Valor Econômico
O anúncio na semana passada das mudanças nas projeções atuariais do fundo de pensão e dos planos de saúde dos funcionários da Petrobras esfriou parte do ânimo dos analistas em relação às ações da estatal do petróleo. A companhia mudou a provisão dos gastos para acompanhar o aumento da expectativa de vida de seus funcionários.
O número, antes calculado pela média da população brasileira, passou a levar em conta a longevidade dos investidores da fundação Petros. Segundo fato relevante da empresa, as despesas da companhia sofreram um acréscimo de R$ 1,207 bilhão (R$ 990 milhões para o fundo de pensão e R$ 217 milhões para o plano de saúde) de 2003 para 2004.
Com isso, o passivo da Petrobras teve um aumento de R$ 1,516 bilhão do passivo da estatal. A empresa diz que os números não devem ter impacto no balanço do ano passado, a ser divulgado no próximo dia 25, mas que devem ser diluídos nos próximos anos. Apesar do esclarecimento, o Banco Brascan estima em relatório divulgado a seus clientes que a revisão deve representar uma redução de R$ 1,10 no lucro líquido por ação no resultado já de 2005, ou 5% do lucro líquido anual projetado pela corretora.
Já a Merrill Lynch vê um impacto de 4,1% no lucro da Petrobras, mas encarou os números como uma forma mais precisa de calcular as eventuais despesas que a empresa teria caso todos seus funcionários resolvessem se aposentar hoje. Além disso, cita que pequenas mudanças em outras variáveis - como custo de produção, preço do petróleo e exportações - podem ter maior peso nos balanços.
A corretora americana mantém o preço alvo de R$ 152,00 para as ações PN da Petrobras e diz que eventuais notícias negativas para a empresa podem representar oportunidades de compra dos papéis. De fato, as preferenciais da estatal são a maior recomendação da Carteira Valor para fevereiro.
Em resposta ao pessimismo de sexta-feira, ontem os papéis foram destaque de alta do Ibovespa, com variação de 4,42%, cotadas a R$ 101,61. O índice da bolsa subiu 2,26%. No último pregão da semana passada, os papéis tinham subido 1,14% frente ao 3,45% do índice. Um ponto favorável à estatal freqüentemente citado é o aumento da produção esperado com a entrada em funcionamento das plataformas P-43 e P-48.
A chefe de análise da Espírito Santo Research, Mônica Araújo, espera aumento de até 12% no petróleo produzido e lembra que os preços internacionais do diesel e da gasolina estão mais baixos do que os brasileiros. Daniela Pinho, da Fator Corretora, recomenda os papéis, mas lembra que as plataformas deveriam ter começado a operar no ano passado, para chegar à meta de produção de 137 mil barris por dia já em abril e de 1,7 milhão no ano. Para alguns analistas, a meta já estaria comprometida em função de falhas técnicas nas fases de testes.
Outras empresas do setor que podem oferecer boas oportunidades no mercado são Refinaria Ipiranga e Petróleo Ipiranga, devido aos baixos preços das ações e aos freqüentes boatos sobre a venda do grupo. No caso da refinaria, a grande vantagem estaria na sua participação majoritária na Ipiranga Petroquímica, da qual recebe dividendos e que pode se beneficiar da queda recente do dólar, moeda na qual tem 85% de sua dívida, explica Renato Prado, da Fator. Já a Petróleo Ipiranga tende a ganhar mercado no crescente cerco ao combustível adulterado, diz. "O negócio de distribuição está subavaliado". Nesse mesmo ramo está a Distribuidora Ipiranga, que atua no Oeste de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, áreas consideradas saturadas pelo analista.
Ainda no setor de petróleo e gás estão as ações da Comgás. O Banco Brascan elevou a projeção de preço justo em 15,6%, para R$ 295,12 o lote de mil. Ontem, as ações PNA fecharam a R$ 261,10. A expectativa é de redução no longo prazo do custo do gás - por causa da valorização do real - e de um crescimento de 11,1% no volume de gás vendido pela distribuidora paulista, além de uma geração de caixa 19,4% no quarto trimestre superior à do mesmo período de 2003.
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