Redação / Assessoria
Depois de atuar como presidente da Câmara Setorial de Equipamentos Navais e de Offshore, César Prata assumiu, no dia 21 de agosto, a presidência do Conselho de Óleo e Gás da Abimaq, substituindo o presidente anterior, Cláudio Makarovsky.
Confira a entrevista com o novo presidente sobre seus objetivos no cargo e os principais desafios do setor de óleo e gás.
Como o senhor analisa o atual momento vivido pelo setor de máquinas e equipamentos no segmento de óleo e gás?
Houve um descolamento entre os grandes aportes recebidos pelo setor e o crescimento da indústria. Há mais de cinco anos, o setor recebe anualmente investimentos da ordem de 100 bilhões de reais. Menos de 10% deste montante fica com a indústria local. Temos criado mais empregos fora do que dentro do país. Na descoberta do pré-sal, havia um consenso entre todos que usaríamos esta riqueza para desenvolver o Brasil, a infraestrutura, a educação e a indústria. Isto não ocorreu. Perdemos uma oportunidade.
Quais são os principais desafios para este setor?
O país continuará a receber investimentos da ordem de 100 bilhões de reais neste setor nos próximos 20 ou 30 anos. Nosso desafio é tentar reter parte desta riqueza, crescer em pesquisa, tecnologia e criar empregos com qualificação. O Brasil não pode regressar ao patamar de mero extrativista e exportador de commodities.
Temos que transformar as riquezas naturais em produtos e agregar valor. O petróleo em si pode ser nocivo se não o processarmos e não utilizarmos nossa engenharia, universidades e indústrias, como ocorreu em países no Oriente Médio e na América do Sul.
Como a Abimaq pretende atuar para enfrentar os obstáculos no aumento da participação em investimentos e operações no setor de óleo e gás?
Há dois caminhos distintos que devem ser trilhados: O primeiro é o de tentar mostrar ao governo que o ambiente econômico para os negócios não está nada bem. Nem no setor de petróleo e nenhum outro. Não temos condições favoráveis, seja em câmbio, tributos e regimes tributários especiais.
O segundo caminho, enquanto o primeiro não se implementa, não nos garante a competitividade natural, participação nas encomendas e a nossa subsistência, será o de buscar artifícios momentâneos, tais como barreiras, margens de preferência, defesa comercial, regras de conteúdo local, que, na verdade, são todos "remédios amargos" e não podem durar muito tempo.
Tais remédios já têm sido em parte utilizados, com pequena eficácia, baixos resultados e colocam o setor industrial em descabida posição de confronto com os investidores e compradores dos projetos em andamento.
Criou-se uma queda de braço com os consumidores tentando provar que a indústria local não os atende a contento, quando, na verdade, é apenas dos preços locais que eles não gostam.
Quais são as perspectivas para o futuro?
O governo deverá perceber que o setor de óleo e gás, sozinho, pode reverter o processo de desindustrialização no país inteiro. Se uma pequena parte das máquinas passar a ser comprada no Brasil, invertemos a curva de tendência negativa a positiva. Dos 100 bilhões de reais que o setor investe por ano, se aumentarmos a parte brasileira em 15%, seriam mais 15 bilhões de reais em um setor que fatura 75 bilhões por ano.
Haveria um impacto positivo de 20% no setor como um todo. Os investimentos em petróleo e gás ainda são os mais altos quando comparados com todos os demais setores da nossa economia, superando o segundo colocado em cinco vezes. Temos que aprender a usar esta riqueza a favor da sociedade. O que estamos pleiteando não é mais apenas em causa própria.
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