Petróleo

Americano critica exigência de conteúdo nacional no pré-sal

Valor Econômico
29/04/2011 09:44
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A política de conteúdo nacional, cláusula pétrea para o governo brasileiro quando o assunto é exploração e produção de petróleo no pré-sal, pode não ser o mais adequado para o país quando o assunto é o desenvolvimento de tecnologias de ponta para o setor de óleo.
 
 
A opinião é do subsecretário de Comércio Internacional dos Estados Unidos, Francisco J. Sánchez, para quem as restrições à participação externa podem fazer o país abrir mão das melhores tecnologias disponíveis.
 
 
"Entendo o interesse por trás disso, só não acho que seja o melhor para atingir objetivos de longo prazo. Isso não permite que você tire total proveito das melhores tecnologias e conhecimento no mundo", ressaltou Sánchez, que participou ontem do Fórum Econômico Mundial para a América Latina (WEF, na sigla em inglês), no Rio de Janeiro. "Em algo muito importante, como a energia, acho que é do interesse brasileiro ter a melhor tecnologia e o melhor conhecimento, não apenas tecnologia local, mas a melhor tecnologia, não importando de onde venha."
 

Para o subsecretário, as empresas americanas estão prontas a colaborar com o Brasil no aproveitamento dos benefícios do pré-sal, chamado por ele de "nova oportunidade". Segundo Sánchez, no longo prazo o uso de diversas tecnologias de ponta pode contribuir para a geração de mais empregos no país, ao contrário do temor de redução de postos de trabalho, no caso de importação de tecnologias. "No longo prazo isso, a restrição pode não ser o melhor para o Brasil", afirmou.
 

A concessão de aeroportos é outra oportunidade detectada pelo subsecretário para as empresas americanas com interesse em operar no Brasil. Anunciada pelo governo como saída possível para evitar gargalos de infraestrutura aeroportuária na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016, a concessão à iniciativa privada é vista por Sánchez como uma janela para a participação não apenas de empresas interessadas na administração das unidades, mas principalmente para fornecedores de soluções tecnológicas e de logística.
 

"Temos tecnologias e soluções muito boas. Vamos provavelmente ter um papel mais importante nesse ponto que na construção e desenvolvimento de todo o projeto", destacou Sánchez. "Não vou dizer que não teremos companhias para participar diretamente das concessões, mas acho mais provável que participemos nas soluções tecnológicas, onde podemos ter papel importante." Entre as possibilidades de atuação enumeradas por Sánchez estão as soluções para a segurança dos aeroportos, a logística e desenvolvimento de esteiras de bagagem e os sistemas de controle de tráfego aéreo.
 

"Há uma oportunidade muito boa para que empresas privadas tenham papel importante no desenvolvimento da infraestrutura brasileira", disse Sánchez, citando também a possibilidade de contribuir para o desenvolvimento do setor portuário brasileiro. Segundo ele, existe a vontade das autoridades brasileiras de ver mais engajamento das companhias americanas em investimentos no Brasil. "Farei tudo o que puder para encorajar as empresar americanas a ver o papel que podem ter aqui", afirmou o subsecretário.
 

O aumento do papel desenvolvido por empresas americanas no Brasil também passa pelo objetivo do governo do presidente Barack Obama de dobrar as exportações até 2015. Segundo ele, a América Latina tem papel importante para que a atual administração atinja seu objetivo. Os países integrantes do que Sánchez chama de hemisfério ocidental (inclui todo o continente americano, do Canadá ao Chile) respondem por 42% do total exportado pelos EUA.
 
 
O subsecretário argumentou que as exportações são importantes para a recuperação econômica do país e para o crescimento econômico sustentável. Segundo ele, não adianta ter foco apenas nos países considerados emergentes, mas sim em todo o continente. Para isso, o governo americano continua com o objetivo de obter mais integração econômica com os governos latino-americanos.
 

"O objetivo deveria ser mais integração econômica. As ferramentas podem variar. A Alca [Área de Livre Comércio das Américas] era uma ideia muito boa para a região. Se estivéssemos mais preparados para fazer mais progresso, isso teria feito o hemisfério ocidental mais competitivo em relação a outros lugares do mundo", ponderou.
 

A estratégia americana será de continuar abordagens bilaterais e multilaterais para integração, principalmente na cadeia de fornecedores do setor privado, como acontece com a Embraer, que tem empresas americanas como fornecedoras. "Temos que procurar mais oportunidades de integração na cadeia de fornecedores, assim como acordos comerciais, cooperação regulatória e harmonização de padrões", disse Sánchez.
 

Questionado sobre a possibilidade de sucesso da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), Sánchez foi taxativo e afirmou que o sucesso das negociações depende de países como EUA, Brasil, China e Índia, que devem "exercitar a liderança".
 
 
"Uma parte que tem sido difícil é lidar com temas onde pode haver progressos, mas que podem ser politicamente desafiadores. Exercitar a liderança é confrontar as dificuldades políticas", afirmou o subsecretário.
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