A cabotagem ganhou mais um forte aliado: a adesão social à causa da preservação ambiental, devido ao modal marítimo ser, na comparação com outros, o que emite menor quantidade de CO, o dióxido de carbono. Cálculos feitos pelo Ministério de Ciência e Tecnologia registram que o modal marítimo pode ser até quatro vezes mais limpo que o modal rodoviário.
De acordo com esses estudos, um caminhão pode emitir até quatro vezes mais de CO do que um navio para transportar 1 tonelada por km. Além disso, o modal rodoviário responde por 88% das emissões de CO, enquanto o aquaviário por 4%. Segundo operadores, esse apelo tem a capacidade de alavancar o setor, na medida em que alguns embarcadores começam a contabilizar o custo socioambiental em seus balanços, especialmente quando se trata de subsidiárias brasileiras de empresas estrangeiras, que prestam contas socioambientais em seus países.
"Atualmente, já temos clientes que nos pedem os cálculos comparativos de emissões de gases de efeito estufa para subsidiar formalmente a decisão pelo modal marítimo", diz Gustavo Costa, gerente geral de cabotagem e serviços do Mercosul da Aliança Navegação e Logística.
Ele tem cálculos para comparar a sujeira que os veículos de carga jogam na atmosfera. O campeão da poluição é o avião, que emite 540 g de CO por tonelada/quilômetro (t/km) transportada. Em seguida, vem o rodoviário, que gera 50 g por t/km, seguido pelo ferroviário, que fica com 35 g de CO por t/km. Por último vem o marítimo, com 15 g por t/km.
Para convencer os clientes da baixa periculosidade ambiental da cabotagem multimodal que oferece (as pontas, em terra, são feitas por ferrovia ou rodovia), o gerente geral da Aliança calcula, sempre que necessário, as emissões de CO da solução logística solicitada pelo cliente.
E dá exemplos da redução da emissão de CO, quando comparada ao modal rodoviário. Em uma rota de transporte de sal de Mossoró (RN) para Jundiaí (SP), a emissão de CO atinge 136,45 t em viagem de 2.729 km percorrida por caminhão em rodovias. Na cabotagem multimodal para a mesma operação, a distância fica 267 km maior, mas o consumo de CO é reduzido a metade: a emissão de CO é de 68,6 t.
Na Mercosul-Line Navegação e Logística, empresa do grupo Maersk, a expectativa é crescer 70% no transporte de cabotagem nesse ano, o que significa movimentar 66 mil TEUs. Roberto Rodrigues, diretor-presidente, diz que o modal superou problemas do passado, como regularidade e disponibilidade.