Jornal do Commercio
Na esteira das previsões do Banco Central e dos analistas de mercado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) elevou ontem (31) a projeção de inflação (IPCA) em 2008 de 4,1% para 4,7% em 2008. No Informe Conjuntural do primeiro trimestre deste ano, a CNI afirma que o fato de o crescimento da economia estar ancorado na maior expansão do consumo das famílias dos últimos 11 anos traz incertezas quanto à trajetória futura da inflação. A entidade revisou de 6,2% para 7,5% a previsão de crescimento do consumo das famílias este ano.
Apesar de o consumo das famílias ganhar uma participação maior na composição no Produto Interno Bruto (PIB), a CNI manteve em 5% a sua estimativa de expansão da economia para este ano. Isso porque a entidade elevou para 2,3 pontos percentuais negativos a previsão de participação do setor externo na formação do PIB.
O economista da entidade, Paulo Mol, explica que o aumento da demanda será atendido em parte pelas importações, fazendo com que o setor externo contribua negativamente para o crescimento da economia. A CNI subiu a estimativa de exportações de US$ 175 bilhões para US$ 190 bilhões e das importações, de US$ 140 bilhões para US$ 165 bilhões. A previsão de superávit comercial, no entanto, foi mantida em US$ 25 bilhões.
Mesmo com os números de inflação revisados, o Informe Conjuntural afirma que não há sinais de disseminação do aumento de preços na economia. Mol explica que embora os níveis de inflação estejam maiores que no passado, não estão fugindo do controle. Ele destaca que excluindo os aumentos de preços da carne, do feijão e do leite, a inflação ao consumidor acumulada nos 12 meses encerrados em fevereiro, ficaria em 3,4%.
Por isso, na avaliação da CNI uma eventual decisão do Banco Central de aumentar os juros, como apontou na semana passada o Relatório de Inflação, seria de caráter preventivo. Mol lembrou que a política fiscal do governo é expansionista e prevê para este ano um aumento de 30% nos recursos do Orçamento destinados a programas sociais como o Bolsa Família.
"A revisão para cima no crescimento do consumo das famílias deve-se a uma expectativa mais favorável de crescimento da renda domiciliar, seja proveniente de salários, seja proveniente de transferência de renda do governo", explica o documento. Segundo a CNI, o crescimento da renda dos mais pobres se dará num ritmo mais acelerado do que entre as demais classes.
Para a confederação, a taxa média de desemprego deverá ficar em torno de 8,4% neste ano, 0,6 pontos percentuais abaixo dos 9% previstos pela entidade em dezembro do ano passado. A indústria não vai liderar o avanço da economia em 2008 como fez em outros anos de forte crescimento, avalia a CNI. "Isso porque parte importante da produção doméstica será substituída pelo aumento das importações", avalia.
Segundo o Informe Conjuntural, o principal entrave para o crescimento do setor é o dólar desvalorizado. A previsão de expansão da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) foi mantida em 14% para este ano.
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