Valor Econômico
A Braskem, maior petroquímica da América Latina, pode se tornar na próxima semana a primeira empresa não-financeira brasileira a lançar bônus perpétuos no mercado internacional. A companhia prepara a emissão de US$ 100 milhões em papéis sem data de vencimento. A operação será coordenada pela corretora americana Merrill Lynch.
As apresentações para investidores começam já nesta quinta-feira, em Cingapura. Na sexta-feira, haverá roadshow em Hong Kong e, no início da próxima semana, as reuniões serão realizadas na Europa, segundo informações de uma pessoa próxima a operação à agência Dow Jones.
O dinheiro captado será usado para reforçar o capital de giro da empresa e para pagamento de dívidas de longo prazo. Os papéis não terão vencimento, mas a Braskem tem a opção de resgatá-los a partir de junho de 2010.
Segundo Reginaldo Takara, analista da Standard & Poor´s que acompanha a Braskem, a empresa vem conseguindo reduzir consideravelmente seu endividamento e melhorar o perfil dos passivos. Em 2003, a petroquímica tinha uma dívida de US$ 2,4 bilhões. No final de março deste ano, ela havia caído para US$ 2 bilhões.
Para Takara, a operação da Braskem sinaliza que as grandes empresas brasileiras já têm acesso mais fácil a financiamento de longo prazo, coisa que não acontecia no passado. Antes da petroquímica, a emissão de prazo mais longo foi a da Vale do Rio Doce, que lançou no ano passado papeís de US$ 500 milhões com prazo de 30 anos. Comenta-se no mercado que a Vale deve ser uma das próximas empresas a lançar bônus perpétuos.
Os papéis da Braskem já possuem dois ratings. Ontem, a S&P divulgou relatório com a classificação de crédito `BB-` para os bônus. Anteontem, a Fitch Ratings já havia atribuído a mesma nota para a emissão. As duas agências ressaltam a melhora dos indicadores da Braskem nos últimos anos, com destaque para o endividamento e o aumento da geração de caixa. Segundo a assessoria de imprensa da Braskem, a empresa está em "período de silêncio" imposto pelas autoridades regulatórias e não pode comentar a operação.
O Bradesco foi a primeira empresa do Brasil a lançar bônus perpétuos, com uma emissão de US$ 300 milhões concluída no final de maio. A operação também foi liderada pela Merrill Lynch. O forte interesse pelos papéis do Bradesco acabou surpreendendo. A demanda foi superior a US$ 780 milhões.
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