Valor Econômico
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) cancelou nesta quinta-feira (25/05) à tarde a expansão do Gasoduto Bolívia Brasil (Gasbol). A decisão será comunicada hoje à Superintendência de Hidrocarburos (Sirese) da Bolívia, que já manifestou preocupação sobre essa possibilidade. Segundo o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, o cancelamento foi orientação do governo brasileiro, considerando o atual estágio das negociações em curso da Petrobras e outras petroleiras com o governo da Bolívia.
As empresas pararam investimentos no país há mais de dois anos e agora ameaçam a Bolívia, que precisa investir no desenvolvimento de novos campos para produzir mais gás. Os volumes atuais só atendem os contratos existentes e o consumo interno do país.
"O Gasbol é um gasoduto internacional e, em um momento de crise, como o atual, o governo brasileiro manifestou sua opinião sobre o assunto.
E a decisão é cancelar", explicou Haroldo Lima. "Pensamos em retomar o processo, mas isso vai depender do avanço das negociações lá."
A medida já havia sido recomendada pela Transportadora Brasileira do Gasoduto (TBG), que controla o trecho brasileiro. A TBG, por sua vez, recomendou o cancelamento depois da desistência da Petrobras, Total e Repsol, que informaram que não iriam mais participar do processo. A argentina PanAmerican e a britânica BG tinham pedido apenas a suspensão por seis meses.
As cinco empresas haviam manifestado intenção de importar mais 36 milhões de metros cúbicos, mas o volume final ainda não foi definido, devendo ser menor.
Um observador da crise enfrentada pelas petroleiras depois das mudanças da legislação boliviana, Lima é um interlocutor freqüente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e defensor ferrenho da estratégia adotada pelo Brasil nas negociações com a Bolívia.
"Não se pode cobrar de Morales uma atitude de estadista. O que o presidente Lula disse é que não podia ocorrer era ele, o primeiro presidente metalúrgico do Brasil, e Evo Morales, o primeiro índio a presidir a Bolívia, saírem brigando", afirmou Lima.
Apesar dos comentários sobre a crise da Bolívia, a "menina-dos-olhos" do diretor-geral da ANP é a Segunda Rodada de Áreas Inativas, que será realizada no dia 28 de junho. A ANP vai oferecer 21 áreas inativas nas bacias Potiguar (RN), Espírito Santo (ES) e Barreirinhas (MA) onde a Petrobras (antiga concessionária) avalia que ainda existem reservas de 9,6 milhões de barris de barris de petróleo e 568,5 milhões de metros cúbicos de gás. O número final de áreas oferecidas, contudo, vai depender da manifestação de interesse dos agentes, que têm prazo até 12 de junho.
Com mais essa rodada de campos maduros, a ANP quer atrair empresários de pequeno e médio porte para o segmento. Lima conta que já recebeu visita de uma pequena empresa americana interessada em participar, e confessa que a iniciativa não o deixou muito satisfeito, apesar de não haver nenhum impedimento. "Isso (participação de estrangeiras) contradiz nossa expectativa, que é atrair empresas brasileiras. Então, eu os convidei para participarem também da Oitava Rodada, que é para áreas novas", contou.
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