Setor Elétrico

Aneel quer seis térmicas do Grupo Bertin de volta

A empresa pode perder as últimas concessões que ainda possui.

Estadão
11/09/2014 10:10
Visualizações: 564

O drama vivido pelo Grupo Bertin no setor elétrico chegou ao seu momento mais agudo.

A empresa, que em meados de 2008 chegou a ser alçada ao papel de nova “gigante” da geração de energia no país, após vencer dezenas de leilões do setor, está prestes a perder as últimas concessões de usinas térmicas que ainda possui.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deu início ao processo de revogação dos contratos de seis usinas térmicas que permanecem nas mãos do Bertin.

As seis térmicas, todas previstas para usar óleo diesel, somam 1.056 megawatts de potência. A falta dessa energia no sistema nacional desde janeiro de 2013, quando as usinas deveriam ter iniciado a operação, ajuda a aprofundar o rombo bilionário que assombra o setor.

As distribuidoras que contavam com essa geração precisam contratar essa energia no mercado livre, onde o preço explodiu nos últimos meses.

As estimativas de mercado são de que o custo extra gerado estaria próximo a 3 bilhões de reais só neste ano.

No cronograma de novos projetos de geração térmica previstos pela Aneel para entrar em operação até 2018, o Bertin responde sozinho por quase metade da geração total de 2.207 megawatts de usinas que atualmente não têm mais previsão de sair do papel.

Em nota, o Bertin informou que, “em função da mudança de cenário macroeconômico e com a crise de crédito mundial”, a subsidiária Bertin Energia “teve de ser radicalmente reestruturada”. “Várias usinas foram vendidas e algumas tiveram suas licenças revogadas, e a Bertin Energia arcou com o ônus desses fatos. Restam as seis usinas de Aratu, que se encontram em construção e onde já foram investidos perto de R$ 1 bilhão de recursos próprios.

Há negociações que vêm sendo conduzidas junto à Aneel há muitos meses, e esperam-se resultados em curto prazo”, disse o grupo.

A relação entre o Bertin e a agência está longe de ser amistosa.

Em sua defesa nos processos, o grupo alega não ter culpa exclusiva pelos atrasos e acusa a Aneel de ter prejudicado o cronograma das obras, por causa de lentidão em processos administrativos de cada projeto.

As usinas, previstas para serem erguidas no complexo industrial de Aratu, no litoral da Bahia, foram leiloadas em 2008.

Pelo contrato, deveriam ter começado a gerar energia em janeiro de 2013, mas acabaram trilhando o mesmo destino de outros empreendimentos da empresa.

Até hoje, nenhum megawatt foi gerado pelos projetos de Aratu. E nem há previsão para que isso ocorra.

Depois de esgotar as possibilidades de negociações com o Bertin, a área técnica da Aneel emitiu um “termo de intimação” contra a empresa, decisão que, na prática, marca a abertura do processo de revogação dos contratos.

Nos próximos dias, o posicionamento da área técnica da agência será enviado à diretoria colegiada da Aneel, para deliberação final.

Semanas atrás, a cúpula do Bertin chegou a ter reuniões na sede da Aneel, em Brasília, para discutir os empreendimentos e tentar reverter a situação, mas sem êxito.

A reportagem apurou que o grupo também tem procurado eventuais candidatos a sócios ou compradores para as térmicas. Uma negociação chegou a ser feita com a Copel, do Paraná, mas a transação não avançou.

Procurada, a Copel não quis comentar o assunto.

Atrasos – As prateleiras da Aneel já acumulam dezessete projetos cancelados do Bertin, por causa de sucessivos atrasos.

A lista de multas por descumprimento de contrato também não para de crescer. A agência exige que o Bertin desembolse mais de 450 milhões de reais por esses atrasos.

Trata-se da execução das garantias previstas em cada um dos contratos assinados com o grupo.

Só no ano passado, a agência chegou a impor uma multa de 120 milhões de reais à empresa por conta do atraso nos projetos da Bahia.

Essas cobranças, no entanto, foram parar na Justiça e liminares judiciais impedem o pagamento de qualquer multa.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
COP30
Setor de óleo e gás usa tecnologia para acelerar a desca...
15/11/25
COP30
Encontro promovido pelas distribuidoras de energia elétr...
15/11/25
COP30
Fórum do IBP debate novas tecnologias e desafios na insp...
14/11/25
Apoio Offshore
Svitzer Copacabana chega para fortalecer operações de GN...
14/11/25
BRANDED CONTENT
Merax, 20 anos de confiança em soluções que movem o seto...
14/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Mossoró Oil & Gas Energy terá debates estratégicos em 10...
14/11/25
COP30
IBP promove painéis sobre descarbonização, metas globais...
14/11/25
Eólica Offshore
Japão e Sindienergia-RS: em visita a Porto Alegre, embai...
14/11/25
Bacia de Campos
Novo prazo de recebimento de propostas para o FPSO do pr...
14/11/25
Royalties
Participação especial: valores referentes à produção do ...
14/11/25
COP30
Indústria brasileira de O&> atinge padrões de excelência...
14/11/25
Pré-Sal
União aumenta sua participação na Jazida Compartilhada d...
14/11/25
COP30
Líderes e negociadores da COP30 receberão cartas de 90 a...
13/11/25
Energia Elétrica
Projeto Meta II: CCEE e PSR apresentam proposta para mod...
13/11/25
COP30
ANP participa do evento e avança em medidas para a trans...
13/11/25
Nova marca
ABPIP moderniza identidade visual e reforça alinhamento ...
13/11/25
Firjan
Enaex 2025 debate reindustrialização, competitividade do...
13/11/25
Entrevista
Rijarda Aristóteles defende protagonismo feminino na era...
13/11/25
COP30
IBP defende setor de O&> como parte da solução para desc...
13/11/25
COP30
Transpetro recebe o Selo Diamante do Ministério de Porto...
13/11/25
Bacia de Campos
PRIO assume operação do Campo de Peregrino com aquisição...
13/11/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.