Hidrelétrica

Construção de usinas hidrelétricas representa riscos à biodiversidade

A pesquisa teve a participação da professora Gislene Torrente-Vilara, do Instituto do Mar, da Unifesp.

Assessoria Unifesp
18/03/2016 13:27
Visualizações: 572 (0) (0) (0) (0)

A construção de usinas hidrelétricas coloca sob risco as três bacias hidrográficas mais ricas em biodiversidade do mundo. É o que aponta um artigo publicado na Revista Science, cujo estudo mobilizou um grupo de cientistas dos EUA, Alemanha, Canadá, Camboja e Brasil. O levantamento contou com a participação da professora Gislene Torrente-Vilara, da Unifesp, e mostrou que as obras das barragens das bacias dos rios Mekong (Ásia), Congo (África) e Amazonas (América do Sul) representam uma enorme ameaça às espécies de peixes dessas regiões.

De acordo com a pesquisa, a construção de hidrelétricas sem planejamento adequado potencializa os impactos negativos desses empreendimentos, o que traz grande preocupação aos especialistas. “Grandes rios tropicais, como os amazônicos, concentram uma incrível biodiversidade, intimamente associada com à qualidade das águas, do ambiente e da vida das populações humanas. Para garantir sua proteção, bem como das florestas e recursos naturais, o Brasil conta com um excelente modelo de licenciamento ambiental. Porém, a decisão sobre a construção de um empreendimento hidrelétrico tem desconsiderado os aspectos técnicos e científicos legais, e o estabelecimento dessas obras tem sido uma decisão invariavelmente política”, argumenta Gislene Torrente-Vilara.

O estudo mostra que a Usina de Belo Monte, que está sendo erguida no Rio Xingu, no Pará, pode representar um recorde mundial de perda de biodiversidade. O rio abriga mais de 450 espécies de peixes em suas águas e, minimamente, 50 delas são endêmicas da Amazônia. Para a professora Gislene, este é um grande um exemplo de desrespeito às regras do licenciamento ambiental. “A integridade dos rios e florestas do Xingu, entre outros da Amazônia, tem garantido a sustentabilidade dos povos regionais há milênios, com exemplos de real desenvolvimento sustentável. Nós não temos o direito de extingui-las com base em decisões políticas e energéticas”.

Atualmente estima-se que 25% das espécies de peixes de água doce do planeta foram extintas devido à fragmentação dos rios para construção de hidrelétricas. Hoje, a bacia mais ameaçada é a do Rio Tapajós, com 43 empreendimentos planejados, sendo que dez deles estão previstos para serem finalizados até 2022. Também contribuíram para a extinção o desmatamento ciliar, a poluição proveniente do esgoto urbano e industrial, e as obras de retilinização e canalização, com consequências negativas para o equilíbrio ambiental, em especial em grandes cidades. A questão transpassa a polêmica sobre perda de espécies endêmicas e implica naquilo que elas representam para conservar águas de qualidade em território nacional. “A sociedade precisa decidir se realmente pretende assumir o preço que estará impondo as gerações futuras ao se calar perante a viabilização dessas obras”, finaliza a professora.

Além da pesquisadora da Unifesp, o levantamento contou com cientistas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Tocantins (UFT), do Núcleo de Pesquisas em Limnologia Ictiologia e Aquicultura da Universidade Estadual de Maringá (Nupelia/UEM), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Acordo
OneSubsea e Petrobras assinam acordo para desenvolver um...
21/05/25
Margem Equatorial
NOTA IBP – Aprovação pelo IBAMA do PPAF da Petrobras na ...
20/05/25
Biodiversidade
Empresas podem acessar até US$ 10 trilhões em oportunida...
20/05/25
Internacional
ApexBrasil lidera delegação brasileira na World Hydrogen...
20/05/25
Resultado
2024 é marcado por investimentos recordes e progresso na...
20/05/25
Resultado
Produção de petróleo em regime de partilha ultrapassa pe...
20/05/25
Margem Equatorial
Petrobras consegue do Ibama autorização de simulado em á...
20/05/25
IBP
Crescimento do mercado e diversidade em destaque no Semi...
20/05/25
Pré-Sal
Interligação submarina do Projeto Búzios 11 terá R$ 8,4 ...
19/05/25
Refino
Parada programada de manutenção da Refap, em Canoas (RS)...
19/05/25
IBP
Naturgy debate perspectivas de expansão do GNV e biometa...
19/05/25
Participação especial
Valores referentes à produção do primeiro trimestre de 2...
19/05/25
Etanol
Hidratado volta a cair e anidro sobe pela terceira seman...
19/05/25
IBP
Setor de gás busca soluções para acelerar o crescimento ...
16/05/25
IBP
Shell Energy Brasil defende integração setorial e estabi...
16/05/25
Leilão
PPSA publica edital para comercializar 78,5 milhões de ...
16/05/25
IBP
Investimentos em projetos de gás dependem de segurança f...
16/05/25
Etanol
Fenasucro & Agrocana lança 31ª edição com destaque para ...
15/05/25
Mato Grosso do Sul
Gás Natural: ANP firma acordo com reguladora do Mato Gro...
15/05/25
Energia Elétrica
CCEE liquidou R$ 4,00 bilhões no fechamento das operaçõe...
15/05/25
Gás Natural
ANP aprova revisão das especificações e controles de qua...
15/05/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22