Valor Econômico
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) não esclareceu, pelo segundo dia consecutivo, se os resultados de outros oito poços do pré-sal descritos como secos, produtores subcomerciais ou portadores de petróleo e/ou gás no site do Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP) estão corretos ou não. O BDEP – de responsabilidade da ANP – foi a base da reportagem do Valor que informava que a taxa de insucesso no pré-sal era de 32%, o que significa um sucesso de 68%, um resultado muito acima da média da indústria.
A reportagem contabilizava nove poços com resultados ruins em uma amostragem de 28 perfurados no pré-sal. Diante da polêmica levantada pela reportagem, o Valor solicitou ontem à Petrobras e à ANP que detalhassem o resultado de cada um dos poços listados (no dia anterior as duas falaram de apenas um dos nove poços perfurados, corrigindo a informação do site). A Petrobras orientou o Valor a procurar a ANP já que ela era a fonte da reportagem, mas a ANP não se manifestou.
O Valor também solicitou à Petrobras o detalhamento do resultado obtido em cada um dos 30 poços que ela informou ter perfurado no seu relatório para investidores americanos, mas este pedido também não foi atendido.
A diretoria colegiada da agência reguladora havia definido que ficaria a cargo de Magda Chambriard as explicações “dada a controvérsia do assunto” e porque ela dirige a área responsável pelo BDEP, como explicou uma fonte. Nem a assessoria de imprensa se pronunciou.
Para Wagner Freire, um experiente executivo da indústria e presidente da Associação das Pequenas Produtoras de Petróleo (Appom), está havendo tratamento político de um assunto eminentemente técnico. “A pergunta que se faz é se o site da ANP informou mesmo errado sobre o Corcovado e os outros poços. A mistura de política com embasamento técnico-científico é muito complicada. A ANP deveria prezar pelos aspectos técnicos e não os políticos. Essa questão deveria ser muito bem esclarecida”, afirma Freire, que foi diretor da Braspetro.
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