Sistema é interligado e tem dimensões continentais.
Agência Brasil
Um dia depois do blecaute que afetou consumidores no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, especialistas analisam os impactos e as possíveis causas do problema. Na avaliação do coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, o episódio foi um problema técnico e conjuntural, que não tem relação direta com a falta de chuvas, com o calor e o aumento da demanda.
Segundo Castro, o Brasil aprendeu muito com o apagão de 2001 e hoje tem um sistema elétrico com planejamento muito criterioso. “Os apagões que estão ocorrendo não estão relacionados com crise do sistema elétrico brasileiro. Não há essa perspectiva de crise. O que acontece é que, dada a característica de o sistema elétrico ser interligado, ter dimensões continentais e transmitir blocos de energia em volumes muito grande constantemente de uma região para a outra, quando acontece algum problema de ordem técnica, você tem um desligamento”, explica o especialista.
Para Castro, se for detectado um erro humano ou falha técnica previsível, o empreendedor proprietário da rede deverá ser multado pesadamente. Segundo ele, blecautes como o de terça-feira não têm como ser evitados, pois são fenômenos aleatórios. A única alternativa seria construir novas linhas de transmissão para serem usadas que ficariam ociosas, a um custo muito alto para a sociedade brasileira.
Para Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), o blecaute de ontem foi um evento grave, embora tenha sido fruto de um acidente de transmissão, que, segundo ele, sempre pode acontecer. “Mas neste momento, com essa situação de altas temperaturas, muita demanda de energia elétrica e pouca chuva, a situação é muito delicada”, avalia.
O especialista explica que o aumento da demanda não foi determinante para a queda de energia ocorrida ontem, mas essa situação faz com que o governo tenha que fazer um “jogo de energia”. “Eles estão colocando mais termelétricas, a água já está abaixo do que se esperava, e eles estão fazendo das tripas coração para usar o sistema da melhor maneira possível. Isso obriga muita transferência de energia e, se cai uma linha, eles não tem alternativa”, diz o diretor da Coppe.
No dia 4, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, disse que a falta de energia que afetou consumidores no Sul, Sudeste e Centro-Oeste não foi provocada pelo excesso de demanda, apesar de o calor intenso nas últimas semanas. O governo ainda estuda as causas do desligamento, que aconteceu na rede entre Tocantins e Goiás e uma reunião técnica ocorre amanhã, na sede da ONS.
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