Redação TN Petróleo/Assessoria UDOP
O litro do diesel na Alemanha, no mês de janeiro, custou mais que o dobro do pago pelo brasileiro. A constatação foi feita pelo Químico Industrial, Especialista em O&G e Doutorando em Bioenergia da Unicamp, Marcelo Gauto. Pelos dados apresentados, os alemães pagaram, em média, o equivalente a R$ 7,94 no litro do diesel no mês de janeiro, considerando uma taxa de câmbio de 1 Euro por R$ 6,40.
Na composição dos preços do óleo diesel no país europeu, vê-se que a incidência de impostos por lá é também mais do que o dobro do valor cobrado aqui. Os alemães pagam 53% de impostos no litro do diesel, contra 23% do valor total do combustível no Brasil. Outros 22% da composição dos preços do óleo diesel na Alemanha são oriundos da distribuição, revenda e adição de biodiesel e o restante (25%) correspondem ao custo do petróleo mais refino.
No mesmo mês de janeiro, o óleo diesel no Brasil custou R$ 3,80 o litro, sendo 23% equivalente aos impostos, 28% na distribuição, revenda e biodiesel e 49% no custo do petróleo mais refino.
O especialista em combustíveis fez ainda o comparativo dos preços no Brasil com os praticados nos Estados Unidos. Nesta comparação, os preços são quase idênticos, já considerando a taxa cambial. O litro do óleo diesel pago pelos norte-americanos foi de R$ 3,82 em janeiro, distribuídos em 22% para os impostos, 22% para distribuição e revenda e 56% para petróleo e refino.
Segundo Gauto, "é preciso levar em consideração nestas comparações que são países muito distintos. EUA e Alemanha tem cultura, educação, renda, tamanho, matriz de transportes, etc, muito diferentes dos nossos, é preciso levar isso em conta. De qualquer forma, é uma comparação válida para saber porque os preços do diesel nos incomodam tanto". O especialista destacou ainda que o preço no Brasil, considerando que somos importadores líquidos, deveria estar mais alto que os preços praticados nos EUA.
Sobre as constantes críticas à atual política da Petrobras de reajustar os preços dos combustíveis no Brasil conforme o mercado internacional, Marcelo Gauto destacou que "cada agente de mercado têm uma visão a respeito disso. A Abicom reclama que os preços ainda estão defasados, a Petrobras nega. A fórmula de cálculo do preço de paridade de importação não é única nem unânime, além de desconsiderar eventuais necessidades do produtor de ajustar seus estoques, favorecendo volume e não preço. O fato de a Petrobras não repassar imediatamente as flutuações de mercado é positivo, até certo ponto, desde que não inviabilize a concorrência."
Questionado sobre o porquê dos preços do diesel na Alemanha sofrerem a incidência tão alta de impostos, o especialista argumentou que isso seria uma forma de frear o uso de combustível fóssil por lá, e, como efeito secundário, estimular o uso de combustíveis renováveis.
Comparando os preços no Brasil com os países que compõe o Brics, ainda em estudo feito por Marcelo Gauto, o Brasil tem o segundo menor valor em dólar por litro, perdendo apenas para a Rússia, que tem um diesel equivalente a 0,64 US$ /litro. No Brasil o preço fica em 0,7 US$/litro, contra 0,9 US$/litro da China, 1,05 US$/litro na África do Sul e 1,12 US$/litro na Índia.
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