Indústria deve buscar competitividade com projetos com redução de emissões
Redação TN Petróleo/Assessoria IBPLideranças das principais empresas e associações envolvidas com o setor de óleo e gás no país debatem na Rio Oil & Gas 2022 os rumos da indústria diante da acelerada transição energética no mundo. O consenso é de que o Brasil tem potencial para ser líder global nesse processo, dadas suas características geográficas, institucionais e por ser detentor de uma matriz majoritariamente limpa, com mais de 80% de sua geração a partir de fontes renováveis.
“O Brasil tem uma matriz energética notavelmente renovável e a indústria de óleo e gás pode contribuir sobremaneira para a transição até 2050, mudando esses padrões. Nossa posição privilegiada sobre como conciliar a descarbonização, o crescimento econômico, o crescimento populacional e a renovabilidade da matriz vai ser o nosso grande desafio, o desafio do planejamento energético integrado do Brasil para os próximos anos.”, afirmou Fernanda Delgado, diretora-executiva corporativa do IBP, que participou nesta terça (27) do painel “Custos e oportunidades sociais da descarbonização”.
Para o presidente da ExxonMobil, Alberto Ferrin, “o Brasil tem todos os ingredientes para liderar a transição energética, com ambiente fiscal estável, bons parceiros, pessoas capacitadas”. Segundo ele, a demanda por acesso à energia segura vai aumentar, enquanto o petróleo e o gás permanecerão como parte importante da matriz energética. Nesse cenário, a ExxonMobil está reconfigurando seu portfólio de projetos no Brasil, Nigéria, Chipre e Egito para serem competitivos em um cenário de transição.
Ferrin participou do painel “As novas fronteiras exploratórias e os grandes projetos de DP para suporte a uma transição energética segura”, na segunda (26). O executivo destacou que a empresa manterá, globalmente, seu investimento contínuo em exploração de petróleo e o Brasil continuará sendo importante para a Exxon. Ferrin destacou ainda que a companhia irá investir US$ 15 bilhões nos próximos seis anos para encontrar soluções para zerar emissões de CO2 e que a captura de carbono será um dos pilares da ExxonMobil para a transição energética no longo prazo.
Verônica Coelho, presidente da Equinor Brasil, afirmou que a companhia norueguesa tem a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030. Para isso, mais da metade dos investimentos da empresa serão direcionados a renováveis e soluções de baixo carbono. “Somente os projetos mais resilientes serão desenvolvidos, mas sempre concentrando esforços na busca pela redução de emissões”, afirmou a executiva, para quem a combinação de preço de equilíbrio mais baixo, emissões mais baixas e retornos financeiros mais rápidos devem ser as marcas dos novos projetos da companhia.
A Equinor vai colocar em operação, no Campo de Bacalhau, na Bacia de Santos, a primeira FPSO do país a utilizar a metodologia de turbina a gás de ciclo combinado. Também na Bacia de Santos, a empresa atua no Campo de Peregrino, onde o combustível a diesel começou esse mês a ser substituído por gás natural. Quando o campo estiver em total operação, serão evitadas 100 mil toneladas de emissões por ano.
Fernando Borges, diretor-executivo de Exploração e Produção na Petrobras, destacou que o caminho para a transição energética está nos ecossistemas de energia, que criam sinergias entre exploração e produção de petróleo e projetos de energia limpa, levando à redução das emissões líquidas de carbono. Para ele, “o futuro da energia caminha junto com o futuro da indústria de óleo e gás”.
SETOR FUNDAMENTAL NA DESCARBONIZAÇÃO
Em palestra nesta terça, o CEO da Galp, Andy Brown, mostrou o tamanho do desafio que o mundo terá pela frente para cumprir a meta de redução em 1,5 graus celsius da temperatura do planeta, estabelecida no Acordo de Paris. Segundo ele, será necessário um esforço conjunto que envolva sociedade, governos e empresas.
O executivo colocou a indústria de óleo e gás como ator central nesse processo. “Para reduzir a temperatura em 1,5 graus celsius nós temos que descarbonizar nossa matriz 15% ao ano. Estamos alcançando apenas 1,4% ao ano. Então precisamos trabalhar ainda mais”, disse Brown.
O vice-presidente executivo da Galp, Rodrigo Villanova, elevou o papel do Brasil como player da transição energética. “Temos potencial de ser um dos principais motores da transição energética justa, não só na região, mas no mundo. Para isso, temos uma matriz de energia elétrica com mais de 80% renovável, enquanto no resto do mundo isso é na faixa de 25%. Nossas estimativas de custos de hidrogênio verde são de ficar entre os mais baixos do mundo, além de termos uma das mais baixas intensidades carbônicas do planeta na produção de hidrocarboneto de óleo e gás”, exemplificou Villanova.
Flávio Rodrigues (foto), vice-presidente de Relações Corporativas da Shell Brasil, destacou que a companhia “decidiu capturar o compromisso com os acionistas, com a área ambiental e com o relacionamento com os governos locais”. “Desta forma, estamos fazendo uma transformação completa na companhia para manter o que já existe e abrigar energias renováveis.”
Segundo Raquel Coutinho, gerente de riscos da Petrobras, o petróleo seguirá relevante na transição energética. “Em todos cenários de estudos climáticos, mesmo naqueles mais drásticos de redução de consumo de petróleo e gás, essas fontes de energia continuam em um ambiente onde teremos limitado a temperatura global a 1,5ºC. Serão os óleos de altíssima eficiência, chamados de excelência operacional. Eles vão garantir a competividade como uma alternativa aceita em um mundo onde gás de efeito estufa tem que estar limitado.”, finalizou Raquel, que participou do painel ‘Custos e oportunidades sociais da descarbonização’.
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