China e Índia se destacam como grandes potências no setor.
Redação
Levantamento recente da Roland Berger, uma das principais empresas de consultoria em gestão empresarial do mundo, indica que, enquanto o mercado petroquímico europeu deve enfrentar tempos difíceis no curto prazo, o asiático caminha a passos largos. O estudo "Mercado petroquímico na Ásia a caminho de sua independência” analisa a situação atual de toda a indústria petroquímica e descreve as perpectivas para o setor e o potencial da Ásia no ramo, além de apresentar quatro fatores importantes: demanda regional, acesso a matérias-primas, apoio do governo e know-how local.
A Ásia possui um cenário bastante diversificado no que diz respeito a produtos petroquímicos. O maior mercado é o da China, que tem como objetivo aumentar sua autossuficiência e utilizar mais de seus próprios recursos naturais. A Índia ainda está na primeira fase de desenvolvimento, mas já desponta em segundo lugar no mercado global de petroquímicos. No Sul da Ásia, no entanto, a situação é contrária. Ainda há a fragmentação e a importação ainda é necessária.
Segundo o estudo, a indústria precisa se preparar para algumas mudanças drásticas de cenário, já que a demanda global por esses produtos deve dobrar ao longo das próximas duas décadas. A Europa e a América do Norte, em conjunto, representam cerca de 40% da demanda, mas esse coeficiente deve cair para pouco mais de 20% até 2030. A Ásia, por sua vez, já detém a maior parte do mercado petroquímico global, com 43%, e há uma previsão de que esse número atinja aproximadamente 55% até 2030. Os dois maiores protagonistas são China e Índia, que esperam um crescimento anual de 6% e 10%, respectivamente.
“Isso se deve, principalmente, ao desenvolvimento econômico positivo e à melhora do padrão de vida no continente. Estima-se que, até 2020, o número de consumidores chineses com renda anual superior a US$ 10 mil vai aumentar em 300 milhões e, em 2025, a classe média da Índia provavelmente contemplará 400 milhões de consumidores”, explica Stephan Keese, sócio da Roland Berger Strategy Consultants.
A disponibilidade de matérias-primas, o acesso à tecnologia e a experiência de gestão serão os desafios estratégicos mais importantes nos próximos anos. Nas últimas décadas, as companhias asiáticas investiram fortemente em tecnologia e ampliaram seu know-how. Em princípio, europeus e americanos exportavam produtos petroquímicos e depois usavam sua experiência para criar sites locais de produção na Ásia. Hoje em dia, a tecnologia e os profissionais já estão sendo desenvolvidos diretamente na região.
Os governos chinês e indiano, em razão desta mudança, estão tomando diversas medidas para diminuir a diferença para o Ocidente. Em Xangai, por exemplo, a Dow Chemicals e a Sabic já abriram grandes centros de inovação e desenvolvimento. A Índia fez algo similar em 2012, com o objetivo de transformar o país em um centro de substâncias químicas inovadoras e produtos petroquímicos.
A independência da Ásia criará um cenário desfavorável às empresas europeias, que correm risco de perder mercados críticos de vendas. Desta forma, elas terão de se adaptar aos modelos de negócios para melhor atender às características dos mercados asiáticos petroquímicos.
“Isto significa que a indústria petroquímica global será cada vez mais regional e as empresas ocidentais, em particular, terão que se reajustar para não perder em vendas”, conclui o executivo.
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