Petroquímica controlada pelo grupo Odebrecht e a Petrobras, a Braskem vai investir pesado na construção de novas fábricas no México até 2014, e vai recorrer à Repsol para garantir investimentos no Peru.
A petroquímica já começa a se preparar para tirar do papel o projeto de um megacomplexo gás-químico no Peru, de até US$ 3 bilhões, com a bênção do presidente Alan Garcia.
Vice-presidente da Área Internacional da empresa, Roberto Ramos revela que a empresa recorrerá à espanhola Repsol e ao consórcio produtor do campo de Camisea para dispor das matérias-primas necessárias ao empreendimento, em complementação ao gás do chamado bloco 58, operado pela Petrobras na Amazônia peruana.
A intenção, de acordo com o executivo, é replicar no país andino o modelo de projeto previsto para o México, também de US$ 2,5 bilhões.
Embora o vice-presidente da Braskem negue qualquer desencontro com o sócio Petrobras, o entusiasmo da companhia petroquímica com o projeto peruano contrasta com o cronograma da petrolífera brasileira para desenvolver o campo localizado na área batizada de bloco 58.
Ramos nega que a busca de novos fornecedores se deva ao descompasso entre os ritmos de produção das duas companhias.
A Braskem e o presidente Alan Garcia veem no bloco 58 potencial para reservas de 5 a 7 TCFs (trilhões de pés cúbicos) — equivalente à parcela produzida pela Petrobras nos campos de San Alberto e Santo Antonio, na Bolívia — mas a Petrobras condiciona a viabilidade da área, em plena Amazônia peruana a novas avaliações.
A estatal mantém um cronograma de perfuração para confirmar o que a Perupetro — agência reguladora daquele país — anunciou como uma megacampo.
"O bloco 58 vai produzir matérias-primas para nosso projeto, mas as dimensões do empreendimento (entre 600 mil toneladas por ano e 1 milhão de toneladas por ano) é tão grande que teremos que negociar, também, o suprimento com o consórcio de Camisea e com a Repsol", afirmou o vice-presidente da Braskem, ao revelar que os fornecedores já conhecem as intenções da companhia.
"Para um projeto produzir 1 milhão de toneladas de eteno por ano, são necessários 40 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural."
O empreendimento mexicano, em sociedade com a Idesa, também daquele país, será localizado no complexo petroquímico de Coatzacoalcos.
Para torná-lo viável até 2015, quando deverá começar a produzir, a Braskem firmou contrato de fornecimento de etano, subproduto do gás natural, com a estatal Pemex, do México.
Ao todo, o projeto prevê uma central petroquímica com capacidade anual de produção de 1 milhão de toneladas de eteno, integrada a três unidades de polimerização de 450 mil toneladas por ano de polietileno de alta densidade; 350 mil toneladas por ano de polietileno de baixa densidade linear; e 200 mil toneladas por ano de polietileno de baixa densidade.
Os investimentos na América Latina representam só uma parte da estratégia de crescimento da petroquímica brasileira no mercado mundial.
De olho naquele que ainda detém a condição de maior polo consumidor de termoplásticos do mundo, a empresa voltou a estudar aquisições nos Estados Unidos.
Embora evite adiantar os nomes de possíveis candidatos, para não inflacionar a oferta, Ramos avalia que o possível recrudescimento da crise naquele país pode facilitar a tarefa da Braskem.
"Nós não vamos comprar por comprar", justifica o executivo. "Só vamos partir para aquisições que agreguem ao nosso resultado."