Empresa é a maior geradora de energia do país.
Valor Econômico
Maior geradora de energia do país, a Chesf, braço operacional do grupo Eletrobras no Nordeste, está priorizando os projetos no segmento de transmissão. Os objetivos são aumentar rapidamente a receita da companhia, afetada pela adesão à Medida Provisória 579 - da renovação das concessões -, e disponibilizar as instalações que viabilizarão o fornecimento de energia de eólicas já em operação para o Sistema Interligado Nacional (SIN).
"Quando estivermos com toda a carteira de obras de transmissão, vamos conseguir recompor a receita desse segmento em 43%", afirmou o novo presidente da Chesf, Antônio Varejão, que completa um mês no cargo nesta semana, com expectativa de alcançar a meta em três anos.
A estatal perdeu cerca de R$ 3 bilhões de receita anual com a adesão ao programa de renovação das concessões de geração e transmissão. "Precisamos ser uma empresa que volte a dar lucro", disse ele.
Segundo Varejão, até o fim deste mês será concluída a última obra de transmissão para interligar as eólicas que estava em atraso. Trata-se do sistema Bom Jesus da Lapa - Igaporã, na Bahia, com investimento de R$ 50,5 milhões.
A estratégia de priorizar os investimentos em transmissão é percebida pela própria decisão de colocar o experiente engenheiro no comando da empresa, onde atua há 28 anos. Nos últimos dois anos, Varejão respondia pela superintendência de Projeto e Construção de Transmissão, que está voltada para a conclusão das obras em atraso.
No período em que esteve à frente da superintendência, a Chesf implantou cerca de dez subestações e 600 quilômetros de linhas de transmissão, com destaque para três subestações de maior porte que ampliaram em mais de 100% a capacidade de atendimento às regiões metropolitanas de Recife (PE), Fortaleza (SA) e Salvador (BA). Essas obras acrescentaram R$ 130 milhões à receita anual da estatal nordestina. Do pacote de obras em andamento, restam ainda cerca de 20 subestações e mais 1,5 mil quilômetros de linhas.
Além de ampliar a receita, a conclusão das obras permitirá à companhia participar novamente, como líder de consórcio ou disputando sozinha, de leilões do tipo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Hoje, a autarquia permite que a empresa participe apenas como minoritária em consórcios nos leilões.
Varejão explicou que, mesmo assim, a Chesf já não pretendia participar das últimas disputas. A decisão faz parte da estratégia de se concentrar em por de pé todas as obras que ela ganhou.
O executivo admite que a companhia acumulou um número elevado de obras. "Foi uma estratégia da empresa lá atrás de entrar em leilões com projetos corporativos [em que não tem sócios]. Acumulou uma carteira elevada. Mas essa carteira faz com que o recurso entre diretamente no caixa da empresa", afirmou. "Tivemos evidentemente muitas críticas, problemas para a imagem da empresa", completou o presidente da Chesf.
Questionado sobre a possibilidade de retornar aos leilões de transmissão, inclusive à licitação do segundo linhão que transportará energia da hidrelétrica de Belo Monte (PA) para o Sudeste, ainda sem data, Varejão respondeu: "A ideia é voltar, mas só na hora em que tivermos plena consciência de que os prazos estão efetivamente sob controle".
Na área de geração, a Chesf pretende colocar em operação nos próximos três anos 1 mil megawatts (MW) de potência instalada de parques eólicos já contratados em leilões de energia.
A empresa ainda não definiu qual será o novo parceiro no projeto da usina de Sinop, de 400 MW, no rio Teles Pires (MT). A Alupar, que detinha 51% do empreendimento, anunciou a desistência do negócio. Segundo Varejão, há quatro interessados na hidrelétrica. Chesf e Eletronorte possuem 24,5%, cada, do projeto.
Dona de um parque composto por 14 hidrelétricas próprias (10,6 mil MW), a Chesf tem ainda participação nas usinas de Belo Monte e Jirau (RO), ambas em construção, e em Dardanelos (MT), que já está em operação.
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