O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, classificou como "absurdo total" a aprovação pelo Senado, na madrugada desta quinta-feira (10), da emenda que redistribui os royalties do pré-sal de forma igualitária entre todos os estados e municípios do País.
"Estão sacrificando o Estado do Rio para capitalizar a Petrobras", reclamou o governador durante coletiva de imprensa convocada no Palácio Guanabara. "A Petrobras não é mais importante que o Brasil, não é mais importante que 16 milhões de habitantes do estado do Rio, não é mais importante que os 5 milhões de habitantes do Espírito Santo", enfatizou Cabral, visivelmente exaltado.
O governador disse que conta com o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem conversou por telefone nesta manhã, sobre a questão. Lula teria garantido que a mudança no pagamento das compensações valerá apenas para os campos do pré-sal e não para as áreas já licitadas.
"Já conversei com o presidente Lula e manifestei a minha indignação. Ele me garantiu que o que vale foi o acordado feito entre mim e ele, no Centro Cultural Banco do Brasil, há cerca de 7 ou 8 meses atrás, quando lá estivemos numa reunião de muitas horas junto com vários ministros. Espero que o presidente vete esta emenda. Isto é uma covardia contra o Estado do Rio", enfatizou Cabral.
Demostrando irritação, o governador se mostrou decepcionado com o próprio partido e disse que não "se sente confortável" para comparecer na Convenção Nacional do PMDB, que acontece no próximo sábado (19), em Brasília.
"Foi uma decepção muito grande ver companheiros do PMDB nessa movimentação, nesas covardia, nesse achaque aos cofres públicos do Estado do Rio. Acho que faltou respeito ao povo do Rio de Janeiro e respeito ao PMDB", criticou o governador.
O prefeito Eduardo Paes também participou da coletiva e não poupou críticas ao senador Pedro Simon e ao fato de a emenda ter sido aprovada de madrugada. "Fiquei muito decepcionado com uma pessoa com a ética do Pedro Simon. Aprovar às 2 horas da madrugada, sem respeitar um acordo, me surpreendeu", afirmou o prefeito.
Rejustes de servidores cortados
Cabral anunciou também que, por causa da aprovação da emenda, vai retirar as mensagens de reajustes aos servidores públicos do Estado. De acordo com ele, apenas o reajuste da Segurança Pública será mantido.
"Meu compromisso com todos os servidores é que, após esse pesadelo, a gente possa voltar a mandar as mensagens a partir de julho", disse, pedindo a compreensão dos funcionários públicos do Rio.