Reuters, 08/09/2017
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve desembolsar 14,1 bilhões de reais para projetos no setor elétrico neste ano, alta de mais de 50 por cento ante 2016, em uma evidência de que o segmento segue como uma das prioridades nos empréstimos, disse à Reuters uma executiva do banco de fomento.
A projeção vem após uma forte queda dos desembolsos no ano passado, para 9,2 bilhões de reais, e em um momento em que o Congresso brasileiro acaba de aprovar uma mudança nos empréstimos do banco, que a partir de 2018 deverão ser atrelados à Taxa de Longo Prazo (TLP). [nL2N1LM2E8]
Com a nova taxa, que substituirá a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), o governo federal busca reduzir custos com subsídios nos empréstimos do BNDES, uma vez que a TLP será mais próxima dos custos de captação de recursos pelo Tesouro no mercado.
“Evidente que a aprovação da TLP faz o banco se debruçar sobre seu papel e a definição de sua política operacional. Mas não imagino para energia a gente recuar ou reduzir nossa participação, mesmo com custo de dívida diferente”, disse a superintendente da área de energia do banco, Carla Primavera.
“A mensagem principal é que a gente continua com empenho e interesse em manter nossa presença relevante no setor elétrico. A gente imagina não ter recuo, principalmente no segmento de renováveis. Isso não está em discussão, é uma prioridade e sempre foi”, ressaltou.
Desde 2003, os empréstimos aprovados pelo BNDES para empreendimentos em eletricidade somam 182,7 bilhões de reais. Projetos de hidrelétricas responderam pela maior parte das operações, com 68,5 bilhões, enquanto usinas eólicas somaram 33,2 bilhões aprovados.
A executiva explicou que a visão do banco é de que o mercado de financiamento privado ainda não é capaz de viabilizar sozinho empreendimentos de longo prazo, como é o caso de investimentos na expansão do sistema elétrico.
“A gente entende que é um papel relevante do banco continuar a dar segurança para os empreendedores... a gente pode financiar esses projetos de longo prazo. O BNDES entende que é uma lacuna que ele pode preencher enquanto esse mercado (privado) não se desenvolve”, explicou.
Reforma
A superintendente disse que o BNDES também tem participado das discussões do governo federal para uma reforma na regulamentação do setor elétrico, o que envolve reuniões com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
“Temos feito encontros técnicos e conversado sobre o novo marco regulatório... vamos saber entender o risco envolvido e oferecer a melhor condição de financiamento dado o novo marco”, afirmou Carla.
Nos primeiros seis meses do ano, os desembolsos do BNDES para o setor de energia elétrica somaram 6,3 bilhões de reais, com os recursos direcionados principalmente a usinas eólicas e linhas de transmissão.
Leilões de 2017
A superintendente da área de energia do BNDES disse ainda que o banco tem avaliado as condições de financiamentos que serão praticadas em um leilão de concessões para novas linhas de transmissão de energia e dois certames para contratação de novas usinas de geração --todos previstos para dezembro.
“Toda vez que há um leilão programado a gente discute as condições, e estamos nesse processo neste momento”, disse Carla.
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