revisões, ficou com ‘a eliminação progressiva do uso sem restrições’ do carvão e dos ‘subsídios ineficientes para os combustíveis fósseis’. 

Ciente da urgência da pauta, participar de um evento como a COP, a despeito de críticas, eleva o grau de visibilidade da indústria nas discussões, possibilitando a ela falar por si mesma e se posicionar melhor, de forma a avançar nas agendas que beneficiam a todos e, principalmente, contemplando as mudanças necessárias de forma responsável e equitativa.

 

Discussão de gênero 

O dia 14 de novembro foi consagrado como ‘o dia do gênero’ e abordou o papel da mulher em lidar com todos os aspectos do desafio da mudança climática

As mulheres continuam a carregar um fardo desproporcional dos impactos adversos das mudanças climáticas e, apesar de alguns progressos nos últimos anos, a perspectiva de gênero precisa ser mais trabalhada para ser totalmente integrada aos processos de formulação e implementação de políticas e ações no terreno. 

O Gender Day trouxe esta questão para o primeiro plano e forneceu uma plataforma para discutir os desafios existentes e compartilhar histórias de sucesso de todo o mundo com o objetivo de aumentar a conscientização e compartilhar experiências e promover políticas, estratégias e ações sensíveis e sensíveis ao gênero. 

“Mulheres e meninas são líderes essenciais, eficazes e poderosas para enfrentar a crise climática. Mas elas continuam amplamente subvalorizadas e subestimadas, com acesso limitado a serviços de extensão de treinamento e à tecnologia necessária para uma adaptação eficaz aos impactos das mudanças climáticas”, frisou a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, em um evento focado em mulheres na África.  “Existe uma solução muito simples e eficaz: colocar mulheres e meninas na liderança.”

 

Pontos importantes e principais resultados da COP27:

Tecnologia Lançamento de um novo programa de trabalho de cinco anos na COP27 para promover soluções de tecnologia climática em países em desenvolvimento.

Mitigação – Houve um avanço significativo nessa área om o lançamento de um programa de trabalho de mitigação, com o objetivo de aumentar urgentemente a ambição e a implementação da mitigação. O programa de trabalho começa imediatamente após a COP27, continuando até 2026, quando haverá uma revisão para considerar sua extensão. 

Os governos também foram solicitados a revisar e fortalecer as metas de 2030 em seus planos climáticos nacionais até o final de 2023, bem como acelerar os esforços para reduzir gradualmente o uso ininterrupto de energia a carvão e eliminar gradualmente os subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis.

O texto da decisão reconhece que a crise energética global sem precedentes sinaliza a urgência de transformar rapidamente os sistemas de energia para se tornarem mais seguros, confiáveis e resilientes, acelerando transições limpas e justas para energia renovável durante esta década crítica de ação.

Balanço Global – Os delegados da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas COP27 encerraram o segundo diálogo técnico do primeiro balanço global, um mecanismo para aumentar a ambição sob o Acordo de Paris. 

O secretário-geral da ONU convocará uma ‘cúpula de ambição climática’ em 2023, antes da conclusão do balanço na COP28 no próximo ano. Os países lançaram um pacote de 25 novas ações colaborativas em cinco áreas principais: energia, transporte rodoviário, aço, hidrogênio e agricultura.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou um plano de US$ 3,1 bilhões para garantir que todos no planeta estejam protegidos por sistemas de alerta precoce nos próximos cinco anos.

Sobre Compromissos Net-Zero, foi publicado um relatório na COP27, servindo como um guia prático para garantir promessas net-zero confiáveis e responsáveis por parte da indústria, instituições financeiras, cidades e regiões.

Anunciando um total de US$ 105,6 milhões em novos financiamentos, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Eslovênia, Suécia, Suíça e a região da Valônia na Bélgica enfatizaram a necessidade de mais apoio para os fundos do Global Environment Facility, voltados para a adaptação imediata ao clima necessidades dos estados de baixa altitude e baixa renda.

Nova Parceria 

Em paralelo à COP27, foi anunciada a parceria Just Energy Transition with Indonésia, que envolve importantes lideranças econômicas, a qual mobilizará US$ 20 bilhões nos próximos três a cinco anos para acelerar uma transição energética justa.

Um importante progresso na questão da proteção florestal foi o lançamento da Forest and Climate Leaders’ Partnership, que visa unir ações de governos, empresas e líderes comunitários para deter a perda florestal e a degradação da terra até 2030.

Acesse completo aqui

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Presença do Brasil

Governo, instituições e empresas brasileiras estiveram presentes na COP17, apresentando soluções e participando de forma efetiva dos debates em torno das mudanças climáticas.

O governo brasileiro esteve presente durante todos os dias da COP 27, ocupando um espaço no Pavilhão das Delegações do Sharm El-Sheikh International Convention Center (SHICC), palco da conferência. O local atraiu visitantes de todo o mundo, além de representantes da esfera federal, dos setores privado e financeiro e membros de instituições ligadas à agenda ambiental. 

Durante as duas semanas da COP 27, mais de 50 painéis foram promovidos pelo Governo Federal. Somados aos encontros realizados no Espaço Sebrae, voltados a abrir uma agenda para as startups nacionais que atuam em temas ligados à proteção ambiental e ao combate às mudanças climáticas, foram mais de 100 painéis. Acesse a matéria completa aqui.

O Brazilian Industry Day, realizado na quarta-feira, 16 de novembro, foi aberto pelo presidente da  Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, com a seguinte declaração: ‘Além dos investimentos em processos de produção mais sustentáveis, a indústria brasileira tem sido uma importante provedora de soluções para a descarbonização da economia.’ 

 

Startups apresentam soluções inovadoras

‘Na COP27, vivemos isso na pele e temos a oportunidade de mostrar a força do empreendedor brasileiro, como o Brasil tem soluções criativas e inovadoras na área de energia e descarbonização, que podem agregar valor a um modelo de negócio mais sustentável. Aqui mostramos que os pequenos negócios precisam estar cada vez mais presentes nesta agenda climática, entender como funciona e como podem fazer parte dessa solução’, afirmou Helen Camargo, gerente do Centro Sebrae de Sustentabilidade (CCS).

A missão empresarial do Sebrae no maior evento global da área do clima e meio ambiente, visa promover os pequenos negócios brasileiros, oferecendo uma vitrine para seus produtos e serviços – que atendem à demanda global de crise energética – além da oportunidade de networking com os maiores players do ecossistema de energia do mundo. 

A iniciativa é promovida pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Sebrae e apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e Apex Brasil.

 

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COP 15

COP 15: Um acordo histórico para proteger o Planeta

Representantes de 188 governos estiveram presentes à Conferência de Biodiversidade da ONU (COP 15), realizada entre 7 e 19 de dezembro, em Montreal (Canadá), na qual traçaram as metas de, até 2030, proteger 30% das terras, oceanos, áreas costeiras e águas interiores da Terra; reduzir em US$ 500 bilhões os subsídios governamentais nocivos anuais e cortar o desperdício de alimentos pela metade.

Foram duas semanas de intensos debates, em que nações do mundo fecharam um pacote histórico de medidas consideradas críticas para enfrentar a perigosa perda de biodiversidade e restaurar os ecossistemas naturais.

Além do acordo, um alerta: ‘Sem tal ação, haverá uma maior aceleração na taxa global de extinção de espécies, que já é pelo menos dezenas a centenas de vezes maior do que a média dos últimos 10 milhões de anos.’

Acesse completo aqui
 

Fonte: Redação TN - Lia Medeiros

Link para a imagem: https://www.flickr.com/photos/unfccc/52480180442/in/album-72177720303473168/

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