Proposta de reajuste médio é de 8,1%.
Diário do Nordeste
A proposta de reajuste tarifário médio de 8,1% enviada pela Companhia Energética do Ceará (Coelce) para análise da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não agradou aos representantes das cadeias produtivas do estado e já desperta preocupações. O principal argumento deve-se à importância do serviço para a produção local, principalmente com a ocorrência da estiagem do último ano.
"Nós não podemos aceitar um aumento de energia na situação que vivemos agora", protesta o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya.
De acordo com ele, os produtores cearenses do setor que ele representa continuam abalados, buscando alternativas ao impacto da falta de chuvas e uma majoração no custo da energia foi classificado como "inadequado". Apesar de o reajuste pleiteado pela Coelce à Aneel ainda não ter definido em quanto deve ficar por segmento, Saboya se disse insatisfeito com a perspectiva.
Preponderante na irrigação
Ele contou que esteve no perímetro irrigado da Chapada do Apodi no começo da semana e "o pessoal da associação de lá estava destacando justamente o valor expressivo da energia no custo de produção para quem usa irrigação no Ceará".
O motivo, segundo explicou o presidente da Faec, deve-se às técnicas implantadas pelos agricultores, que necessitam de energia para fazê-las funcionar.
Como consequência, por conta do uso da irrigação, Saboya ainda apontou a sobrevivência do rebanho cearense como mais um a sofrer com o aumento da tarifa de energia.
"Para que nós possamos salvar o rebanho do estado, a nossa única alternativa será a produção de forragem irrigada", observa, relacionando o gado à irrigação e, por sua vez, à energia.
Indústria
Também procurado pela reportagem, o coordenador de Economia e Estatística do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), Pedro Jorge Vianna, argumentou que "fica difícil argumentar sem saber qual será o reajuste específico para o setor industrial", mas ressaltou: "a perspectiva atual é que as metas inflacionárias estabelecidas pelo governo federal não sejam cumpridas. Porém, qualquer aumento agora torna-se um elemento inflacionário para o cenário estadual e nacional também e colabora para o não cumprimento da meta".
"Dado que alguns deputados do Ceará fazem um movimento para diminuir o custo da energia aqui no estado, essa posição da Coelce me soa muito estranho nesse momento", pontuou.
O setor produtivo da indústria é um dos principais a combater a alta de energia tanto no Ceará quando no Brasil.
Conselho e lucro
Diferentemente dos representantes dos setores produtivos e destacando a falta de poder na decisão do reajuste, o presidente do Conselho de Consumidores da Coelce (Conerge), Paulo Barbosa, disse que "a situação é preocupante porque as concessionárias de energia de todo país estão com problemas, apesar das providências que o governo tomou para subsidiar investimentos delas em transmissão".
Ele contou que ontem o conselho reuniu-se para que a Coelce apresentasse a proposta aos seis membros.
Perguntado sobre a viabilidade do reajuste de 8,1%, Paulo foi taxativo: "não temos nenhuma posição para dizer se pode ou não pode. Quem decide isso é a Aneel", salientou.
Lucro
No ano passado, a Coelce registrou um lucro líquido de R$ 420 milhões. O montante representou para a empresa um recuo de R$ 51 milhões frente ao apurado em 2011, que foi R$ 471 milhões. Ainda para o ano passado, o que deve servir de termômetro para 2013, as classes consumidoras rural e residencial foram as que mais apresentaram elevação no uso da energia.
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