Valor Econômico
Causou desconforto entre a Petrobras e o grupo italiano Mossi & Ghisolfi (M&G) o anúncio feito pelos italianos na semana passada de que até o final deste mês estariam fechando a compra dos equipamentos para a fábrica de PTA (ácido teraftálico) que as duas empresas vêm negociando construir em Pernambuco. A estatal brasileira pretende definir sua participação no projeto, no máximo, até o começo de julho e foi pega de surpresa com a pressa do provável sócio.
"Eles querem acelerar o projeto do PTA conosco, só que o processo de aprovação na Petrobras tem todo um roteiro a seguir", disse o presidente da Petroquisa (braço petroquímico da Petrobras), Kuniyuki Terabe, manifestando sinais de contrariedade. Terabe estranhou que o grupo italiano estivesse anunciando a compra dos equipamentos para a fábrica, uma vez que ela não tem licença ambiental e, nem mesmo, projeto básico.
Ontem à tarde, por intermédio da sua assessoria de imprensa no Brasil, o M&G informou que houve um engano na informação divulgada na semana passada. A fábrica para qual a compra dos equipamentos deve ser definida até o final deste mês é a de PET, produto com o qual são feitas garrafas plásticas e que tem no PTA o seu insumo básico. A M&G já iniciou a construção de uma fábrica de PET em Pernambuco, com capacidade para 450 mil toneladas por ano.
Segundo interpretação de analistas ouvidos pelo Valor, o objetivo do grupo italiano ao anunciar a construção da fábrica de PTA foi o de deixar claro para o mercado que ela será construída, evitando que projetos semelhantes da concorrência possam ganhar corpo. É que uma fábrica do porte da que está sendo projetada (750 mil toneladas/ano) tem condições de abastecer a planta de PET e outras demandas que possam existir no Brasil por um longo período. A construção de duas fábricas de PTA na América do Sul poderia gerar uma superoferta danosa para os acionistas de ambas.
A Petrobras e o grupo M&G vêm negociando desde o ano passado, quando firmaram um memorando de entendimento, a co-participação em um pólo petroquímico em Pernambuco, com ramificação na Bahia. Além de resina PET, o pólo pode ter uma vertente têxtil, à base de poliéster, outro derivado do PTA. Pelo desenho inicial, a fábrica de PET será 100% da M&G. A de PTA, avaliada em cerca de US$ 650 milhões, será 50% do grupo italiano e 50% da Petrobras.
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