Energia Nuclear

Brasil exporta urânio enriquecido pela primeira vez para Argentina

Contrato firmado pelas Indústrias Nucleares do Brasil prevê o fornecimento de quatro toneladas do produto para a carga inicial de um reator na Argentina.

Assessoria MCTIC/Redação
23/06/2016 12:38
Visualizações: 1103

As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) firmaram contrato para exportar urânio enriquecido pela primeira vez. A parceria com a empresa estatal Combustibles Nucleares Argentinos (Conuar) prevê o envio de quatro toneladas de pó de dióxido de urânio (UO2) para a carga inicial de abastecimento de um reator localizado na cidade de Lima, ao norte de Buenos Aires. O contrato, no valor de US$ 4,5 milhões, foi assinado em junho.

Para o presidente da INB, João Carlos Tupinambá, o provimento representa um marco na cooperação em pesquisa nuclear entre Brasil e Argentina, ao inserir a empresa pública no cenário internacional de enriquecimento de urânio para fins pacíficos. "O nosso primeiro passo é consolidar esse relacionamento, ou seja, tornar o país um fornecedor contumaz", diz. "A ideia é, futuramente, subir de patamar para um contrato com mais recargas, de longo prazo."

Enriquecido na fábrica da INB em Resende (RJ), o produto ainda precisa de autorização da Coordenação-Geral de Bens Sensíveis do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para completar o processo de exportação. As quatro toneladas se dividem em três lotes com teores de enriquecimento de 1,9%, 2,6% e 3,1%. O transporte será feito por dois caminhões, que podem sair do município fluminense até quinta-feira (23). Segundo Tupinambá, caso o deslocamento não ocorra nesta semana, é provável que seja adiado para setembro, porque o comboio só tem permissão para circular sob escolta da Polícia Rodoviária Federal, prestes a ser deslocada para o Rio de Janeiro para atuar nas Olimpíadas.

O presidente da INB esclarece que a exportação não afeta o abastecimento de combustível das centrais nucleares de Angra dos Reis (RJ). Atualmente, a Usina de Enriquecimento possui seis cascatas de ultracentrífugas em operação e atende cerca de 40% das necessidades de Angra 1. Quando concluir a primeira etapa de implantação da estrutura, com a construção e a entrada em operação de mais três cascatas, devem ser atendidas 100% das necessidades de urânio enriquecido de Angra 1 e 20% de Angra 2.

Marco

Na opinião de Tupinambá, o acordo ratifica a competência técnica da INB. "O Brasil domina o ciclo de enriquecimento de urânio. É importante ressaltar que há nesse fornecimento uma relevante agregação de valor aos produtos e que o material foi produzido tanto por atividades de enriquecimento do urânio quanto por atividades de fabricação de pó de UO2, ambas executadas na fábrica de combustível nuclear de Resende."

Segundo ele, apenas outros 11 países enriquecem urânio no planeta. A tecnologia utilizada na unidade da INB em Resende é a de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico, desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), autarquia gerida administrativa e tecnicamente pela Cnen.

O acordo com a Argentina não envolve intercâmbio de conhecimento, uma vez que prevê a entrega de um produto pronto, mas, na visão do presidente da INB, "abre perspectivas de intercâmbio, para que se verifique complementariedades". Ele lembra que a empresa estatal argentina Invap participa do desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e que os programas nucleares dos dois países são contemporâneos, iniciados na década de 1960.

Criada em 1988, a INB atua na cadeia produtiva do urânio, da mineração à fabricação do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucleares. A empresa pública é vinculada ao MCTIC, tem sede no Rio de Janeiro e também está presente nos estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais e São Paulo.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Oferta Permanente
Equinor arremata dois novos blocos na Bacia de Campos du...
23/10/25
Oferta Permanente
Firjan comemora resultado do Leilão de Partilha da ANP, ...
23/10/25
OTC Brasil 2025
Evento reúne lideranças globais da indústria offshore e ...
22/10/25
Oferta Permanente
3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da ANP tem cin...
22/10/25
Posicionamento IBP
3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha de Produção
22/10/25
Margem Equatorial
Foresea estende contratos das sondas ODN II e Norbe IX c...
22/10/25
OTC Brasil 2025
Masterclass OTC Brasil 2025: Inovação, Liderança e Tecno...
22/10/25
Etanol
ORPLANA propõe criação de índice de ATR negociado em bol...
22/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 começa em uma semana com programação int...
21/10/25
Combustíveis
Postos Petrobras mantêm liderança em confiança com progr...
21/10/25
Petrobras
Perfuração é liberada na Margem Equatorial
21/10/25
Etanol
Setor naval busca no etanol brasileiro uma alternativa a...
21/10/25
Projeto
Parceria entre Neoenergia e Estaleiro Atlântico Sul most...
21/10/25
OTC Brasil 2025
PPSA realiza evento sobre Leilão de Áreas Não Contratada...
21/10/25
ANP
Transmissão do 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha...
21/10/25
Combustíveis
Petrobras reduz preços da Gasolina A em 4,9% para distri...
21/10/25
Pré-Sal
União recebe R$ 1,54 bilhão por acordo celebrado entre P...
21/10/25
Margem Equatorial
Concessão de licença para perfuração na Margem Equatoria...
20/10/25
Margem Equatorial
Manifestação da ABESPetro sobre o licenciamento da Marge...
20/10/25
Combustíveis
Fiscalização do abastecimento: ANP firma acordo com o Ip...
20/10/25
Negócio
Transpetro lança licitação para aquisição de barcaças e ...
20/10/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.