The Wall Street Journal

América Latina passa a ser uma ameaça para o lucro de multinacionais

Região chegou às vezes a rivalizar com a Ásia.

Valor Econômico
03/02/2014 10:55
Visualizações: 152

 

Nos últimos anos, a América Latina chegou às vezes a rivalizar com a Ásia como uma fonte poderosa de lucro para muitas empresas globais. Agora, uma turbulência financeira em algumas partes da região está gerando nervosismo entre os investidores e forçando executivos a explicar como eles planejam enfrentar os riscos crescentes nesses mercados.
O Brasil tem sido um dos mercados de crescimento mais rápido para a fabricante de eletrodomésticos Electrolux AB. Mas a empresa sueca informou, na sexta-feira, que a desaceleração da economia brasileira e a fraqueza do real prejudicou seu lucro no quarto trimestre. "Prevemos menor demanda no Brasil nos próximos trimestres", acrescentou a Electrolux.
Durante uma teleconferência com analistas na quinta-feira, a 3M Co. dedicou mais tempo a explicar sua situação na Venezuela que na China, embora o volume de vendas da 3M no mercado chinês seja cerca de 20 vezes maior que no venezuelano.
"Os investidores estão definitivamente ficando nervosos" em relação à região, diz Robert Wertheimer, analista da Vertical Research Partners.
As empresas devem evitar depender dos lucros de filiais latino-americanas para pagar seus empréstimos em dólar, diz Michael Feder, diretor-gerente da firma de consultoria AlixPartners LLP. Se as moedas latino-americanas continuarem a enfraquecer, ficará mais caro pagar esses empréstimos.
"Não há uma política de hedge que as pessoas possam usar para compensar o risco significativo de inflação ou o risco de desvalorização cambial", diz Feder. O conselho dele para as multinacionais: "Concentre-se em tornar essas operações autossuficientes tanto quanto possível."
Mas o cenário na América Latina não é uniformemente sombrio e as empresas globais ainda tendem a considerar vários países da região como boas fontes de crescimento no longo prazo.
A economia brasileira está crescendo lentamente, amortecida pelos juros altos e a inflação, enquanto Venezuela e Argentina lutam para controlar uma inflação galopante e um desabamento de suas moedas. Mas México, Chile, Peru e Colômbia estão tendo um desempenho relativamente bom.
A IHS Global Insight, empresa de pesquisa econômica, estima que a economia brasileira crescerá só 2,4% em 2014 e que a América Latina registre uma alta este ano de 2,9%, incluindo o México e o Caribe. Isso se compara a uma estimativa de crescimento de 2,7% nos EUA, 1,3% na União Europeia e 8% na China.
A desvalorização das moedas no Brasil, Argentina e Venezuela reduziu o valor das vendas nesses mercados quando convertidas em dólar, e a inflação tornou mais difícil para muitos consumidores gastarem além do estritamente necessário. Os pesados gastos do governo da Argentina e uma política monetária frouxa têm alimentado a inflação, que supera 25% ao ano. Na Venezuela, ela está acima de 50% ao ano.
A situação do Brasil é melhor, mas a inflação subiu 5,9% no ano passado, corroendo o poder de compra dos consumidores e pressionando o banco central a manter a taxa de juros alta.
A CNH Industrial NV, segunda maior fabricante mundial de máquinas agrícolas, atrás da Deere & Co., divulgou na semana passada que os movimentos desfavoráveis do câmbio transformaram o que poderia ser um aumento de 4,2% na receita do quarto trimestre em queda de 1% em relação a um ano antes, para US$ 9,34 bilhões. O Brasil é um importante mercado para a CNH. "Tivemos um desempenho muito bom na América Latina", diz o diretor-presidente da empresa, Richard Tobin. "Infelizmente, estamos perdendo parte dele com o câmbio."
O desempenho na América Latina contribuiu para que o crescimento das vendas da 3M no quarto trimestre ficasse abaixo da estimativa de Wall Street. David Meline, diretor financeiro do conglomerado, cujos produtos vão de fitas adesivas a itens para reparo de veículos, disse a analistas que as vendas na Venezuela caíram em 2013 e que a 3M está tentando minimizar sua exposição ao câmbio no país latino-americano. A 3M obtém "pouco menos" de US$ 200 milhões de receita anual na Venezuela e um valor similar na Argentina, disse ele. Suas vendas globais em 2013 somaram US$ 7,57 bilhões.
Para a fabricante americana de eletrodomésticos Whirlpool Corp., a América Latina, especialmente o Brasil, representa mais de 25% das vendas. Em dólar, suas vendas na América Latina caíram 0,5% em 2013 e a empresa prevê que toda a indústria de eletrodomésticos na região ficará estagnada este ano.
O diretor-presidente da Whirlpool, Jeff Fettig, disse em entrevista ao The Wall Street Journal que a desaceleração no Brasil era inevitável depois de anos de fortes gastos da classe média em expansão. "A inflação está reduzindo a demanda até certo ponto, mas ela não muda os fundamentos do mercado."
A Procter & Gamble Co. afirmou em teleconferência sobre seus resultados trimestrais que está conseguindo lidar com os controles de preços na Venezuela e que eles não afetam todos os seus produtos. A empresa informou que está em contato com autoridades governamentais sobre rever regularmente os controles. "Eles entendem a necessidade de que algum nível de preço permaneça viável tanto para os concorrentes internacionais quanto os locais", disse o diretor financeiro, Jon Moeller.
A Colgate-Palmolive Co. informou que, para ela, o quarto trimestre foi o mais forte do ano em vendas na América Latina, excluindo os efeitos do câmbio, tendo registrado uma alta de 13%. A empresa afirmou que ganhou participação de mercado nos segmentos de creme dental e escovas de dente, mas que tem de aguardar aprovação do governo para aumentar os preços na Venezuela. "Conseguimos o que podemos quando podemos", disse o diretor-presidente da Colgate, Ian Cook, na quinta-feira.

Nos últimos anos, a América Latina chegou às vezes a rivalizar com a Ásia como uma fonte poderosa de lucro para muitas empresas globais. Agora, uma turbulência financeira em algumas partes da região está gerando nervosismo entre os investidores e forçando executivos a explicar como eles planejam enfrentar os riscos crescentes nesses mercados.

O Brasil tem sido um dos mercados de crescimento mais rápido para a fabricante de eletrodomésticos Electrolux AB. Mas a empresa sueca informou, na sexta-feira, que a desaceleração da economia brasileira e a fraqueza do real prejudicou seu lucro no quarto trimestre. "Prevemos menor demanda no Brasil nos próximos trimestres", acrescentou a Electrolux.

Durante uma teleconferência com analistas na quinta-feira, a 3M Co. dedicou mais tempo a explicar sua situação na Venezuela que na China, embora o volume de vendas da 3M no mercado chinês seja cerca de 20 vezes maior que no venezuelano.

"Os investidores estão definitivamente ficando nervosos" em relação à região, diz Robert Wertheimer, analista da Vertical Research Partners.

As empresas devem evitar depender dos lucros de filiais latino-americanas para pagar seus empréstimos em dólar, diz Michael Feder, diretor-gerente da firma de consultoria AlixPartners LLP. Se as moedas latino-americanas continuarem a enfraquecer, ficará mais caro pagar esses empréstimos.

"Não há uma política de hedge que as pessoas possam usar para compensar o risco significativo de inflação ou o risco de desvalorização cambial", diz Feder. O conselho dele para as multinacionais: "Concentre-se em tornar essas operações autossuficientes tanto quanto possível."

Mas o cenário na América Latina não é uniformemente sombrio e as empresas globais ainda tendem a considerar vários países da região como boas fontes de crescimento no longo prazo.

A economia brasileira está crescendo lentamente, amortecida pelos juros altos e a inflação, enquanto Venezuela e Argentina lutam para controlar uma inflação galopante e um desabamento de suas moedas. Mas México, Chile, Peru e Colômbia estão tendo um desempenho relativamente bom.

A IHS Global Insight, empresa de pesquisa econômica, estima que a economia brasileira crescerá só 2,4% em 2014 e que a América Latina registre uma alta este ano de 2,9%, incluindo o México e o Caribe. Isso se compara a uma estimativa de crescimento de 2,7% nos EUA, 1,3% na União Europeia e 8% na China.

A desvalorização das moedas no Brasil, Argentina e Venezuela reduziu o valor das vendas nesses mercados quando convertidas em dólar, e a inflação tornou mais difícil para muitos consumidores gastarem além do estritamente necessário. Os pesados gastos do governo da Argentina e uma política monetária frouxa têm alimentado a inflação, que supera 25% ao ano. Na Venezuela, ela está acima de 50% ao ano.

A situação do Brasil é melhor, mas a inflação subiu 5,9% no ano passado, corroendo o poder de compra dos consumidores e pressionando o banco central a manter a taxa de juros alta.

A CNH Industrial NV, segunda maior fabricante mundial de máquinas agrícolas, atrás da Deere & Co., divulgou na semana passada que os movimentos desfavoráveis do câmbio transformaram o que poderia ser um aumento de 4,2% na receita do quarto trimestre em queda de 1% em relação a um ano antes, para US$ 9,34 bilhões. O Brasil é um importante mercado para a CNH. "Tivemos um desempenho muito bom na América Latina", diz o diretor-presidente da empresa, Richard Tobin. "Infelizmente, estamos perdendo parte dele com o câmbio."

O desempenho na América Latina contribuiu para que o crescimento das vendas da 3M no quarto trimestre ficasse abaixo da estimativa de Wall Street. David Meline, diretor financeiro do conglomerado, cujos produtos vão de fitas adesivas a itens para reparo de veículos, disse a analistas que as vendas na Venezuela caíram em 2013 e que a 3M está tentando minimizar sua exposição ao câmbio no país latino-americano. A 3M obtém "pouco menos" de US$ 200 milhões de receita anual na Venezuela e um valor similar na Argentina, disse ele. Suas vendas globais em 2013 somaram US$ 7,57 bilhões.

Para a fabricante americana de eletrodomésticos Whirlpool Corp., a América Latina, especialmente o Brasil, representa mais de 25% das vendas. Em dólar, suas vendas na América Latina caíram 0,5% em 2013 e a empresa prevê que toda a indústria de eletrodomésticos na região ficará estagnada este ano.

O diretor-presidente da Whirlpool, Jeff Fettig, disse em entrevista ao The Wall Street Journal que a desaceleração no Brasil era inevitável depois de anos de fortes gastos da classe média em expansão. "A inflação está reduzindo a demanda até certo ponto, mas ela não muda os fundamentos do mercado."

A Procter & Gamble Co. afirmou em teleconferência sobre seus resultados trimestrais que está conseguindo lidar com os controles de preços na Venezuela e que eles não afetam todos os seus produtos. A empresa informou que está em contato com autoridades governamentais sobre rever regularmente os controles. "Eles entendem a necessidade de que algum nível de preço permaneça viável tanto para os concorrentes internacionais quanto os locais", disse o diretor financeiro, Jon Moeller.

A Colgate-Palmolive Co. informou que, para ela, o quarto trimestre foi o mais forte do ano em vendas na América Latina, excluindo os efeitos do câmbio, tendo registrado uma alta de 13%. A empresa afirmou que ganhou participação de mercado nos segmentos de creme dental e escovas de dente, mas que tem de aguardar aprovação do governo para aumentar os preços na Venezuela. "Conseguimos o que podemos quando podemos", disse o diretor-presidente da Colgate, Ian Cook, na quinta-feira.

 

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