Mercado

'Ancorado' nas vendas no país, etanol poderá ficar mais caro

Valor Econômico
11/01/2011 11:37
Visualizações: 542 (0) (0) (0) (0)
Sem perspectivas concretas de aquecimento da demanda internacional, o etanol brasileiro continuará ancorado no mercado doméstico em 2011. E, com as vendas recordes de carros flex no país, analistas e empresas do segmento consideram que o consumo pode crescer, ainda que pouco, e que os preços médios do combustível tendem a subir 5%.


Em janeiro de 2010, a frota nacional de carros flex somava 9,6 milhões de unidades. No fim de dezembro, eram 12,5 milhões, segundo a Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea). "A renda do consumidor também vem crescendo. Talvez tenhamos um ligeiro aumento nas vendas de etanol", afirma Alisio Mendes Vaz, vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).


Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, uma das principais comercializadoras de etanol do país, e presidente da Associação Internacional de Comércio de Etanol (IETHA), está entre os que preveem preço médio anual do etanol hidratado (utilizado diretamente nos tanques dos veículos) 5% mais elevado - em boa medida porque a produção em si, na melhor das hipóteses, deverá no máximo repetir o patamar da safra anterior (2010/11).


A manutenção da produção, por sua vez, está atrelada à previsão de oferta limitada de cana no ciclo 2011/12, após dois anos de menos investimentos agrícolas por parte das usinas e de uma prolongada estiagem no ano passado. Nesse contexto, avalia Plínio Nastari, da consultoria Datagro, açúcar e álcool terão de "brigar" por matéria-prima, e o viés atual é mais açucareiro.


Com preços internacionais em máximas de quase 30 anos, o açúcar tende a continuar liderando a preferência das usinas brasileiras. "Em termos equivalentes a centavos por libra-peso, os preços do etanol variaram durante a safra [2010/11] entre 18 e 20 centavos, enquanto os do açúcar, entre 25 e 34 centavos", compara Nastari.


Assim, o esforço em prol do adoçante resultará em limites para o etanol. Em um cenário otimista, a produção na região Centro-Sul do país empatará a da safra 2010/11, que foi de 26,3 bilhões de litros.


É por isso que Rodrigues, da Bioagência, acredita que os preços poderão subir 5%. Na média da safra 2010/11 (entre abril e dezembro de 2010), o litro do hidratado ficou em R$ 0,8695 no mercado de São Paulo (preço na usinas, sem impostos), segundo o Cepea/Esalq.


Para Luiz Pereira de Araújo Filho, diretor de sustentabilidade da ETH Bioenergia, braço do grupo Odebrecht, o mercado doméstico será o principal sustentáculo para o biocombustível não só em 2011, mas nos próximos dois a três anos. Não que alguns mercados específicos no exterior não tenham chances de se expandir - isso pode acontecer para o etanol industrial, pontua o executivo -, "mas o de combustível possivelmente seguirá com restrições".


Ainda que preveja preços médios em 2011 similares aos de 2010, Pereira crê que a volatilidade será menor entre as cotações da safra e da entressafra, em função da menor necessidade das usinas de fazerem caixa. Rodrigues concorda. Para ele, a diferença entre o maior e o menor preço do hidratado na safra não deve superar 10%, o que seria histórico.


Em 2010/11, a diferença entre o maior e o menor preço do hidratado na safra foi de 49,3%, conforme dados do Cepea (médias mensais nominais). Apesar de alta, foi menor do que em 2009/10 (101,7%).


O horizonte delineado para os preços também reflete algumas mudanças no sistema de comercialização do etanol, explica Rodrigues. A começar pelo fortalecimento dos agentes de comercialização. Com essas empresas no mercado, devidamente registradas para a atividade, as usinas passaram a ter outras opções importantes de venda além das distribuidoras de combustíveis.
 

A própria concentração do segmento, aprofundada pelo apetite de grandes multinacionais, altera a dinâmica do mercado, lembra Rodrigues, já que muitas usinas estão se organizando em grupos para equilibrar as forças na venda do biocombustível ao já concentrado mercado das distribuidoras.


Para ele, a criação do contrato de etanol com liquidação financeira na BM&FBovespatambém ajuda a elevar a liquidez do mercado. Com esse contrato disponível, todos os agentes do mercado - usinas, distribuidoras, indústrias químicas, postos de combustíveis etc. - podem participar, pois não há necessidade de liquidação com entrega física de produto, como ocorria no contrato anterior. "Com esse instrumento, o mercado consegue visualizar lá na frente os preços pagos pelo etanol, o que era impossível prever até então".
Mais Lidas De Hoje
veja Também
RenovaBio
Primeira lista de distribuidores de combustíveis inadimp...
19/07/25
Energia Solar
Transpetro inaugura usina solar para abastecer o Termina...
17/07/25
Internacional
IBP participa do World Oil Outlook da OPEP com análise s...
17/07/25
BRANDED CONTENT
20 Anos de Merax – Histórias que Norteiam o Futuro
16/07/25
Fenasucro
Bioenergia ganha força no debate global sobre energia li...
16/07/25
Gás Natural
Gasmig: 39 anos de energia, inovação e compromisso com M...
16/07/25
Combustíveis
Preços do diesel, etanol e gasolina seguem tendência de ...
15/07/25
Evento
IBP debate direitos humanos na cadeia de suprimentos de ...
15/07/25
Sustentabilidade
PRIO avança em sustentabilidade e reforça governança cor...
15/07/25
PPSA
Produção de petróleo da União sobe 13,2% e alcança 128 m...
15/07/25
Bacia de Campos
Equinor recebe do Ibama Licença de Instalação do Gasodut...
15/07/25
Firjan
Para tratar sobre o "tarifaço", Firjan participa de reun...
15/07/25
Tecnologia e Inovação
Equinor lança terceira edição de programa de inovação ab...
14/07/25
Fenasucro
Brasil ocupa posição de destaque mundial na cogeração re...
14/07/25
Pré-Sal
FPSO P-78 deixa Singapura rumo ao campo de Búzios
14/07/25
RenovaBio
Lista de sanções a distribuidores de combustíveis inadim...
14/07/25
Gás Natural
Competitividade econômica e sustentabilidade para o Para...
14/07/25
Etanol
Etanol recua na segunda semana de julho, aponta Cepea/Esalq
14/07/25
Petrobras
Angélica Laureano assume como Diretora Executiva de Tran...
11/07/25
Gás Natural
Transportadoras de gás natural lançam nova versão de pla...
11/07/25
Parceria
Equinor e PUC-Rio firmam parceria de P&D de R$ 21 milhões
11/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.