América do Sul

Brasil não aceita ação unilateral da Bolívia, afirma Amorim

Valor Econômico com
24/10/2006 00:00
Visualizações: 358

O governo brasileiro reagiu ontem à reiterada ameaça do governo da Bolívia de tomar unilateralmente as propriedades da Petrobras no país, caso a empresa não firme, até sábado, novo contrato para atuar no setor de gás e petróleo. Em tom inusitadamente duro, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, garantiu que o Brasil "não aceitará uma decisão unilateral" do governo boliviano. "Espero que não ocorra, mas se houver (decisão arbitrária) reagiremos", disse.

Celso Amorim, das Relações Exteriores: "Não vamos aceitar acordo

que não seja bom para o Brasil e para a Bolívia"
 
Mais otimista, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, após

trocar, ontem três telefonemas com o ministro de Hidrocarbonetos

da Bolívia, Carlos Villegas, disse ter "sinais de avanço" nas

negociações da Petrobras com o governo boliviano.

"Estou muito esperançoso com as negociações", afirmou Rondeau, ao

informar que espera viajar a La Paz, até sábado, caso seja

bem-sucedida a missão enviada pelo governo brasileiro para

acompanhar os negociadores da Petrobras na Bolívia. Mais tarde,

sua assessoria informou que a viagem não está marcada, e que o

ministro estaria anunciando sua disposição de prestigiar um

acordo, caso ele aconteça.

Participam da missão Helena Cláudia de Almeida Cantizano,

assessora internacional do Ministério das Minas e Energia, e

Pedro Miguel da Costa e Silva, assessor internacional da

Presidência da República. As negociações, até a sexta-feira,

estavam bem mais difíceis do que indicam as declarações de

Rondeau.

O governo boliviano, depois de indicar que poderia negociar o

peso dos tributos impostos sobre a produção de gás (82%),

endureceu nas conversas, e apresentou uma proposta de contrato

que dá mais poderes ao governo boliviano para contestar os

critérios de contabilidade da empresa e permite a transferência

dos negócios da Petrobras Bolívia a outra empresa, após aviso

prévio de 30 dias, caso seja do interesse do governo local.

Amorim comentou que as autoridades brasileiras e bolivianas têm

mantido contato constante. "Em uma negociação como essa é normal

que haja fases de altos e baixos", reconheceu o ministro, por

meio da assessoria do ministério. "Não vamos aceitar um acordo

que não seja bom para o Brasil e para a Bolívia", afirmou o

ministro, reconhecendo ser "difícil chegar a esse denominador

comum".

Em São Paulo, o coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio

Lula da Silva à reeleição, Marco Aurélio Garcia, admitiu que, se

não houver acordo, a Petrobras sairá da Bolívia e cobrará

indenização. "Se houver um acordo, ótimo. Se não houver acordo, a

Petrobras se retirará da Bolívia. Ou ela será indenizada por

vontade do governo boliviano ou será indenizada em função de

decisões dos tribunais internacionais", disse Garcia.

Pelo decreto que nacionalizou todas as atividades de produção,

exploração e venda de gás e petróleo na Bolívia, divulgado em 1º

de maio pelo presidente Evo Morales, as empresas privadas que

atuam no setor teriam de renegociar seus contratos até 28 de

outubro, o próximo sábado.

Apesar de rumores de que o governo boliviano poderia adiar o

prazo, o presidente Evo Morales e seus ministros, nos últimos

dias, têm insistido que a data é inegociável, e fizeram questão

de comunicar essa decisão, reservadamente, ao governo brasileiro,

para que não se imaginasse, em Brasília, que a inflexibilidade no

prazo seria apenas retórica para o público interno.

A missão brasileira que está em La Paz negocia apenas os

contratos de exploração a cargo da Petrobras; ainda restam

definições em relação às duas principais refinarias do país, que

a estatal YPFB deverá assumir. Também está indefinida a

negociação sobre o preço do gás fornecido ao Brasil. A queda no

preço do combustível, no mercado internacional, enfraqueceu os

argumentos dos negociadores bolivianos.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Margem Equatorial
Rio-Macapá: novas fronteiras levam à região Norte
12/11/25
COP30
Petrobras e BNDES lançam primeiro edital do ProFloresta+...
12/11/25
Evento
ANP participa de conferência de Geofísica Sustentável, d...
12/11/25
Pré-Sal
PPSA aguarda decisão sobre aumento de participação da Un...
12/11/25
Bacia de Campos
PRIO assume operação do Campo de Peregrino com aquisição...
12/11/25
COP30
Portaria sobre embarcações sustentáveis entra em consult...
12/11/25
COP30
Eficiência energética é essencial para desacoplar cresci...
12/11/25
COP30
Embrapii abre chamada pública para capacitação de grupos...
12/11/25
PD&I
União de expertises
12/11/25
Gás Natural
GNLink e Bahiagás firmam contrato para levar gás natural...
11/11/25
Pré-Sal
P-79 deixa estaleiro na Coreia do Sul rumo ao campo de B...
11/11/25
Amazonas
Petrobras e Amazônica Energy firmam primeiro contrato pa...
11/11/25
Refino
Complexo de Energias Boaventura terá unidades de refino ...
11/11/25
COP30
Soluções baseadas na Natureza: mitigar mudanças climátic...
10/11/25
Combustíveis
Etanol registra alta na primeira semana de novembro, apo...
10/11/25
Brandend Content
Oil States participa da OTC Brasil 2025 e reforça seu co...
07/11/25
Resultado
Lucro líquido da Petrobras chega a US$ 6 bilhões no terc...
07/11/25
ANP
XIII Seminário de Segurança Operacional e Meio Ambiente ...
07/11/25
Indústria Naval
Transpetro lança licitação para contratação de navios de...
07/11/25
COP30
Embrapii participa de atividades sobre inovação na indústria
07/11/25
ANP
Combustível do Futuro: ANP fará consulta e audiência púb...
07/11/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.