Gás

Argentina adia compra da Bolívia e pode faltar gás

Valor Econômico
25/02/2010 13:07
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Sem investimentos suficientes na produção de gás na Bolívia e nos dutos necessários para levá-lo à Argentina, os dois países decidiram adiar o cronograma do acordo firmado em 2006 para aumentar as importações argentinas do combustível boliviano.

 

Pelo novo entendimento, que deverá ser anunciado pelos presidentes Evo Morales e Cristina Kirchner no fim de março, a Bolívia adiará por três anos - de 2014 para 2017 - a entrega do volume de 27 milhões de m3 por dia pactuado originalmente. Também sofrerá atraso o cronograma de aumento gradual, a partir de 2010, do gás prometido para a Argentina.

 

Isso ocorrerá, essencialmente, pelo estado letárgico em que se encontra o projeto de construção do Gasoduto do Nordeste, previsto para entrar em operação neste ano. Anunciado há quatro anos pelo ex-presidente Néstor Kirchner, o gasoduto permitiria elevar a capacidade de importação do gás boliviano pelas províncias do nordeste argentino, mas suas obras sequer começaram. Hoje, a Argentina compra da Bolívia até 7,7 milhões de m3/dia, durante o inverno, mas o fluxo é inconstante e cai muitas vezes para menos de 2 milhões de m3/dia, tornando incerto o abastecimento interno.

 

O novo cronograma, cujos detalhes ainda estão sendo negociados, estabeleceria em 5 milhões de m3/dia o volume garantido para 2010, aumentando para 16 milhões de m3/dia em 2013, até 27 milhões de m3/dia em 2017.

 

Para o consultor Daniel Montamat, ex-secretário de Energia da Argentina e ex-presidente da petrolífera YPF, o atraso pode resultar em novos cortes de fornecimento de gás à indústria, no próximo inverno. Esse foi um problema recorrente nos anos de "crescimento chinês" da economia argentina, quando o PIB se expandiu acima de 7%, antes da crise mundial. Por privilegiar o abastecimento residencial, o governo chegou a racionar gás para as indústrias.

 

"Isso acontecia só no inverno. Desta vez, já começamos o ano importando GNL (gás natural liquefeito), e o governo está lançando uma licitação para trazer outros 12 navios", comenta Montamat. Segundo ele, "não dá para construir" um gasoduto que exige investimentos estimados em US$ 1,7 bilhão com "tamanha incerteza".

 

A cimenteira Loma Negra, controlada pela brasileira Camargo Corrêa, é uma das empresas que sofreram bastante com esses cortes. Para escapar, investiu na conversão de quase todos os fornos de suas unidades para o uso de combustíveis alternativos ao gás, sobretudo o coque, mas também óleo. Isso tornou os fornos bicombustíveis a partir de 2007. No ano passado, a Loma Negra realizou novos investimentos para usar pneus e resíduos da indústria química como combustível.

 

"Há uma combinação de falta de investimentos na produção de gás na Bolívia e no Gasoduto do Nordeste", diz o embaixador Jorge Hugo Herrera Vegas, coordenador do comitê de assuntos energéticos do Cari, o Conselho Argentino para as Relações Internacionais. Para ele, a entrega de 27 milhões de m3/dia pela Bolívia à Argentina depende da velocidade de exploração do pré-sal pelo Brasil.

 

De acordo com Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o Brasil "provavelmente" não precisará mais do volume de 30 milhões de m3/dia da Bolívia em 2017 - capacidade máxima do gasoduto entre os dois países e limite previsto no acordo bilateral.

 

O campo de Mexilhão, não associado à produção de petróleo, deve começar a fornecer gás neste ano, e o pré-sal poderá reforçar o abastecimento a partir de 2016. Com isso, ele crê que o Brasil continuará importando da Bolívia volumes mais próximos dos 23 milhões de m3/dia de 2009. "Hoje, na área de gás, o Brasil tem uma notícia boa e outra ruim. A boa é que a nossa dependência do gás boliviano vai cair. A ruim é que pode não haver mercado para tanta oferta."

 

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