O valor captado, em todo o mundo, por operações de abertura de capital aumentou 39% no segundo trimestre de 2011, quando comparado ao primeiro trimestre deste ano. Em relação ao mesmo período de 2010, observou-se um aumento de 38%, segundo dados divulgados pelo estudo Q2 2011 Global IPO update, produzido pela Ernst & Young.
Durante o segundo trimestre deste ano, foram realizados 378 IPOs, totalizando uma captação de recursos da ordem de US$ 64,61 bilhões. Os mercados emergentes são destaque. Nos países do BRIC houve 125 aberturas de capital com um volume de US$ 24,8 bilhões.
“A Ásia foi responsável pelo aquecimento do mercado, contabilizando 173 operações, que levantaram US$ 25,3 bilhões”, informa André Viola Ferreira, sócio para mercados emergentes da Ernst & Young Terco. Só essa região recebeu 40% do valor global angariado. Em seguida se encontram Europa, Oriente Médio e África (34%); América do Norte (18%); e América Central e do Sul (8%).
Os três setores que mais colaboraram para os resultados globais foram materiais, que engloba metais, mineração, produtos químicos, material de construção, contêineres e embalagens, papel e celulose, com US$ 15,5 bilhões; industrial, com US$ 7,5 bilhões; e energia, com US$ 6 bilhões. Esses segmentos foram responsáveis por 45% do valor. Os três setores, junto com o de tecnologia, vêm alavancando a revitalização das aberturas de capital na Europa e América do Norte.
Internet movimenta IPOs nos EUA
Por conta da expectativa de alto crescimento, a abertura de capital de empresas de internet tem alavancado o mercado norte-americano em 2011. Já a demanda para setores não tecnológicos vem se mostrando bem menor. Das 46 operações realizadas nas bolsas de valores dos Estados Unidos, em um total captado de US$ 13,8 bilhões, 14 acordos foram de empresas de tecnologia, movimentando US$ 4,9 bilhões.
O maior IPO do setor de tecnologia neste segundo trimestre foi o realizado pela empresa que criou o mecanismo de busca mais popular da Rússia, o Yandex. A abertura da capital, feita na Nasdaq, levantou US$ 1,43 bilhão. “A revolução nos sites de relacionamento determinará o preço dos IPOs das mídias sociais. A maior expectativa, como não poderia deixar de ser, é em relação ao Facebook”, diz Ferreira.
Europa registra aumento de 534%
No segundo trimestre, as operações no mercado europeu registraram aumento de 534% no capital levantado (US$ 17,7 bilhões, via 95 IPOs), quando comparadas ao primeiro trimestre. O desempenho europeu foi alavancado pela Glencore, empresa suíça de commodities, que listou suas ações na bolsa de valores de Londres e captou mais de US$ 10 bilhões. A bolsa de Londres foi responsável por US$ 12,6 bilhões, com 21% do capital angariado proveniente de companhias russas.
Ásia sustenta liderança
O mercado asiático ainda lidera o mundo de IPOs. Só na China ocorreram 108 operações com um volume de US$ 20,4 bilhões. A bolsa de valores de Hong Kong (HKEx) registrou 19 IPOs no valor de US$ 11,3 bilhões. Entre as maiores aberturas de capital do mercado asiático, durante o período, destaca-se a marca de luxo italiana Prada, listada em Hong Kong e que movimentou US$ 2,15 bilhões.
Apesar do desempenho, a atividade chinesa de IPOs reduziu-se no período diante do receio em relação a pressões inflacionárias sobre commodities e moradia. Porém, o fluxo chinês ainda é forte. “Apesar do contínuo receio em relação à recuperação econômica global, os IPOs continuam sendo a principal estratégia de muitas companhias para captar recursos e sustentar o crescimento”, afirma o sócio da Ernst & Young Terco. “A expectativa é que o segundo semestre mantenha um ritmo de crescimento no número de operações, com novas ofertas”, completa.
Brasil
O Brasil liderou a captação no continente, sendo responsável por operações que somaram US$ 2 bilhões (3,1%), seguido de Argentina (US$ 1,4 bilhão) e Chile (US$ 1,1 bilhão). Neste ano, já ocorreram 10 IPOs no país, sendo que no ano passado, foram realizadas 11 operações durante todo o ano.
No país, são esperadas 30 operações com captação média de US$ 500 milhões em 2011 em setores como varejo, petróleo e gás e mineração. “O crescimento dos mercados emergentes teve participação decisiva neste quadro, sobretudo em privatizações, operações locais de empresas multinacionais nos setores de commodities, infraestrutura e tecnologia”, revela Paulo Sérgio Dortas, sócio-líder de IPOs na Ernst & Young Terco.