Estatal vê ambiente muito competitivo nos leilões de energia.
Valor Econômico
Ficou difícil para a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) ampliar a capacidade de geração de energia. A estatal mineira tem se queixado de um ambiente muito competitivo nos leilões de energia e diz que destruiria seu valor se aceitasse entrar nas disputas aceitando a remuneração que outras companhias têm oferecido.
"Não estamos conseguindo ser competitivos nos projetos que estão sendo colocados em leilão. Já perdemos uma porção", disse ontem o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla.
"O problema é que a maioria dos vencedores, ganhou com um retorno bastante baixo e acreditamos que isso não dá sustentabilidade à empresa. Se fôssemos competir com eles, nós iríamos destruir valor", acrescentou ele durante encontro com jornalistas para comentar os resultados do quarto trimestre de 2013.
Entre as participações mais recentes conseguidas pelo Cemig em geração incluem-se as usinas de Santo Antônio (em Rondônia, cuja participação da Cemig dobrou para cerca de 20% este mês) e Belo Monte (Pará). Em dezembro, a Cemig não conseguiu, por exemplo, bater a oferta feita pelo consórcio EDP / Furnas pela Usina de São Manoel, com capacidade de 700 MW. A concessão da usina, no Rio Teles Pires, entre Mato Grosso e Pará, foi arrematada com deságio de 22%.
A Cemig busca ampliar sua capacidade de geração porque no fim de 2012 decidiu não aderir às novas regras definidas pelo governo federal para o setor elétrico, que levaram a redução das tarifas.
Ao não aderir às novas regras, a empresa terá de devolver à União 18 hidrelétricas até 2015, quando vencem os contratos de concessão. Outras três usinas, Jaguará, Miranda e São Simão, são objeto de disputa. O governo federal afirma que também têm de ser devolvidas; e a empresa entende que o contrato dá a ela o direito de uma renovação automática das concessões.
Num ambiente mais difícil para aquisição de novas usinas, a Cemig reforça a tese da alternativa de energia eólica. "Temos de procurar outras alternativas e a alternativa mais viável hoje são as eólicas, através da Renova que tem ganho nos leilões o contrato de compra de energia de longo prazo."
A Cemig entrou, no ano passado, no bloco de controle da Renova, empresa especializada no segmento de energia eólica e que até 2016 deve alcançar capacidade instalada de 1.500 MW. A estatal mineira passou a ter fatia de 27% no bloco de controle. O negócio de R$ 1,5 bilhão ainda não foi 100% pago pela estatal. Metade desse valor foi saldado com a entrega da Brasil PCH - que havia sido adquirido pela Cemig. "A outra metade vamos buscar um investidor financeiro", disse Rolla "Já estamos em contato com diversos investidores."
O executivo classificou 2013 como "talvez o ano de maior desafio que a Cemig já teve em função das mudanças do fim de 2012". Mas disse: "Se nós tivéssemos aderido, estávamos falidos hoje". E acrescentou que "todas que aderiram estão com resultados negativos".
Em 2013, a empresa teve receita líquida de R$ 14,6 bilhões, alta de 3,5% em relação a 2012. A geração de caixa operacional medida pelo Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 22,4%, para R$ 5,2 bilhões. O lucro líquido somou R$ 3,1 bilhões, alta de 15%.
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