Energia Elétrica

Brasil prepara pacote para o Paraguai

Jornal do Commercio
07/05/2008 12:06
Visualizações: 641 (0) (0) (0) (0)

O governo do paraguaio Fernando Lugo, que toma posse em agosto, pretende receber anualmente US$ 1,5 bilhão pela energia elétrica vendida ao Brasil ao final de uma possível revisão do Tratado de Itaipu. Trata-se de uma cifra 5,5 vezes maior que a desembolsada pelo governo brasileiro desde o início de 2007 (US$ 275 milhões por ano), quando foi aceita a mudança na fórmula de reajuste do preço dessa energia.

 

Para amaciar a inevitável discussão e trazer negociadores do novo governo paraguaio "à realidade", o Itamaraty prepara um pacote com pelo menos 14 acordos de cooperação com o Paraguai e acena com projetos de infra-estrutura no país e com investimentos de empresas brasileiras intensivas em energia.

 

"Já disse muitas vezes e repito agora que a essência do Tratado não pode ser negociada. Há maneiras de solucionar as replicações justas e realistas (dos paraguaios) sem alterar o Tratado", afirmou ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "Temos de encontrar soluções que deixem os dois lados satisfeitos por meio da negociação, e não com rompantes arrogantes que só servem para humilhar nossos vizinhos. Essa não é a política do Brasil."

 

No que diz respeito à essência do Tratado, o governo brasileiro rejeita a proposta paraguaia de mudança do artigo 13, que prevê que a energia gerada em Itaipu seja compartilhada apenas pelos seus dois sócios. Com isso, abortará a expectativa da equipe de Lugo de vender sua cota de energia a outros vizinhos. Quanto ao restante do Tratado, Brasília acena com a negociação de uma terceira revisão do anexo C, que define a fórmula de cálculo do preço da energia vendida pelo Paraguai ao Brasil, mas já avisou que não aceitará bases irreais.

 

Uma é a alegação de que o Brasil paga apenas US$ 4 por megawatt cedido pelo Paraguai. O governo brasileiro sustenta que esse é o valor a que se chega depois que são deduzidos os custos operacionais de Itaipu e os pagamentos de royalties. O valor real da tarifa seria de US$ 37 por megawatt. Outra idéia irreal é a equiparação do preço da hidroeletricidade ao do petróleo. Fontes do Itamaraty acreditam que esses pleitos tendem a ser diluídos por argumentos técnicos e também pela própria fragilidade política de Lugo. Sem maioria no Congresso, o ex-bispo católico dependerá do apoio de seu ex-concorrente Lino Oviedo, conhecido como aliado do Brasil, para governar.

 

Independentemente dessas tendências, os planos do governo brasileiro para o Paraguai de Lugo concentram-se em pelo menos três grandes obras, que atendem diretamente ao objetivo da futura equipe econômica de impulsionar o agronegócio no Paraguai.

 

A construção de uma linha de transmissão de energia, entre a usina de Itaipu e Assunção, no valor de US$ 350 milhões, deverá ser conduzida pela Eletrobrás e realizada por empresas brasileiras financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

 

Como lembrou Amorim, o trecho ferroviário entre Cascavel e Foz do Iguaçu, no Paraná, está incluído no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Essa linha faz parte de um desenho maior, que permitirá uma ligação ferroviária entre os portos de Paranaguá (PR) e de Antofagasta, no Chile, passando por Encarnación, no Paraguai, e Posadas, na Argentina.

 

Uma terceira obra do pacote é a construção de um entreposto franco do Brasil em Concepción, no Paraguai, que permitirá o escoamento da soja colhida no Mato Grosso do Sul e nas fazendas paraguaias pela hidrovia do Rio Uruguai. Além dessas obras, o Brasil espera obter a aprovação do projeto de lei que cria o Regime Tributário Unificado, em tramitação no Congresso Nacional. O texto permitirá a formalização dos sacoleiros que se abastecem na fronteira, por meio da aplicação de um imposto único sobre esse negócio, com alíquota que variará de 15,18% a 42%.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Porto de Santos
Ageo Terminais conclui captação de R$ 154 milhões em deb...
07/07/25
Logística
Durante o Macaé Energy, Líder Aviação destaca experiênci...
07/07/25
Gás Natural
SCGÁS divulga novos projetos aprovados por meio de leis ...
04/07/25
Rio Grande do Sul
Sulgás defende mobilização de deputados gaúchos para ass...
04/07/25
Biodiesel
ANP recebe doação de equipamentos para detectar teor de ...
04/07/25
Meio Ambiente
Biometano emite até 2,5 vezes menos CO₂ do que eletricid...
04/07/25
Fusões e Aquisições
Petróleo lidera fusões e aquisições globais; especialist...
04/07/25
Investimentos
Petrobras irá investir R$ 33 bilhões em projetos de refi...
04/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Petrobras aposta no Sergipe Oil & Gas e será a patrocina...
04/07/25
Pessoas
Julia Cruz é a nova secretária de Economia Verde, Descar...
03/07/25
Gás Natural
TBG lança produto de curto prazo flexível anual
03/07/25
Resultado
Grupo Potencial cresce 70% em vendas de Arla 32 e planej...
03/07/25
Petroquímica
Vibra entra no mercado de óleos básicos para atender dem...
03/07/25
Biocombustíveis
Brasil pode liderar descarbonização do transporte intern...
03/07/25
Energia Elétrica
PMEs: sete dicas para aderir ao mercado livre de energia
03/07/25
Oportunidade
Vibra adere ao Movimento pela Equidade Racial
03/07/25
Pré-Sal
Oil States assina novos contratos com a Subsea7
02/07/25
Sustentabilidade
Congresso Sustentável CEBDS 2025 reúne 300 pessoas em Belém
02/07/25
Energia Elétrica
Com bandeira vermelha em vigor desde junho, energia reno...
02/07/25
Amazonas
Super Terminais e Governo do Amazonas anunciam primeira ...
02/07/25
Transição Energética
CCEE reforça protagonismo na transição energética durant...
02/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.