De olho em aquisições e nos investimentos necessários para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, a Brastec Technologies, uma das principais fabricantes nacionais de tubos flexíveis usados na indústria de óleo e gás, fechou acordo para receber um aporte de R$ 70 milhões. Os recursos serão investidos pelo fundo de participações (private equity, no jargão de mercado) do Banco Modal, que passa a deter uma fatia minoritária no capital da empresa - o percentual não foi revelado.
Com sede em Jundiaí (SP), a Brastec foi fundada há pouco mais de dez anos pelo italiano Fabio Romano, originalmente como uma fabricante de cabos de fibra óptica. O grande salto da empresa, no entanto, ocorreu em 2004, quando realizou o primeiro projeto na área de óleo e gás, a pedido da Wellstream - posteriormente adquirida pela GE - que na época também ingressava no segmento no país.
Impulsionada pelo crescimento da indústria, a Brastec apresentou um crescimento médio anual de 40% nas receitas nos últimos cinco anos. Capitalizada, a expectativa da companhia é fechar 2011 com faturamento da ordem de R$ 70 milhões e dobrar a cifra já no ano que vem.
Com o novo sócio, a empresa pretende se tornar uma plataforma de consolidação, com aquisições de concorrentes tanto no país como no exterior, segundo Romano. O executivo também vê potencial para "conglomeração" no segmento, com a compra de companhias que atuem em áreas próximas da Brastec. "Se o projeto se concretizar, provavelmente precisaremos de fontes adicionais de recursos", afirma. Ele pondera que, no momento, a abertura de capital com uma oferta de ações na bolsa ainda não está nos planos.
Além de aquisições, os recursos do aporte de capital serão usados para intensificar os investimentos em pesquisa para atender à demanda do pré-sal. "A tecnologia para a extração de petróleo e gás ainda não está pronta", ressalta Romano. A Brastec pretende desenvolver os equipamentos em conjunto com os clientes, que são as empresas que prestam serviços para as petrolíferas, em linha com a exigência de conteúdo nacional prevista no marco regulatório do setor.
A estimativa é de que apenas a Petrobras responda por metade da demanda mundial de tubos flexíveis, por onde passam o óleo e o gás extraídos das bacias petrolíferas. Romano destaca, porém, que as receitas da empresa não dependem exclusivamente da estatal.
As negociações para o aporte de capital levaram aproximadamente um ano. O investimento na Brastec é o segundo do fundo do Modal, destinado a compra de participações em empresas do setor de óleo e gás. Com R$ 500 milhões em recursos, o private equity - que tem como principais cotistas o BNDES e os fundos de pensão Petros, Funcef e Fundação CEEE - também investiu na Enesa Engenharia.
A ideia é de que o fundo faça entre cinco e oito investimentos, segundo John Michael Streithorst, sócio e responsável pela área de private equity do Modal. Desde o ano passado, os gestores do fundo avaliaram aproximadamente 1,2 mil companhias, dentro de um universo total de aproximadamente 5,5 mil. "As empresas nacionais vão se ver frente a um grande desafio para atender à demanda esperada para o pré-sal", avalia.