Negócios

Braskem acerta suprimento de gás para projeto nos EUA

Polo petroquímico ficará localizado no estado da Virgínia Ocidental (EUA).

Valor Econômico
31/03/2014 17:24
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O projeto de construção de um polo petroquímico no estado da Virgínia Ocidental, nos EUA, a ser liderado pela Odebrecht e que deverá ter a Braskem como operadora, teve uma novidade importante na semana passada. A Antero Resources, empresa independente na exploração de gás natural e petróleo, fechou um acordo para fornecer cerca de 30 mil barris de etano por dia, a metade das necessidades de gás do empreendimento.
Em fase de estudos de viabilidade econômica e técnica, o chamado projeto Ascent (Appalachian Shale Cracker Enterprise) pretende aproveitar o baixo custo do gás nos Estados Unidos, devido à revolução do xisto, numa planta integrada de eteno e polietileno. A área escolhida fica na região onde estão localizadas as grandes reservas de Marcellus Shale e Utica Shale. Com isso, a empresa assegura a proximidade dos fornecedores de um insumo barato, reduzindo os custos de logística, como diz o diretor de Relações Institucionais do Projeto Ascent, David Peebles, destacando ainda que muitos clientes da empresa estão perto dessa área.
Se o projeto Ascent for levado à frente, a expectativa é que a operação comece a operar perto do fim da década. O fechamento do acordo com a Antero é um sinal de que as coisas caminham bem, ainda que o acerto esteja condicionado à decisão final de fazer o investimento. Peebles nota que a reserva da Antero fica próxima de onde se pretende construir as fábricas na Virgínia Ocidental, em Wood County. "Ela será a empresa âncora no fornecimento do gás para o projeto", diz ele. O executivo observa ainda que, na região, há "20, 30, 40 grupos" atuando na exploração do gás na região. "Não há apenas uma empresa dominando o mercado." Com isso, há um número expressivo de possíveis fornecedores.
Não há ainda uma definição exata da magnitude do projeto na Virgínia Ocidental, mas o tamanho deve ser semelhante ao que a Braskem desenvolve no México com o grupo Idesa, previsto para entrar em operação em junho de 2015. Nesse complexo, formado por um "cracker" e três fábricas de polietileno, os investimentos são de US$ 3,2 bilhões, e cada uma das plantas deve produzir de 300 mil a 350 mil toneladas de polietileno por ano, com foco mais importante no mercado interno mexicano, já que o país importa anualmente cerca de 1,2 milhão de toneladas do produto. No projeto americano, a ideia é construir um "cracker" de eteno e três fábricas para produzir polietileno, além da infraestrutura para o tratamento de água e cogeração de energia.
A Braskem deverá comercializar a resina produzida no projeto, mas não será a responsável pelo investimento. Com isso, não terá de fazer desembolsos para bancar o empreendimento, num momento em que está envolvida na obra mexicana e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A companhia preserva, assim, sua capacidade financeira, sem ter que elevar o nível de endividamento.
Controladora da Braskem, a Odebrecht vai investir no projeto por meio da Odebrecht Ambiental, e a ideia é atrair outros investidores. A estruturação de capital do empreendimento, contudo, ainda é objeto de discussão.
Na fase de desenvolvimento e construção do polo petroquímico, poderão ser empregados de 3 mil a 4 mil trabalhadores no momento de pico, segundo Peebles. Na etapa de operação do projeto, deverá haver de 300 a 400 empregados. O executivo observa que a instalação das novas plantas deverá trazer outras empresas para a região, estimulando a criação de mais postos de trabalho.
Depois das compras de plantas da Sunoco em 2010 e da Dow Chemical em 2011, a Braskem se tornou a líder em polipropileno nos EUA. A empresa tem cinco fábricas no país - três no Texas, uma na Pensilvânia e uma na Virgínia Ocidental -, todas elas produzindo polipropileno a partir de nafta. Há também um centro de inovação e tecnologia em Pittsburgh, na Pensilvânia. Peebles diz que o Ascent fica próximo desse centro de desenvolvimento, outro trunfo da localização, assim como a proximidade de fornecedores e clientes.
Com o novo projeto na Virgínia Ocidental, a empresa vai fabricar polietileno a partir do gás de xisto, atuando também em outro mercado nos EUA. "A empresa terá a possibilidade de vender dois tipos de matérias-primas para os clientes", diz Peebles.
Nos últimos anos, os preços do gás caíram com força nos EUA, devido à chamada revolução do xisto. Avanços tecnológicos como a fratura hidráulica e a perfuração horizontal permitiram a exploração das reservas de gás e petróleo de xisto. As cotações do gás, que em meados de 2008 chegaram a quase US$ 13 o milhão de BTU (British termal units), estão hoje um pouco acima de US$ 4 o milhão de BTU. Além de baixar o custo de matéria-prima, o gás mais barato reduz os preços de energia, outra vantagem que atrai a Braskem.
Para melhorar a competitividade global, a Braskem vai aumentar a parcela do gás usada como matéria-prima nos próximos anos. Em 2012, o gás respondeu por uma fatia de 16% dos insumos usados na produção de eteno, uma parcela bem menor que os 78% da nafta. Para 2015, a empresa estima que a parcela do gás suba para 33%, com a entrada em operação do projeto no México, ao passo que a da nafta deve cair para 63%. Em 2018, o gás avançaria para 45%, já levando em conta o impacto do Comperj - a nafta representaria 52%. Uma pequena parcela, de 5% em 2012, 4% em 2015 e 3% em 2018, se refere ao etanol, usado na fabricação do chamado polietileno verde.
Desse modo, o projeto na Virgínia Ocidental será mais um passo para aproveitar os preços atraentes do gás. O governador do Estado, o democrata Earl Ray Tomblin, tem demonstrado sua satisfação. Em novembro, quando se anunciou a negociação do Ascent, Tomblin disse que ele será um fator que "mudará o jogo" para o estado.

O projeto de construção de um polo petroquímico no estado da Virgínia Ocidental, nos EUA, a ser liderado pela Odebrecht e que deverá ter a Braskem como operadora, teve uma novidade importante na semana passada. A Antero Resources, empresa independente na exploração de gás natural e petróleo, fechou um acordo para fornecer cerca de 30 mil barris de etano por dia, a metade das necessidades de gás do empreendimento.

Em fase de estudos de viabilidade econômica e técnica, o chamado projeto Ascent (Appalachian Shale Cracker Enterprise) pretende aproveitar o baixo custo do gás nos Estados Unidos, devido à revolução do xisto, numa planta integrada de eteno e polietileno. A área escolhida fica na região onde estão localizadas as grandes reservas de Marcellus Shale e Utica Shale. Com isso, a empresa assegura a proximidade dos fornecedores de um insumo barato, reduzindo os custos de logística, como diz o diretor de Relações Institucionais do Projeto Ascent, David Peebles, destacando ainda que muitos clientes da empresa estão perto dessa área.

Se o projeto Ascent for levado à frente, a expectativa é que a operação comece a operar perto do fim da década. O fechamento do acordo com a Antero é um sinal de que as coisas caminham bem, ainda que o acerto esteja condicionado à decisão final de fazer o investimento. Peebles nota que a reserva da Antero fica próxima de onde se pretende construir as fábricas na Virgínia Ocidental, em Wood County. "Ela será a empresa âncora no fornecimento do gás para o projeto", diz ele. O executivo observa ainda que, na região, há "20, 30, 40 grupos" atuando na exploração do gás na região. "Não há apenas uma empresa dominando o mercado." Com isso, há um número expressivo de possíveis fornecedores.

Não há ainda uma definição exata da magnitude do projeto na Virgínia Ocidental, mas o tamanho deve ser semelhante ao que a Braskem desenvolve no México com o grupo Idesa, previsto para entrar em operação em junho de 2015. Nesse complexo, formado por um "cracker" e três fábricas de polietileno, os investimentos são de US$ 3,2 bilhões, e cada uma das plantas deve produzir de 300 mil a 350 mil toneladas de polietileno por ano, com foco mais importante no mercado interno mexicano, já que o país importa anualmente cerca de 1,2 milhão de toneladas do produto. No projeto americano, a ideia é construir um "cracker" de eteno e três fábricas para produzir polietileno, além da infraestrutura para o tratamento de água e cogeração de energia.

A Braskem deverá comercializar a resina produzida no projeto, mas não será a responsável pelo investimento. Com isso, não terá de fazer desembolsos para bancar o empreendimento, num momento em que está envolvida na obra mexicana e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A companhia preserva, assim, sua capacidade financeira, sem ter que elevar o nível de endividamento.

Controladora da Braskem, a Odebrecht vai investir no projeto por meio da Odebrecht Ambiental, e a ideia é atrair outros investidores. A estruturação de capital do empreendimento, contudo, ainda é objeto de discussão.

Na fase de desenvolvimento e construção do polo petroquímico, poderão ser empregados de 3 mil a 4 mil trabalhadores no momento de pico, segundo Peebles. Na etapa de operação do projeto, deverá haver de 300 a 400 empregados. O executivo observa que a instalação das novas plantas deverá trazer outras empresas para a região, estimulando a criação de mais postos de trabalho.

Depois das compras de plantas da Sunoco em 2010 e da Dow Chemical em 2011, a Braskem se tornou a líder em polipropileno nos EUA. A empresa tem cinco fábricas no país - três no Texas, uma na Pensilvânia e uma na Virgínia Ocidental -, todas elas produzindo polipropileno a partir de nafta. Há também um centro de inovação e tecnologia em Pittsburgh, na Pensilvânia. Peebles diz que o Ascent fica próximo desse centro de desenvolvimento, outro trunfo da localização, assim como a proximidade de fornecedores e clientes.

Com o novo projeto na Virgínia Ocidental, a empresa vai fabricar polietileno a partir do gás de xisto, atuando também em outro mercado nos EUA. "A empresa terá a possibilidade de vender dois tipos de matérias-primas para os clientes", diz Peebles.

Nos últimos anos, os preços do gás caíram com força nos EUA, devido à chamada revolução do xisto. Avanços tecnológicos como a fratura hidráulica e a perfuração horizontal permitiram a exploração das reservas de gás e petróleo de xisto. As cotações do gás, que em meados de 2008 chegaram a quase US$ 13 o milhão de BTU (British termal units), estão hoje um pouco acima de US$ 4 o milhão de BTU. Além de baixar o custo de matéria-prima, o gás mais barato reduz os preços de energia, outra vantagem que atrai a Braskem.

Para melhorar a competitividade global, a Braskem vai aumentar a parcela do gás usada como matéria-prima nos próximos anos. Em 2012, o gás respondeu por uma fatia de 16% dos insumos usados na produção de eteno, uma parcela bem menor que os 78% da nafta. Para 2015, a empresa estima que a parcela do gás suba para 33%, com a entrada em operação do projeto no México, ao passo que a da nafta deve cair para 63%. Em 2018, o gás avançaria para 45%, já levando em conta o impacto do Comperj - a nafta representaria 52%. Uma pequena parcela, de 5% em 2012, 4% em 2015 e 3% em 2018, se refere ao etanol, usado na fabricação do chamado polietileno verde.

Desse modo, o projeto na Virgínia Ocidental será mais um passo para aproveitar os preços atraentes do gás. O governador do estado, o democrata Earl Ray Tomblin, tem demonstrado sua satisfação. Em novembro, quando se anunciou a negociação do Ascent, Tomblin disse que ele será um fator que "mudará o jogo" para o estado.

 

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